O assédio nos transportes públicos. Quando um olhar nos invade

O assédio nos transportes públicos. Quando um olhar nos invade


No Reino Unido, uma campanha de sensibilização tem chamado a atenção para o olhar intrusivo que observa várias vezes as mulheres nos transportes públicos. Podemos considerá-lo assédio? Autoridades e especialistas defendem que sim. 


Falamos muitas vezes do poder do olhar, tanto para o bem como para o mal. “Diz mais do que mil palavras”, conforta, confronta e, muitas vezes, invade. O que muitas vezes se esquece é que, normalmente, quase todos os casos de assédio começam precisamente dessa maneira: com um olhar que não cede nem desprende. Podemos queixar-nos disso? O olhar é considerado assédio? Haverá assim tantos casos em que as mulheres se sentem desconfortáveis ao serem observadas? De que forma se combate essa “invasão”?

No Reino Unido, uma campanha de outdoors tem chamado a atenção para a questão do olhar intrusivo nos transportes públicos, alertando os viajantes que isso “pode realmente constituir assédio sexual”. A campanha de sensibilização foi lançada em todo o país no ano passado pelo Rail Delivery Group e pela British Transport Police (BTP) e, posteriormente, pela Transport for London (TfL). Segundo a BBC, os cartazes versam sobre uma série de comportamentos indesejados como “piropos, exposição de partes do corpo, toques inapropriados, saias para cima, e ainda flashes cibernéticos (o envio de imagens sexuais) e olhares fixos”. “Olhar intrusivo de natureza sexual é assédio sexual e não é tolerado!”, lê-se num outro cartaz. Mas apesar de terem sido criados em 2021, nas últimas semanas, os pósteres em questão foram colocados, explica a agência britânica, “no centro das atenções depois de um homem ter sido preso por olhar fixamente para uma mulher num comboio entre Reading e Newbury e bloquear a sua saída”. O homem foi considerado culpado de causar “assédio intencional” e foi condenado a 22 semanas de prisão. No dia 22 de abril, a Polícia Britânica de Transportes divulgou na sua conta de Twitter que as autoridades no norte de Londres também prenderam um homem que pressionou o seu corpo contra o de uma mulher num comboio. Seguiam-no precisamente porque já haviam notado que este observava “de perto”, as passageiras. 

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