O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, reuniu-se hoje em Abu Dhabi com o príncipe herdeiro desse emirado, Mohammed ben Zayed, um encontro histórico que sela uma "nova realidade" na região.
As relações comerciais estiveram no centro das conversas, no segundo dia da visita de Bennett, a primeira de um chefe de Governo israelita a uma monarquia árabe do Golfo Pérsico.
Esta visita ocorre num momento em que Israel está também a exercer pressão para a manutenção das sanções contra o Irão, seu inimigo declarado e país costeiro que é um importante parceiro económico dos Emirados Árabes Unidos (EAU).
Bennett reuniu-se com o príncipe Ben Zayed, que "expressou a esperança de que esta visita contribua para avanços positivos na cooperação" bilateral, segundo a agência de notícias oficial dos EAU, WAM.
Os dois dirigentes debateram "formas de cooperação" nas áreas de "investimento, economia, comércio e desenvolvimento, segurança alimentar, energias renováveis, altas tecnologias e saúde", segundo a WAM.
Numa entrevista concedida à WAM, Bennett referiu-se a "uma nova realidade" na região e disse esperar "boas relações" no plano económico.
O primeiro-ministro israelita chegou no domingo à tarde a Abu Dhabi, mais de um ano após a assinatura de um acordo sobre a normalização de relações entre os dois países, a 15 de setembro de 2020.
No mesmo dia, o Bahrein assinou o mesmo acordo e os dois países tornaram-se as primeiras monarquias árabes do Golfo a normalizar publicamente as relações com Israel.
Desde então, os Emirados e Israel concluíram vários acordos comerciais, em setores como o turismo, a aviação e serviços financeiros, entre outros.
Além do príncipe herdeiro, Bennett vai encontrar-se com responsáveis das áreas das tecnologias, da cultura e dos investimentos, de acordo com uma fonte da comitiva israelita.
Os EAU "interessam-se pela experiência do senhor Bennett na área das altas tecnologias e dos negócios, bem como na inovação israelita em geral", disse esta fonte, precisando que as reuniões deverão "concentrar-se principalmente nas trocas comerciais".
Além da economia, o programa nuclear do Irão faz parte das preocupações comuns de Israel e dos seus novos parceiros do Golfo Pérsico.
A região tem sido palco de um "baile diplomático" nas últimas semanas, enquanto decorrem conversações sobre o 'dossier' nuclear iraniano em Viena, até agora sem resultados.
Essas negociações indiretas na capital austríaca entre o Irão e os Estados Unidos, por intermédio dos europeus, foram retomadas no final de novembro para tentar ressuscitar o acordo de 2015 destinado a impedir Teerão de produzir bombas atómicas.
Os Estados Unidos retiraram-se em 2018 desse acordo, durante a Presidência de Donald Trump, e reimpuseram as suas sanções ao Irão que, em resposta, se foi gradualmente libertando das restrições ao seu programa nuclear, causando preocupação internacional, apesar de o país ter diversas vezes negado estar a fabricar uma bomba nuclear.