Governo britânico elimina testes introduzidos para travar Ómicron

Governo britânico elimina testes introduzidos para travar Ómicron


Boris Johnson reconheceu na terça-feira que algumas unidades do sistema de saúde público (NHS) poderão ficar “temporariamente sobrecarregadas”.


O Governo britânico anunciou hoje que vai eliminar a necessidade de testes à covid-19 antes de viagens para Inglaterra e rejeitou introduzir mais medidas de contenção contra a variante Ómicron, apesar da pressão sentida em muitos hospitais.

 

Numa declaração no Parlamento, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que o Conselho de Ministros concordou hoje que o chamado "Plano B" deve continuar nas próximas três semanas, até pelo menos 26 de janeiro, o que implica teletrabalho e o uso obrigatório de máscaras na maioria dos espaços públicos fechados. 

"Este Governo não acredita que precisamos de fechar o nosso país novamente", afirmou, rejeitando novas restrições, apesar de admitir que o país está a registar "o crescimento mais rápido de sempre em casos de covid". 

"As hospitalizações estão a aumentar rapidamente, duplicando a cada nove dias, com mais de 15.000 pacientes com covid internados apenas em Inglaterra. (…) E, potencialmente mais preocupante, as taxas de casos estão agora a aumentar rapidamente entre os mais velhos e mais vulneráveis, incluindo a duplicação todas as semanas entre aqueles com mais de 60 anos", acrescentou. 

Boris Johnson reconheceu na terça-feira que algumas unidades do sistema de saúde público (NHS) poderão ficar "temporariamente sobrecarregadas".

"O NHS está sob grande pressão. Não vou dar uma definição do que constituiria estar sobrecarregado, porque acho que diferentes unidades e diferentes lugares, em diferentes momentos, vão sentir-se pelo menos temporariamente sobrecarregados", admitiu, numa conferência de imprensa.

Operações não urgentes foram adiadas em 17 hospitais da Grande Manchester porque até 15% dos funcionários estão de baixa ou em isolamento, indicou a direção regional Greater Manchester Health and Social Care Partnership. 

O jornal The Guardian noticiou hoje que "foi sugerido a pacientes com ataques cardíacos que ligaram para o [número de emergência] 999 em áreas do norte de Inglaterra que apanhassem uma boleia [para o hospital] em vez de esperar por uma ambulância".

Recolhas de lixo e comboios foram também cancelados devido à falta de funcionários, o que forçou as autoridades britânicas a simplificar as medidas. 

Nesse sentido, em Inglaterra e Escócia vai deixar de ser obrigatório aos assintomáticos realizar um teste PCR para confirmar um resultado positivo de um teste antigénio, aliviando a capacidade para mais trabalhadores de serviços essenciais e ajudando a reduzir o período de isolamento. 

Na Escócia, o Governo autónomo decidiu alinhar-se com Inglaterra para reduzir o isolamento de 10 para sete dias, desde que testem negativo nos últimos dois, mas decidiu manter restrições mais apertadas, como regras de distanciamento social e o encerramento de alguns estabelecimentos de lazer, nomeadamente discotecas. 

Entretanto, após pressão da indústria de turismo, os testes pré-embarque deixaram de ser exigidos na chegada a Inglaterra, sendo exigido apenas um teste antigénio nas primeiras 48 horas, tal como acontecia antes da vaga causada pela nova variante Ómicron, que se tornou dominante no Reino Unido desde dezembro.

Na quinta-feira foi a primeira vez que o número de casos ultrapassou os 200.000 no Reino Unido, mas incluía alguns dados atrasados do fim de semana. 

Hoje, o Reino Unido registou 194.747 novos casos e 334 mortes, embora o número de óbitos também inclua dados atrasados que não foram processados durante o Ano Novo.

A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, revelou que o número total de casos naquela região aumentou 87% na última semana.

Alguns cientistas disseram que a onda de infeções causada pela variante Ómicron parece estar a desacelerar em Londres, o epicentro desta nova vaga da pandemia no Reino Unido, mas alertam para um aumento das hospitalizações dos maiores de 50 anos, que pode agravar a taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos.