Europa frágil


O modo como a Ucrânia e o povo ucraniano foram deixados, sozinhos, no terreno, é a demonstração da falta de coragem dos líderes europeus autoproclamados de solidários.


Os recentes acontecimentos que envolvem a invasão da Rússia à Ucrânia vieram demonstrar o quão frágil tem sido a política europeia em matérias muito essenciais à segurança e qualidade de vida das pessoas. A dependência europeia em domínios tão importantes como a alimentação, a energia e a capacidade militar, são, por si só, suficientemente demonstrativos da profunda incompetência da classe política que nos tem governado. Há um dado absolutamente demonstrativo da total inconsciência estratégica e falta de lideranças esclarecidas: a Europa paga mais em energia à Rússia que os gastos da Rússia em defesa. 

A Europa, principal interessada na Paz no seu território, tem endossado aos EUA e à NATO a resolução dos principais temas de geopolítica e defesa. Esse tem sido o principal erro do grupo muito alargado de fracos políticos que, na ausência de convicções e estratégia, demonstram preferir a delegação de competências, em matérias tão centrais à evolução da humanidade, a terceiros. Estes não são os lideres que uma Europa forte, defensora da qualidade de vida e da democracia, necessita.

A Rússia foi, durante anos, dando sinais daquilo que não toleraria. O mundo conhece a história do seu Presidente e tem sobre ele a noção do perfil. O que a Europa fez ao endossar a decisão da sua posição geopolítica aos EUA foi de algum modo permitir que o adversário dos últimos 80 anos da Rússia fosse, à distância de segurança de um oceano, provocando ‘the Russian Rottweiler’.

O resultado dessa provocação, por via da insistência do alargamento a leste da NATO, coloca efetivamente o continente europeu e os povos da Europa à mercê das decisões autoritárias e bélicas do líder russo que carregado de armamento e em nada defensor da democracia e humanismo decidiu destruir um território do tamanho da França e Alemanha juntas.

Considero que o modo como a Ucrânia e o povo ucraniano foram deixados, sozinhos, no terreno, é a demonstração da falta de coragem dos líderes europeus autoproclamados de solidários. A forma festiva como se reúnem para tomar decisões em tempo de guerra constitui um atentado ao legado que Churchill e De Gaulle deixaram na história recente deste nosso continente. 

Só uma Europa fortemente armada para a manutenção de paz, através de uma força militar conjunta, poderá assegurar o estilo de vida que os europeus ambicionam. Só uma Europa política e economicamente independente poderá lidar com a devida equidistância com os diferentes blocos, políticos, económicos e militares.

A desgraça que agora assola a Ucrânia e a Europa, não teria existido caso a Europa estivesse mais independente do ponto de vista energético (e para isso é necessário tratar da fonte nuclear segura) com força militar (para isso é necessário uma força militar conjunta) e alimentar (para isso é imprescindível uma política agrícola com esse fim em vista e que forneça dignidade ao setor). Com essas condições a Europa seria respeitada – não tem sido nem pela Rússia nem pelos EUA.

Notas finais:
1. Uma nota de grande respeito aos primeiros-ministros da Eslovénia, Polónia e República Checa pelo modo ativo e corajoso como foram a Kiev – por cá nem palavra sobre o assunto.

2. Enquanto a Europa vive uma das crises mais ameaçadoras da sua existência, por cá o entretenimento dos nossos líderes políticos e dos candidatos a líderes passa por comentar e discutir alíneas de fiscalidade relativamente aos combustíveis – nada contra, mas falta a atitude séria de um país que carrega uma história como a nossa.

3. Portugal necessita entender que tem um papel crucial, no que ao oceano e à marinha diz respeito, em contexto de força militar conjunta. Somos um dos maiores países do mundo quando a ZEE e o alargamento da plataforma continental são levados em conta.

4. Está em causa o estilo de vida da Europa democrática. A que sacrifícios estamos dispostos para o defender?

Europa frágil


O modo como a Ucrânia e o povo ucraniano foram deixados, sozinhos, no terreno, é a demonstração da falta de coragem dos líderes europeus autoproclamados de solidários.


Os recentes acontecimentos que envolvem a invasão da Rússia à Ucrânia vieram demonstrar o quão frágil tem sido a política europeia em matérias muito essenciais à segurança e qualidade de vida das pessoas. A dependência europeia em domínios tão importantes como a alimentação, a energia e a capacidade militar, são, por si só, suficientemente demonstrativos da profunda incompetência da classe política que nos tem governado. Há um dado absolutamente demonstrativo da total inconsciência estratégica e falta de lideranças esclarecidas: a Europa paga mais em energia à Rússia que os gastos da Rússia em defesa. 

A Europa, principal interessada na Paz no seu território, tem endossado aos EUA e à NATO a resolução dos principais temas de geopolítica e defesa. Esse tem sido o principal erro do grupo muito alargado de fracos políticos que, na ausência de convicções e estratégia, demonstram preferir a delegação de competências, em matérias tão centrais à evolução da humanidade, a terceiros. Estes não são os lideres que uma Europa forte, defensora da qualidade de vida e da democracia, necessita.

A Rússia foi, durante anos, dando sinais daquilo que não toleraria. O mundo conhece a história do seu Presidente e tem sobre ele a noção do perfil. O que a Europa fez ao endossar a decisão da sua posição geopolítica aos EUA foi de algum modo permitir que o adversário dos últimos 80 anos da Rússia fosse, à distância de segurança de um oceano, provocando ‘the Russian Rottweiler’.

O resultado dessa provocação, por via da insistência do alargamento a leste da NATO, coloca efetivamente o continente europeu e os povos da Europa à mercê das decisões autoritárias e bélicas do líder russo que carregado de armamento e em nada defensor da democracia e humanismo decidiu destruir um território do tamanho da França e Alemanha juntas.

Considero que o modo como a Ucrânia e o povo ucraniano foram deixados, sozinhos, no terreno, é a demonstração da falta de coragem dos líderes europeus autoproclamados de solidários. A forma festiva como se reúnem para tomar decisões em tempo de guerra constitui um atentado ao legado que Churchill e De Gaulle deixaram na história recente deste nosso continente. 

Só uma Europa fortemente armada para a manutenção de paz, através de uma força militar conjunta, poderá assegurar o estilo de vida que os europeus ambicionam. Só uma Europa política e economicamente independente poderá lidar com a devida equidistância com os diferentes blocos, políticos, económicos e militares.

A desgraça que agora assola a Ucrânia e a Europa, não teria existido caso a Europa estivesse mais independente do ponto de vista energético (e para isso é necessário tratar da fonte nuclear segura) com força militar (para isso é necessário uma força militar conjunta) e alimentar (para isso é imprescindível uma política agrícola com esse fim em vista e que forneça dignidade ao setor). Com essas condições a Europa seria respeitada – não tem sido nem pela Rússia nem pelos EUA.

Notas finais:
1. Uma nota de grande respeito aos primeiros-ministros da Eslovénia, Polónia e República Checa pelo modo ativo e corajoso como foram a Kiev – por cá nem palavra sobre o assunto.

2. Enquanto a Europa vive uma das crises mais ameaçadoras da sua existência, por cá o entretenimento dos nossos líderes políticos e dos candidatos a líderes passa por comentar e discutir alíneas de fiscalidade relativamente aos combustíveis – nada contra, mas falta a atitude séria de um país que carrega uma história como a nossa.

3. Portugal necessita entender que tem um papel crucial, no que ao oceano e à marinha diz respeito, em contexto de força militar conjunta. Somos um dos maiores países do mundo quando a ZEE e o alargamento da plataforma continental são levados em conta.

4. Está em causa o estilo de vida da Europa democrática. A que sacrifícios estamos dispostos para o defender?