Putin, o ex-agente da KGB que sonha com uma nova União Soviética

Putin, o ex-agente da KGB que sonha com uma nova União Soviética


Vladimir Putin está no poder desde 1999 e é conhecido pelo estilo implacável. Agora, é alvo do mundo.


Teve a sua cara estampada nas manchetes de todos os jornais, televisões e websites do mundo nesta quinta-feira, após ter mandado avançar as tropas russas sobre territórios ucranianos, naquele que é o primeiro passo de um conflito armado entre os dois países irmãos. Mas afinal, quem é Vladimir Putin?

O Presidente russo, que chegou ao poder em 1999 e lá ficou desde então (fora um breve intervalo entre 2008 e 2012, em que serviu como primeiro-ministro), é a personificação do mito, do herói soviético que nada em lagos gelados e domina ursos selvagens sem qualquer dificuldade… ou pelo menos esta é a imagem que Putin e o seu gabinete querem fazer passar, tanto aos olhos dos russos como do mundo Ocidental. 

De ‘cara trancada’ e implacável nas suas declarações, o líder russo não é conhecido pelas suas brincadeiras e, com o anúncio do avanço das tropas russas na Ucrânia, deixou algo claro: o seu sonho é ver a Rússia voltar a ser uma força imperialista, como nos tempos da extinta União Soviética.

E da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) sabe Putin. Afinal de contas, o hoje presidente russo, nascido em 1952, na cidade então batizada como Leninegrado (atual São Petersburgo), estudou Direito  e acabou por servir durante 15 anos como agente de informação para a KGB, os extintos serviço secretos da URSS. 

Em Dresden, na então Alemanha Oriental, Putin serviu durante seis anos, e foi lá que viveu um dos momentos mais marcantes da sua vida. Na noite de 5 de outubro de 1989, algumas semanas depois da queda do Muro de Berlim – e, com ele, do comunismo como regra na Alemanha – um grupo de manifestantes invadiu a sede da KGB nessa cidade alemã. 
Na altura, Putin terá persuadido o grupo a afastar-se do edifício (sob ameaça) e, ao contactar com uma das sedes do Exército Vermelho para pedir apoio militar para segurar o edifício, o agora presidente russo recebeu uma fria resposta: “Não podemos fazer nada sem ordens de Moscovo, e Moscovo está em silêncio.” Um momento de fragilidade que, dizem alguns especialistas, moldou para sempre a forma como Putin vê o mundo.

Pouco tempo depois, em 1990, o espião retirou-se da KGB e regressou à Universidade de Leninegrado, onde se tinha licenciado, para trabalhar como responsável pelas Relações Internacionais da instituição. 

Pouco a pouco, no entanto, Putin entrou na vida política do país. Primeiro, na sua cidade natal e, depois, em Moscovo, onde se tornou próximo de Boris Yeltsin, que o nomeou, em 1998, diretor do FSB, sucessor doméstico da KGB. Em dezembro de 1999, depois da demissão de Yeltsin, Putin foi nomeado presidente interino e, em março de 2000, venceu as eleições presidenciais no país. Um início de presidência já ele marcado pela violência: na altura, o conflito com a Chechénia foi a primeira missão do líder russo, que comandou a missão do país para retomar o controlo sobre a região separatista.