Diz quem acompanha o Big Brother que já tinha havido nesta recente edição lugar para o cómico, para o burlesco e para o insólito – ou seja, todos os ingredientes que os telespetadores portugueses adoram. Entretanto, com a suposta agressão de Bruno de Carvalho a uma participante, houve lugar para mais um ingrediente que é garantia de sucesso.
A senhora jurou a pés juntos que não foi vítima de qualquer violência, mas as associações de direitos humanos envidaram esforços para que a TVI punisse o antigo presidente do Sporting.
O que é certo é que, na última “gala” – presto a minha vénia ao mestre da ironia que assim batizou as emissões de fim de semana… – Bruno de Carvalho acabou mesmo por ser expulso pelos telespetadores e ficaram desfeitas as dúvidas.
Acho, ainda assim, curioso que alguns intelectuais pós-modernos dos gender studies e afins tenham ficado tão incomodados e chocados (santa ingenuidade!) com a postura de Bruno de Carvalho, quando nem é preciso ter visto mais de um minuto do programa para perceber o caldo que ali se estava a criar. Tendo em conta as circunstâncias, convenhamos, talvez se possa considerar a tal situação um mal menor.
Até posso compreender que se aponte o dedo à TVI e ao mau exemplo dado pelo Big Brother, que pelos vistos é o grande farol moral do nosso povo. Mas o que dizer do autêntico filme de terror a que se assistiu na sexta-feira no estádio do Dragão? Do ambiente de cortar à faca? Dos insultos e agressões? Não dão um triste exemplo, em especial aos milhares de jovens e crianças que adoram jogar à bola e têm nos futebolistas os seus ídolos?
Dizia-me um amigo (que não torce por nenhum dos clubes envolvidos): “Até uma bala atiraram para o campo! Rodolfo Reis diz que não foi com uma pistola ou espingarda, por isso é como se fosse um rebuçado…”.
O denominador comum entre os dois episódios – os confrontos do Porto-Sporting e a alegada agressão no Big Brother – é, evidentemente, o futebol. Dizem que foi para cá trazido por cavalheiros. Mas está a tornar-se um jogo cada vez menos recomendável.