Em política, muitas vezes, o que parece é, e Carlos Moedas devia saber disso. A embrulhada em que se meteu com a história da ciclovia da Almirante Reis é bem ilustrativa._Prometeu durante a campanha eleitoral que acabaria com aquele inferno para peões e automobilistas e até para os ciclistas e ‘trotinetistas’, mas voltou atrás. Depois adotou uma solução híbrida e temporária que passaria por acabar com um dos sentidos da ciclovia. A oposição e os aiatolas das bicicletas e trotinetas fizeram barulho e, mais uma vez, Carlos Moedas deu a sensação de que voltava atrás. Até pode ser verdade que o presidente da Câmara de Lisboa tenha percebido que não fazia sentido gastar agora 400 mil euros para alterar a ciclovia da Almirante Reis para daqui a três meses ver essa iniciativa desfeita devido às obras do Plano Geral de Drenagem que vão transformar aquela zona num enorme estaleiro. Tudo isso pode ser verdade, mas Moedas, ao esperar pelo dia da discussão sobre as alterações da ciclovia para anunciar o adiamento da obra, fica mal visto no retrato.
Penso que é consensual que Moedas é um homem honesto e que procura agradar ao maior número de eleitores, mas isso – de agradar a todos – é um disparate monumental. A oposição, liderada pelo PS, mas dando o protagonismo aos membros da nova geringonça, BE e Livre, está a embrulhar o novo executivo camarário lisboeta em massa fina para depois servir uma golpada com direito a salgados, acepipes e cocktails.
Se os ziguezagues de Moedas são visíveis, o mesmo não se aplica à oposição, apesar de já terem voltado atrás tantas ou mais vezes que Moedas._Basta ver a idiotice de reduzir em 10 km/h a velocidade permitida em toda a cidade, além do fecho aos domingos e feriados da Avenida da Liberdade. Com mais traquejo que o atual presidente autárquico, a oposição consegue ‘esconder’ as suas contradições – que são ainda maiores do que as de Moedas. Aguardemos para ver se a oposição vai ou não preparar a grande golpada daqui a um ano…