O número de migrantes que morreram de frio e que foram encontrados esta semana na Turquia perto da fronteira com a Grécia subiu de 16 para 19, anunciaram hoje as autoridades turcas, apontando responsabilidades a Atenas pela tragédia.
O ministro do Interior turco, Süleyman Soylu, anunciou na quarta-feira ter sido encontrado um grupo de 22 migrantes "sem roupas nem sapatos", que foi expulso, segundo disse, pelos guardas de fronteira gregos, o que Atenas negou.
"O número de corpos que descobrimos nas operações de busca realizadas entre hoje e ontem [quarta-feira], pertencentes aos migrantes que foram expulsos pelos gregos e que morreram de frio, atingiu, infelizmente, as 19" pessoas, avançaram, em comunicado, as autoridades de Edirne, província localizada junto da fronteira grega.
As autoridades turcas já tinham atualizado, hoje de manhã, o número de cadáveres encontrados, passando de 12 para 16 mortos, após a descoberta de quatro novos corpos.
"Esta não é a primeira vez que nos confrontamos com este tipo de comportamento por parte da Grécia", afirmou hoje o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciando "o silêncio" da União Europeia (UE).
De acordo com a agência privada de notícias turca DHA, os corpos dos 12 migrantes descobertos na quarta-feira foram transferidos para o Instituto de Medicina Legal de Istambul.
Numa mensagem divulgada pelo ministro do Interior turco, o Governo de Ancara apresentou quatro imagens desfocadas, que mostravam vários corpos sem vida no chão, à beira de um caminho cheio de lama.
"A morte de 12 migrantes na fronteira turca perto de Ipsala é uma tragédia", reagiu o ministro das Migrações grego, Notis Mitarachi, rejeitando, no entanto, "qualquer sugestão de que teriam sido expulsos para a Turquia".
Essa acusação é "absolutamente infundada", afirmou o ministro grego, acrescentando que os migrantes "nunca chegaram sequer à fronteira" e criticando a "falsa propaganda" de Süleyman Soylu.
Os primeiros 12 corpos descobertos estavam perto da aldeia de Pasakoy, próximo da fronteira da Turquia com a Grécia.
As autoridades da província de Edirne não especificaram onde foram descobertos os outros corpos.
A Turquia acusa regularmente as autoridades gregas de expulsar ilegalmente os migrantes que tentam atravessar para a Grécia, o que este país sempre negou.
Por sua vez, Atenas acusa Ancara de fechar os olhos às tentativas dos migrantes para cruzarem a fronteira, em violação de um acordo firmado em março de 2016, que previa um esforço real por parte da Turquia para limitar a migração.
Em março de 2020, depois de a Turquia ter anunciado a abertura das fronteiras com a Europa para a passagem de migrantes, vários milhares de pessoas tentaram atravessar o rio Evros e chegar ao território europeu, mas o exército e a polícia gregos impediram a entrada destas pessoas, que foram forçadas a recuar para o território turco.
A decisão da Turquia de abrir as fronteiras foi encarada então como uma forma de pressionar a Europa, bem como os aliados na NATO.
Atualmente, a Turquia acolhe quase cinco milhões de refugiados no seu território, segundo dados oficiais, incluindo quase quatro milhões de refugiados sírios.