Pela primeira vez, a Finlândia anunciou oficialmente a intenção de se juntar à NATO, apesar dos avisos do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que considera esta decisão um “erro”.
Com a confirmação, o país nórdico abandona a sua posição de neutralidade e de não-alinhamento que o tem caracterizado nas últimas décadas, motivado pela invasão russa à Ucrânia, numa altura em que ainda se aguarda a escolha da Suécia, para perceber se irá ou não também pedir para aderir à organização ocidental.
“O Presidente e o comité de política externa do Governo concordaram que, após consultar o Parlamento, a Finlândia solicitará a adesão à NATO”, disse o Presidente Sauli Niinistö durante ums entrevista coletiva.
“Está a nascer uma Finlândia protegida como parte de uma região nórdica estável, forte e responsável”, congratulou-se o Presidente, acrescentando que este é um “dia histórico” para o país.
A proposta será, esta segunda-feira, enviada ao Parlamento para ratificação, afirmou a primeira-ministra, Sanna Marin. “Esperamos que o Parlamento confirme a decisão nos próximos dias. Será baseado num argumento forte”, disse.
Enquanto membro da NATO, explicou Marin, a Finlândia ajudaria a reforçar a “aliança defensiva de 30 membros liderada pelos EUA”, cita o Guardian, mas também a “fortalecer a União Europeia, cuja voz na NATO pode vir a tornar-se mais forte”.
Alertas de Putin
A adesão destes dois países à NATO é um grande revés para o Kremlin, que tinha alertado para “repercussões militares e políticas” caso a Suécia e a Finlândia decidissem entrar na NATO.
Com a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, a fronteira terrestre desta organização com a Rússia deverá mais do que dobrar, o que significa que a aliança militar ocidental deixaria a Rússia cercada por países da NATO no Mar Báltico e no Ártico.
Antes de anunciar oficialmente a entrada nesta organização, o Presidente da Finlândia, conversou por via telefónica com Putin para debater “questões práticas” “de uma forma correta e profissional”.
Segundo um comunicado do chefe de Estado finlandês, citado pela AFP, a conversa entre os líderes “foi direta e decorreu sem contrariedades”, onde ambos consideraram “evitar as tensões” como um ponto “relevante”.
No mesmo documento, Sauli Niinistö afirmou que a Finlândia “quer lidar com as questões práticas de ser um país vizinho da Rússia de uma forma correta e profissional”.
Kremlin não deixou de prestar esclarecimentos quanto a esta conversa. No seu comunicado, refere que Vladimir Putin “sublinhou que o fim da política tradicional de neutralidade militar seria um erro, já que não existe qualquer ameaça à segurança da Finlândia”.
As repercussões contra a Finlândia começaram este sábado, depois da Rússia cortar o fornecimento de eletricidade, alegando que aquele país não tem cumprido com os pagamentos.