UE: abreviatura de Ucrânia na Europa


Apelo a todos os portugueses que me estejam a ler: amanhã, quinta-feira dia 23,pelas 20h00, desloquem-se à Baía de Cascais, onde decorrerá um grande concerto pela Paz e de apoio à entrada Ucrânia na UE. 


A única virtude dos tempos conturbados que vivemos é não deixar lugar para ambiguidades. Escolhamos, por isso, palavras claras: o lugar natural da Ucrânia é na União Europeia.

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque os ucranianos o merecem. Não temos memória de, em qualquer tempo recente, algum povo ter arriscado derramar sangue em nome da pertença europeia ou numa exaltação pela liberdade. Os ucranianos fizeram-no. Fizeram-no em 1991, com um referendo pela independência que falou ao mundo sem ambiguidades: aquela que tinha sido a mais proeminente república soviética, para além da própria Rússia, queria ser dona do seu destino. Fizeram-no em 2004, quando dezenas de milhares de ucranianos anónimos suportaram o inverno impiedoso para garantir que a sua Revolução Laranja, a sua prometida viagem para Ocidente, não era travada por golpes ilegais e ilegítimos. Voltaram a fazê-lo em 2014, na Praça da Independência rebatizada como “Euromaidan”, onde milhares de bandeiras azuis com estrelas amarelas, erguidas por manifestantes pró-europeus, foram reprimidas, brutalizadas, encarceradas. Estão a fazê-lo novamente em 2022, perante uma invasão bárbara do vizinho opressor. A guerra, aliás, só veio confirmar que os ucranianos estão dispostos ao mais exigente sacrifício para terem o direito a viver uma vida como a dos europeus.

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque a sua identidade é partilhada connosco. A história e os factos desmentem a alucinada propaganda do Kremlin que olha para a Ucrânia moderna como “uma criação da Rússia” que está a ser atacada por um movimento de “colonização ocidental”.  Como a realidade desmente objetivamente a ficção, Vladimir Putin recorre à força bruta para adequar os factos à sua narrativa. Desde a sua fundação, no século IX, por Volodymir o Grande, Kiyv esteve sempre mais inclinada política, espiritual e intelectualmente para Ocidente, escapando de formas de governo mais violentas instituídas a Oriente. Durante mais de 700 anos após o reinado de Volodymir, Kiyv foi orgulhosamente soberana. Até ao final do século XVII, momento em que as tentativas de controlo por Moscovo acabam por resultar. Mesmo ocupada, Kiyv nunca deixou de resistir à opressão czarista, uma luta personificada em titãs da liberdade como Taras Shevchenko.  

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque somos uma comunidade de vida e de destino, que federa em vez de excluir, que é feita de unidade na diversidade, que é luz no lugar da escuridão, que é a vitória da liberdade e do direito contra a opressão e a tirania, que é paz entre nações que antes dela só conheceram a guerra. Que é, no fundo, a mais bela construção política que o homem alguma vez conseguiu erguer. 

Por isso, só posso fazer minhas as palavras da Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen: “Sim, a Ucrânia merece uma perspetiva europeia. Sim, a Ucrânia deve ser acolhida como candidata.”

(A Moldávia também, acrescentaria eu). 

A posição do executivo europeu surge antes do Conselho se pronunciar amanhã sobre o estatuto de Kiyv.  Espero e desejo, sinceramente, que os países da Europa ratifiquem a recomendação da Comissão, uma recomendação que honra os valores da Europa, que é moralmente certa e que consagra tudo aquilo por que nos batemos ao longo de gerações. 

Há, claro, um longo caminho a fazer do ponto de vista legal e económico para que a Ucrânia cumpra os critérios europeus. Mas esse não foi um caminho que também nós, portugueses, tivemos de fazer? E não tivemos nós, também, a solidariedade e compreensão e amizade das outras nações europeias?

Como alguém disse, a concessão à Ucrânia do estatuto de país candidato à União Europeia é uma das decisões mais importantes – e estrategicamente mais relevantes – que Bruxelas tomou no século XXI. 

A Europa não é uma abstração política. Não é um ente estranho, uma geringonça burocrática, em Bruxelas. A Europa somos nós, o seu povo. 

Por isso apelo a todos os portugueses que me estejam a ler: amanhã, quinta-feira dia 23, pelas 20h00 desloquem-se à Baia de Cascais, onde decorrerá um grande concerto pela Paz e de apoio à entrada Ucrânia na UE. Este concerto, uma iniciativa do Presidente Zelensky, é a última etapa de uma tour internacional que passou por diversas capitais europeias. Acaba em Portugal, em Cascais, na ponta mais Ocidental da Europa de onde sairá – nas vozes de Agir, Cuca Roseta, Dama, João Gil, João Só, Carolina de Deus, Tomás Wallenstein, Miguel Angelo, Tiago Bettencourt, Luis Represas, Black Mamba, Fernando Cunha e vários artistas ucranianos – uma mensagem forte e clara: queremos uma Ucrânia com Paz, com Esperança e com Futuro. Ao nosso lado, na União Europeia.  

Recordando o aclamado poeta Taras Shevchenko: “E na grande família nova, a família dos livres (…) com fala mansa, e palavras amáveis, lembrem-se também de mim.”

Portugal não esquecerá a Ucrânia. 
 
Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Escreve à quarta-feira

UE: abreviatura de Ucrânia na Europa


Apelo a todos os portugueses que me estejam a ler: amanhã, quinta-feira dia 23,pelas 20h00, desloquem-se à Baía de Cascais, onde decorrerá um grande concerto pela Paz e de apoio à entrada Ucrânia na UE. 


A única virtude dos tempos conturbados que vivemos é não deixar lugar para ambiguidades. Escolhamos, por isso, palavras claras: o lugar natural da Ucrânia é na União Europeia.

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque os ucranianos o merecem. Não temos memória de, em qualquer tempo recente, algum povo ter arriscado derramar sangue em nome da pertença europeia ou numa exaltação pela liberdade. Os ucranianos fizeram-no. Fizeram-no em 1991, com um referendo pela independência que falou ao mundo sem ambiguidades: aquela que tinha sido a mais proeminente república soviética, para além da própria Rússia, queria ser dona do seu destino. Fizeram-no em 2004, quando dezenas de milhares de ucranianos anónimos suportaram o inverno impiedoso para garantir que a sua Revolução Laranja, a sua prometida viagem para Ocidente, não era travada por golpes ilegais e ilegítimos. Voltaram a fazê-lo em 2014, na Praça da Independência rebatizada como “Euromaidan”, onde milhares de bandeiras azuis com estrelas amarelas, erguidas por manifestantes pró-europeus, foram reprimidas, brutalizadas, encarceradas. Estão a fazê-lo novamente em 2022, perante uma invasão bárbara do vizinho opressor. A guerra, aliás, só veio confirmar que os ucranianos estão dispostos ao mais exigente sacrifício para terem o direito a viver uma vida como a dos europeus.

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque a sua identidade é partilhada connosco. A história e os factos desmentem a alucinada propaganda do Kremlin que olha para a Ucrânia moderna como “uma criação da Rússia” que está a ser atacada por um movimento de “colonização ocidental”.  Como a realidade desmente objetivamente a ficção, Vladimir Putin recorre à força bruta para adequar os factos à sua narrativa. Desde a sua fundação, no século IX, por Volodymir o Grande, Kiyv esteve sempre mais inclinada política, espiritual e intelectualmente para Ocidente, escapando de formas de governo mais violentas instituídas a Oriente. Durante mais de 700 anos após o reinado de Volodymir, Kiyv foi orgulhosamente soberana. Até ao final do século XVII, momento em que as tentativas de controlo por Moscovo acabam por resultar. Mesmo ocupada, Kiyv nunca deixou de resistir à opressão czarista, uma luta personificada em titãs da liberdade como Taras Shevchenko.  

O lugar natural da Ucrânia é na União Europeia porque somos uma comunidade de vida e de destino, que federa em vez de excluir, que é feita de unidade na diversidade, que é luz no lugar da escuridão, que é a vitória da liberdade e do direito contra a opressão e a tirania, que é paz entre nações que antes dela só conheceram a guerra. Que é, no fundo, a mais bela construção política que o homem alguma vez conseguiu erguer. 

Por isso, só posso fazer minhas as palavras da Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen: “Sim, a Ucrânia merece uma perspetiva europeia. Sim, a Ucrânia deve ser acolhida como candidata.”

(A Moldávia também, acrescentaria eu). 

A posição do executivo europeu surge antes do Conselho se pronunciar amanhã sobre o estatuto de Kiyv.  Espero e desejo, sinceramente, que os países da Europa ratifiquem a recomendação da Comissão, uma recomendação que honra os valores da Europa, que é moralmente certa e que consagra tudo aquilo por que nos batemos ao longo de gerações. 

Há, claro, um longo caminho a fazer do ponto de vista legal e económico para que a Ucrânia cumpra os critérios europeus. Mas esse não foi um caminho que também nós, portugueses, tivemos de fazer? E não tivemos nós, também, a solidariedade e compreensão e amizade das outras nações europeias?

Como alguém disse, a concessão à Ucrânia do estatuto de país candidato à União Europeia é uma das decisões mais importantes – e estrategicamente mais relevantes – que Bruxelas tomou no século XXI. 

A Europa não é uma abstração política. Não é um ente estranho, uma geringonça burocrática, em Bruxelas. A Europa somos nós, o seu povo. 

Por isso apelo a todos os portugueses que me estejam a ler: amanhã, quinta-feira dia 23, pelas 20h00 desloquem-se à Baia de Cascais, onde decorrerá um grande concerto pela Paz e de apoio à entrada Ucrânia na UE. Este concerto, uma iniciativa do Presidente Zelensky, é a última etapa de uma tour internacional que passou por diversas capitais europeias. Acaba em Portugal, em Cascais, na ponta mais Ocidental da Europa de onde sairá – nas vozes de Agir, Cuca Roseta, Dama, João Gil, João Só, Carolina de Deus, Tomás Wallenstein, Miguel Angelo, Tiago Bettencourt, Luis Represas, Black Mamba, Fernando Cunha e vários artistas ucranianos – uma mensagem forte e clara: queremos uma Ucrânia com Paz, com Esperança e com Futuro. Ao nosso lado, na União Europeia.  

Recordando o aclamado poeta Taras Shevchenko: “E na grande família nova, a família dos livres (…) com fala mansa, e palavras amáveis, lembrem-se também de mim.”

Portugal não esquecerá a Ucrânia. 
 
Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Escreve à quarta-feira