PIB. Crescimento revisto em baixa e fica aquém da meta do Governo

PIB. Crescimento revisto em baixa e fica aquém da meta do Governo


O PIB nacional deverá crescer 4% em 2022, abaixo dos 4,9% estimados pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado. FMI está também pessimista quanto ao crescimento da zona euro.


O crescimento da economia portuguesa deverá abrandar para 4% este ano e 2,1% em 2023. As contas são do Fundo Monetário Internacional (FMI) que revê assim em baixa as perspetivas para Portugal face aos 5,1% previstos em outubro. A instituição presidida por Kristalina Georgieva também cortou a projeção de crescimento para 2023 para 2,1%, quando em outubro estimava 2,5%.

De acordo com estas atualizações, o FMI torna-se, assim, a instituição mais pessimista entre as principais instituições nacionais e internacionais sobre a expansão do PIB português este ano. A explicação é simples: O Governo português prevê um crescimento de 4,9%, tal como o Banco de Portugal, enquanto o Conselho das Finanças Públicas estima uma expansão de 4,8%. Já a Comissão Europeia vê o Produto Interno Bruto (PIB) português a avançar 5,5% e a OCDE 5,8%.

A entidade internacional espera ainda que o saldo da balança corrente portuguesa passe de -1,1% do PIB em 2021 para -2,6% em 2022, caindo para -1,4% em 2023. Quanto à taxa de desemprego deverá fixar-se em 6,5% este ano e deverá recuar ligeiramente para 6,4% em 2023.

Quanto à inflação, o organismo internacional prevê que se situe nos 4% este ano, uma revisão em alta face aos 1,3% previstos em outubro, mas abaixo dos 5,3% esperados para a zona euro.

A projeção do FMI alinha assim com a do Governo, inscrita na proposta do Orçamento do Estado para 2022 e com a do Banco de Portugal, ficando muito próxima da previsão do Conselho das Finanças Públicas (3,9%). A previsão da instituição com sede em Washington coloca a taxa de inflação em Portugal abaixo da média da zona euro, para a qual o FMI espera 5,3% este ano. No entanto, antecipa uma descida da taxa de inflação para 1,5% em 2023 em Portugal e para 2,3% na zona euro.

Entre as principais economias da zona euro, o FMI espera este ano uma inflação de 5,5% na Alemanha, de 4,1% em França e de 5,3% em Itália e em Espanha. Para 2023, antecipa uma descida para 2,9% na Alemanha, 1,8% em França, 2,5% em Itália e 1,3% em Espanha.

 

Mais pessimista para a zona euro

A entidade liderada por Kristalina Georgieva está mais pessimista sobre o crescimento económico da zona euro, prevendo agora uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,8% este ano e de 2,3% em 2023. De acordo com as previsões económicas mundiais, o organismo reviu em baixa as projeções de expansão do PIB dos países da moeda única em 1,1 pontos percentuais (pp) para este ano e em 0,2 pp para 2023, face ao que previa em janeiro. Mas lembra que este corte nas previsões segue a tendência para as principais economias mundiais, refletindo sobretudo o impacto indireto da guerra na Ucrânia.

Segundo o FMI, o impacto da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia chega à zona euro sobretudo através dos aumentos dos preços globais de energia e da segurança energética. “Por serem importadores líquidos de energia, preços globais mais elevados representam um choque negativo no comércio para a maioria dos países europeus, traduzindo-se numa menor produção e inflação mais alta”, refere.

O organismo destaca ainda que os constrangimentos nas cadeias de abastecimento também prejudicaram algumas indústrias, incluindo o setor automóvel, com a guerra e as sanções a dificultar ainda mais a produção.

E entre as principais economias da moeda única, o FMI cortou a perspetiva de crescimento do PIB deste ano da Alemanha para 2,1%, de França para 2,9%, de Itália para 2,3% e de Espanha para 4,8%. Já em 2023, vê a economia alemã a crescer 2,7%, a francesa 1,4%, a italiana 1,7% e a espanhola 3,3%.

 

PIB mundial revisto em baixa

O Fundo Monetário Internacional reviu ainda em baixa as previsões para o crescimento económico mundial este ano em 0,8 pontos percentuais para 3,6%, novamente devido ao impacto da guerra na Ucrânia. “A guerra na Ucrânia desencadeou uma crise humanitária dispendiosa que, sem uma solução rápida e pacífica, pode tornar-se esmagadora. O crescimento global deverá desacelerar significativamente em 2022, em grande parte como uma consequência da guerra”, refere.

Entre as principais economias mundiais, os EUA deverão crescer 3,7% este ano, assim como o Reino Unido, e a China 4,4%, enquanto para a zona euro prevê uma expansão de 2,8% e para a Índia de 8,2%. E lembra que os custos económicos da guerra deverão chegar aos restantes países através dos mercados de commodities (matérias-primas), do comércio e, em menor grau, das interligações financeiras, salientando que os aumentos de preços de combustíveis e alimentos já estão a ter impacto a nível global.