Avalanches.  Música para converter a rabugice na boa disposição

Avalanches. Música para converter a rabugice na boa disposição


O duo australiano, Avalanches, esteve no LAV – Lisboa Ao Vivo, a apresentar o seu mais recente disco, We Will Always Love You, e um conjunto de animadas e calorosas canções. Esta quarta-feira, o grupo vai estar presente no Porto, no Hard Club.


A música às vezes faz-nos reagir de formas imprevisíveis a certos sentimentos, por exemplo, esta terça-feira, dia 28 de junho, na pista do LAV – Lisboa ao Vivo, que agora se situa na Avenida Marechal Gomes da Costa, centenas de pessoas cantavam e dançavam ao som de um refrão que declamava “we go on, hurting each other”.

Estamos a falar da música We Go On dos Avalanches, dupla composta pelos músicos australianos Robbie Chater e Tony Di Blasi, que oferecem uma das mais cativantes da música eletrónica procurando explorar os limites da técnica de sampling, no seu primeiro disco, Since I Left You (2001), usaram mais de 3500 amostras de músicas, dos mais variados e distintos artistas, como a francesa Françoise Hardy, Madonna ou o brasileiro Sérgio Mendes.

Não é fácil escolher um estilo onde encaixar os Avalanches. Ouvir qualquer um dos três discos do duo, que contam ainda na sua discografia Wildflower (2016) e We Will Always Love You (2020), disco que o grupo esteve a apresentar e que compôs a maioria do alinhamento do concerto, é uma experiência que é impossível de se ter sem exibir um sorriso nos lábios, com as coloridas influências a formarem músicas calorosas capazes de transformar um frio e melancólico dia de inverno num feliz dia de verão, mesmo que as letras abordem temas como a solidão e a atribulação das relações.

 O concerto de Avalanches foi um pouco assim. Uma celebração comunal de um grupo de pessoas que aceitou a música dos australianos como uma terapia durante cerca de uma hora, onde os problemas ficaram à porta do LAV e foram trocados por uma vontade incansável de dançar e desfrutar de um belo conjunto de canções.

Num formato de DJ Set, o único instrumento a “subir” a palco foi um teremim, um dos primeiros instrumentos completamente eletrônicos, controlado sem qualquer contato físico pelo músico, e que foi tocado pelo irrequieto Tony Di Blasi, constantemente a dançar, a saltar e a abraçar Robbie Chater, uma presença mais estoica e controlada em palco, uma espécie de yin e yang, mas que não deve ser confundida com indiferença.

No final do concerto, Chater falou com o i confessando que se sentiu muito amado pelo público português. “É fantástico e maravilhoso regressar a Portugal. O público ofereceu-nos uma receção muito calorosa e foi, sem dúvida, uma das noites mais especiais desta tour”, confessou, acrescentando ainda que também está muito entusiasmado pela estreia de Avalanches no Porto, concerto que irá acontecer no dia 29 de junho, no Hard Club.

Apesar de alguma estranheza no som no início do concerto, que por vezes tornava impossível distinguir a transição entre as delicadas músicas criadas com eximia precisão em estúdio, assim que os problemas técnicos foram superados, bastava apenas o público entregar-se ao som de músicas como Electricity ou The Wozard of Iz, sentir e cantar canções icónicas do grupo, nomeadamente, Because I'm Me e Since I Left You, enquanto ainda havia espaço para algumas surpresas no set, como a inserção de interpretações de God Only Knows dos Beach Boys ou da I Want To Break Free dos Queen.

São muitos os sentimentos que emergem na nossa pele quando ouvimos Avalanches, mas agora, depois ter termos abandonado este concerto, o primeiro desde o início da pandemia com a curadoria do Gig Club, o que sentimos é gratidão pela oportunidade para desenferrujar os seus passos de dança, por podermos partilhar estas canções com as pessoas que mais gostam e por podermos ter assistido a tudo isto com os nossos próprios olhos.