Uma trouxa cheia de sonhos


Pedro Pichardo recordou-nos o amor à Portugalidade. Num país com uma tão baixa taxa de natalidade, a imigração tem sido um bem precioso que contribui para a prosperidade do nosso país. 


Na manhã de domingo os portugueses acordaram orgulhosos por saberem que um atleta do seu país se sagrara campeão mundial de triplo salto, no estádio Hayward Field, em Eugene, nos Estados Unidos, onde decorria o Campeonato Mundial de Atletismo.

Pedro Pablo Pichardo. Um luso-cubano que já havia sido o orgulho de Portugal, ao arrebatar o ouro nos Jogos Olímpicos, voltou agora a levantar bem alto a bandeira nacional.

Além do valor do atleta, que escolheu a nacionalidade portuguesa, esta vitória é um bom ponto de partida para refletirmos no que anda mergulhado o nosso país.

Numa altura de crise, em que todos sentimos na pele a inflação e os custos provocados por uma guerra na Europa, quando nos estávamos a recompor da crise pandémica, o terreno é fértil para discursos populistas como aqueles a que assistimos na passada semana na Assembleia da República.

A extrema-direita gritou bem alto que os imigrantes vêm para Portugal para nada fazer e viverem à custa da nossa segurança social. E há quem, por estar em situação de grande fragilidade, acolha este tipo de discurso demagógico e mentiroso.

Pedro Pablo Pichardo nunca nos daria medalhas de ouro se Portugal lhe tivesse fechado as portas. 

E em 2021 a Segurança Social não teria arrecadado 1,3 mil milhões de euros com as contribuições de 473 mil trabalhadores estrangeiros.

Num país com uma tão baixa taxa de natalidade, a imigração tem sido um bem precioso que contribui para a prosperidade do nosso país e que investem a sua força de trabalho no desenvolvimento da nossa sociedade.

E Portugal, a primeira nação global, e por isso um país de emigrantes, deveria conhecer bem esta realidade e ter a noção dos países que ajudámos a construir, com o esforço daqueles que abandonaram as nossas terras e as suas famílias para encontrar uma vida melhor à força de muito sacrifício.

É isso que os imigrantes que rumaram a Portugal estão hoje a fazer no nosso país.

Procuram uma vida melhor, como nós sempre fizemos, uma oportunidade que não encontraram nos seus países de origem, fogem à fome e à destruição da guerra.

Não vivem à nossa custa, não estão encostados sem fazer nada e aceitam os trabalhos que muitos de nós não querem. 

E se todos já ouvimos falar que não há mão de obra para a restauração, para a hotelaria ou para a construção civil, então talvez compreendamos que, por exemplo, o setor do turismo estivesse hoje em muito maus lençóis se não pudesse recorrer a estes imigrantes.

E se assim fosse, o dinheiro dos turistas iria para outros destinos, e nós estaríamos francamente pior.

Mais uma demonstração da incoerência e visão curta deste discurso isolacionista.

Os discursos populistas são fáceis de fazer. Tão fáceis. Vão certeiramente ao encontro das raivas, frustrações ou até medos de alguns. A História está cheia de casos trágicos do que aconteceu quando radicais populistas chegaram ao poder utilizando este discurso.

Populistas de extrema-direita ou de extrema-esquerda. Há para todos os gostos.

Vivemos em democracia e as opiniões (mesmo as que consideramos perigosas) são livres. Não nos podemos é deixar levar por discursos deste tipo.

Já na Assembleia Municipal de Lisboa, aquando do acolhimento de refugiados da guerra na Ucrânia, a mesma extrema-direita brindou-nos com a fantástica declaração de que nada tinha a opor à vinda, desde que fossem “ucranianos verdadeiros”.

Um verdadeiro disparate.

Com gestos simples, Pedro Pichardo recordou-nos o amor à Portugalidade que deve recordar-nos que todos os dias entram em Portugal muitos que fogem da miséria ou da guerra e que, muitas vezes por apenas só trazerem consigo uma trouxa cheia de sonhos, não significa que não os brindemos com a nossa mais reconhecida qualidade: saber receber.

Uma trouxa cheia de sonhos


Pedro Pichardo recordou-nos o amor à Portugalidade. Num país com uma tão baixa taxa de natalidade, a imigração tem sido um bem precioso que contribui para a prosperidade do nosso país. 


Na manhã de domingo os portugueses acordaram orgulhosos por saberem que um atleta do seu país se sagrara campeão mundial de triplo salto, no estádio Hayward Field, em Eugene, nos Estados Unidos, onde decorria o Campeonato Mundial de Atletismo.

Pedro Pablo Pichardo. Um luso-cubano que já havia sido o orgulho de Portugal, ao arrebatar o ouro nos Jogos Olímpicos, voltou agora a levantar bem alto a bandeira nacional.

Além do valor do atleta, que escolheu a nacionalidade portuguesa, esta vitória é um bom ponto de partida para refletirmos no que anda mergulhado o nosso país.

Numa altura de crise, em que todos sentimos na pele a inflação e os custos provocados por uma guerra na Europa, quando nos estávamos a recompor da crise pandémica, o terreno é fértil para discursos populistas como aqueles a que assistimos na passada semana na Assembleia da República.

A extrema-direita gritou bem alto que os imigrantes vêm para Portugal para nada fazer e viverem à custa da nossa segurança social. E há quem, por estar em situação de grande fragilidade, acolha este tipo de discurso demagógico e mentiroso.

Pedro Pablo Pichardo nunca nos daria medalhas de ouro se Portugal lhe tivesse fechado as portas. 

E em 2021 a Segurança Social não teria arrecadado 1,3 mil milhões de euros com as contribuições de 473 mil trabalhadores estrangeiros.

Num país com uma tão baixa taxa de natalidade, a imigração tem sido um bem precioso que contribui para a prosperidade do nosso país e que investem a sua força de trabalho no desenvolvimento da nossa sociedade.

E Portugal, a primeira nação global, e por isso um país de emigrantes, deveria conhecer bem esta realidade e ter a noção dos países que ajudámos a construir, com o esforço daqueles que abandonaram as nossas terras e as suas famílias para encontrar uma vida melhor à força de muito sacrifício.

É isso que os imigrantes que rumaram a Portugal estão hoje a fazer no nosso país.

Procuram uma vida melhor, como nós sempre fizemos, uma oportunidade que não encontraram nos seus países de origem, fogem à fome e à destruição da guerra.

Não vivem à nossa custa, não estão encostados sem fazer nada e aceitam os trabalhos que muitos de nós não querem. 

E se todos já ouvimos falar que não há mão de obra para a restauração, para a hotelaria ou para a construção civil, então talvez compreendamos que, por exemplo, o setor do turismo estivesse hoje em muito maus lençóis se não pudesse recorrer a estes imigrantes.

E se assim fosse, o dinheiro dos turistas iria para outros destinos, e nós estaríamos francamente pior.

Mais uma demonstração da incoerência e visão curta deste discurso isolacionista.

Os discursos populistas são fáceis de fazer. Tão fáceis. Vão certeiramente ao encontro das raivas, frustrações ou até medos de alguns. A História está cheia de casos trágicos do que aconteceu quando radicais populistas chegaram ao poder utilizando este discurso.

Populistas de extrema-direita ou de extrema-esquerda. Há para todos os gostos.

Vivemos em democracia e as opiniões (mesmo as que consideramos perigosas) são livres. Não nos podemos é deixar levar por discursos deste tipo.

Já na Assembleia Municipal de Lisboa, aquando do acolhimento de refugiados da guerra na Ucrânia, a mesma extrema-direita brindou-nos com a fantástica declaração de que nada tinha a opor à vinda, desde que fossem “ucranianos verdadeiros”.

Um verdadeiro disparate.

Com gestos simples, Pedro Pichardo recordou-nos o amor à Portugalidade que deve recordar-nos que todos os dias entram em Portugal muitos que fogem da miséria ou da guerra e que, muitas vezes por apenas só trazerem consigo uma trouxa cheia de sonhos, não significa que não os brindemos com a nossa mais reconhecida qualidade: saber receber.