Por Maria Moreira Rato e Marta F. Reis
Depois do encerramento da esquadra do Infante no Porto, no último fim de semana, por falta de efetivo, foi anunciado que será inaugurada esta quinta-feira uma unidade móvel de atendimento da Polícia de Segurança Pública (PSP) naquela cidade. Também em Lisboa está agora confirmada a intenção de avançar com novas equipas. Depois de ter reunido com Rui Moreira, o Ministério da Administração Interna (MAI) disse ontem à TSF que o mesmo modelo será trabalhado com o presidente da câmara de Lisboa.
Contudo, já há quatro meses, aquando da morte de Fábio Guerra, esta promessa havia sido feita, com o anúncio de mais policiamento de proximidade garantido então pela ministra da Administração Interna Francisca Van Dunem na sequência das violentas agressões que vitimaram o agente de 26 anos. O programa teria, aliás, o seu nome.
“A Ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, determinou à PSP a criação de um Programa Especial de Policiamento de Proximidade – denominado Programa Fábio Guerra – para a promoção da segurança, paz e tranquilidade públicas e prevenção da criminalidade nas zonas de diversão noturna”, informou o comunicado divulgado no dia 23 de março pelo Governo, volvidas 48 horas da “trágica morte do agente da PSP Fábio Guerra (…) na sequência das brutais agressões sofridas (…) junto a uma discoteca em Lisboa”.
O despacho de Francisca Van Dunem determinava também, à Direção Nacional da PSP, a abertura de um inquérito para apurar os factos relativos ao falecimento do jovem polícia, pretendendo chegar a uma conclusão acerca da atribuição de compensação especial por morte aos herdeiros.
Entretanto, a 28 de junho, foi veiculado que a família de Fábio Guerra receberá 176.250 euros de indemnização, segundo despacho publicado, naquele dia, pelo Governo em Diário da República.
Se esse processo teve seguimento, quanto ao programa de policiamento de proximidade, não houve quaisquer desenvolvimentos públicos e nos últimos dias de conversações e declarações sobre as novas equipas a designação não foi referida. Não obstante o foco parecer ser o mesmo, dado que tanto no Porto como em Lisboa, a preocupação das autarquias, acompanhada pelo Governo, tem sido com as zonas mais sensíveis da cidade, de diversão noturna, por exemplo, no sentido de aumentar a presença e visibilidade das forças de segurança.
O i tentou perceber junto da PSP e do Ministério da Administração Interna se se trata do mesmo programa e se manterá o nome de homenagem a Fábio Guerra, mas não teve qualquer resposta até ao fecho desta edição.
Já fonte policial admite que as equipas móveis não terão nada a ver com esse programa, que não saiu ainda no papel, não compreendendo no entanto em que estratégia se inserem agora. “Parece ter havido aqui um argumento de ocasião. Nunca se falou disto em momento algum”, diz a mesma fonte.
Condecorado a título póstumo Fábio Guerra foi condecorado, a título póstumo, com a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública, grau ouro. Uma condecoração entregue pelo Presidente da República à família do jovem agente, pais e irmãs, no início deste mês, no decurso da cerimónia dos 155 anos da PSP. As agressões que se revelariam fatais tiveram lugar à porta da discoteca MOME em Lisboa.