A 2 de março de 2020, a ministra da Saúde anunciou os dois primeiros casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus. Volvidos seis dias, quando se registavam 30 casos confirmados de infeção, a Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou o encerramento de todas as escolas e a suspensão de atividades em todos os estabelecimentos de lazer ou culturais dos concelhos de Lousada e Felgueiras, no distrito do Porto. No dia seguinte, já instituições de ensino localizadas em todo o país – incluindo as do Ensino Superior – seguiam este mesmo caminho. E, no dia 10 de março, o primeiro-ministro admitiu formalmente o encerramento das escolas. Os portugueses viram o seu quotidiano completamente alterado da noite para o dia e as crianças e os jovens não foram uma exceção à regra. É o caso de Sebastião, Marta e Matilde Castro Salvaterra que hoje têm, respetivamente, quase 11, nove e quatro anos.
“Nos primeiros quinze dias, foi tudo muito bonito porque nem sequer tínhamos noção daquilo que estava a acontecer. Depois, caiu-me a ficha e percebi que não seria algo passageiro”, diz ao i a mãe das crianças, Madalena, que é educadora de infância e está a viver a quarta gravidez, aguardando ansiosamente o nascimento do bebé Pedro, previsto para março de 2022. “Os meus filhos estavam bem e conseguia dar-lhes atenção, não estavam em autogestão, mas preocupava-me saber que havia meninos que estavam”, admite a cascalense, de 39 anos, que iniciou a carreira profissional há 16.
“Para além das aprendizagens, há a parte social e afetiva da criança, que é muito promovida cara a cara. Antigamente, as famílias eram numerosas. Eu tenho três filhos e estou à espera do quarto”, explica, reconhecendo que sabe que não é esse o panorama habitual, em território nacional, no século XXI. “Em casa brincam, riem, mas é diferente porque não estão com os colegas”, garante, adiantando que existem vertentes como a resolução de conflitos e tarefas para aumentar a autoestima que são “muito mais facilmente trabalhadas” no ensino presencial.
“As crianças podem ser muito boas cognitivamente, mas o mais importante é saberem ouvir um não e ultrapassarem as dificuldades. A maioria dos meninos tem um irmão ou é filho único e, com o confinamento, ficaram muito isolados. Não foi um período de férias, os pais estavam a trabalhar e, portanto, os miúdos ficaram mais agarrados aos ecrãs”, constata, revelando que, enquanto esteve em casa, fez tudo aquilo que estava ao seu alcance para colmatar as dificuldades das famílias mais desfavorecidas. Na sua ótica, as carências ao nível da alimentação podem ter prejudicado o desempenho escolar dos estudantes.
“Havia uma família em que a mãe trabalhava nos refeitórios da escola, o pai em França e, enquanto a situação não era resolvida, perguntei à senhora se precisava de alguma coisa. E ela disse ‘Se pudesse levar-me um bocado de arroz, açúcar e ovos porque os meus filhos querem um arroz doce…’”, lembra. De acordo com as conclusões do estudo “REACT-COVID: Inquérito sobre alimentação e atividade física em contexto de contenção social”, divulgadas em junho de 2020, “o receio da situação económica (10,3%) foi um determinante das alterações alimentares neste período”, na medida em que “um em cada três portugueses (33,7%) manifestou preocupação quanto a uma possível dificuldade no acesso a alimentos e 8,3% indicou mesmo ter dificuldades económicas no acesso”.
“Acho que a pandemia realçou aquilo que temos de pior e melhor: houve mesmo uma veia solidária com as caixas solidárias, por exemplo”, continua Madalena. “Mas, depois, quando voltou tudo ao normal, piorou. O medo de as pessoas se aproximarem, de as crianças estarem juntas e brincarem, todos divididos… Foi assustador. As tais bolhas, o egoísmo… O facto de não partilharem, de não falarem, de não estarem próximos… É problemático. E acho que chegamos a roubar-lhes a infância, de certo modo”, esclarece a profissional. Apesar de ter conseguido “aproveitar a vertente boa” do confinamento, cozinhando ou passeando com os filhos enquanto o marido – engenheiro geógrafo – saía todos os dias para trabalhar, sabe que esse não foi um sentimento transversal.
“Por vezes, quem precisa mais de mim são os pais e não as crianças. Uns ficaram sem rendimentos ou continuaram a trabalhar e os miúdos ficavam com os irmãos mais velhos, com outra pessoa que tivesse disponibilidade…” e, exatamente por este motivo, não baixou os braços e tentou contornar as adversidades originadas pela pandemia, deixando os filhos à guarda da avó, em junho, durante o dia, para ajudar as crianças que acompanhava. “Arranjei uma solução para dar algum apoio aos meus meninos” que tinham idades compreendidas entre os três e os cinco anos. “E quando adormecia a Matilde, que tinha dois anos, queria ficar disponível para falar com os pais e ter reuniões”. “Mudei-me para um novo agrupamento, não sabiam quem era e, das minhas 25 crianças, 21 estavam pela primeira vez na escola”, recorda, recuando até setembro do ano passado. “De manhã e à tarde, eu e a minha auxiliar íamos ao portão receber e levar as crianças dos/aos pais. Havia sempre a troca direta de impressões. Sempre as abracei. Agachava-me, vinham ter comigo e davam-me um abraço. E quando se iam embora, faziam o mesmo. Uma coisa é o ensino à distância, em frente ao computador, e outra é o presencial com o professor ao lado”.
“Por exemplo, a Marta, a minha filha do meio, ficou com lacunas nomeadamente na parte da leitura. E isto ainda é pior naquelas crianças que começaram o 1.º ano em 2019 porque perderam as bases da leitura como os sons”, admite. “Há momentos em que temos de tirar a máscara para perceberem como dizemos as vogais, os ditongos, toda a parte fonética da boca. E claro que isso prejudicou porque temos cada vez mais um ensino mais exigente”, acrescenta.
“Pediam-me abraços de apenas quatro segundos” Além das crianças, também os professores tiveram experiências deveras peculiares quando surgiu a pandemia. E há mesmo quem não conheça o mundo escolar sem equipamentos de proteção individual, desinfeção das mãos constante e a troca de sorrisos ocultados por detrás de máscaras. Por vezes, a solução até passa por “sorrir com os olhos”, segundo Madalena. Mas não é fácil, principalmente para quem ainda se encontra no mundo académico. Quando estava na reta final do mestrado, Rita Coimbra Gomes, atualmente com 24 anos, começou a dar aulas. “A pandemia afetou-me de uma maneira que eu nunca imaginei. Sempre fui uma pessoa de rotinas aceleradas, precisei de gerir aulas, estudos, treinos e jogos de basquetebol. Além disto, houve sempre algumas (por mais pequenas que sejam) tarefas domésticas, amigos e família para visitar”. Quando as restrições foram sendo impostas progressivamente, a jovem residente em Oeiras teve dificuldade em entender como terminaria o segundo ciclo de estudos e, simultaneamente, seria capaz de ensinar.
“O confinamento permitiu-me, pela primeira vez, desde que me lembro, descansar por completo. Inclusive, tinha o Relatório Final de Mestrado para fazer e escolhi descansar e aproveitar o tempo sem fazer nada em vez de escrever. Vi horas de televisão por dia e por noite, joguei horas de PlayStation, comi como nunca antes, até determinado ponto não fiz qualquer tipo de exercício físico e dormi pela vida toda”, avança a rapariga que representa os mais de 50% de jovens universitários cuja saúde mental se agravou desde março de 2020. Segundo o inquérito “Impacto da Covid-19 nos estudantes do Ensino Superior”, levado a cabo pelas Associações e Federações Académicas, 55% dos estudantes afirmaram ter piorado muito o seu estado de saúde mental. E, destes, 38% não esconderam que esses sentimentos tiveram um efeito negativo no seu desempenho académico. Além disso, 53% dos inquiridos aparentavam ter indícios de problemas do foro mental graves e 28% teve mesmo de recorrer a medicação psiquiátrica.
Todavia, Rita reergueu-se. “Voltei a praticar exercício, arranjei nutricionista e, aos poucos, tudo se encaminhou. Mas nunca por completo”, diz, referindo que, neste ano letivo, desempenha funções no Agrupamento de Escolas de Benfica, em Lisboa, lecionando na Escola Básica Pedro de Santarém e na Escola Básica Jorge Barradas. As crianças, habitualmente com idades compreendidas entre os seis e os nove-dez anos, estão “conscientes da situação” e “cumprem muito bem as orientações da escola: desinfetar e lavar as mãos frequentemente, caminhar seguindo os circuitos assinalados (salvo raras exceções), não partilhar lanches, não se sentarem nas mesas dos colegas e não partilharem materiais”.
Curiosamente, à semelhança de Madalena, também Rita foi confrontada com a necessidade de contacto físico demonstrada pelos mais pequenos. “A determinada altura, pediam-me abraços de apenas quatro segundos. Agora vêm para o meu colo se precisam de falar”, nota, observando que, apesar da tenra idade, “mostraram saber afastar-se e aproximar-se consoante o exigido pela pandemia”. Contudo, “não parecem ter medo, mostram ir estando a par das situações” e, apesar de ainda não ter muita experiência “no terreno” e não conseguir dizer a que nível se encontram as aprendizagens no domínio da Língua Portuguesa, do Estudo do Meio e da Matemática, dá aulas de Artes Visuais, Teatro e Música. No âmbito dessas disciplinas, parece-lhe que os alunos estão a cumprir os objetivos. “Parecem ter adquirido as competências estabelecidas pelos documentos orientadores, ressalvando que há sempre diferenças entre os alunos e que uns adquirem umas, outros outras, e alguns todas”.
Mariana Gaio Alves, professora da Universidade de Lisboa (UL) e também presidente do Sindicato do Ensino Superior, entende as vivências de Rita, contando ao i que os professores têm notado, pela experiência do ano passado e deste ano, que a pandemia lançou várias dificuldades tanto para os alunos como também para os docentes. “Ainda existe um grande cansaço relativo ao método de ensino remoto e é uma questão muito negativa do ponto de vista do ensino superior. Isto porque é importante e benéfico não apenas para os alunos, mas também para o trabalho dos professores a interação, que não existe em frente ao computador”.
Em alguns casos verificaram-se perdas nas aprendizagens. Mariana Gaio Alves fala, por exemplo, das unidades curriculares de Laboratório e outros tipos de atividades práticas que não foram possíveis devido à pandemia de covid-19.
“Os professores nada podem fazer sobre o confinamento e, por isso, é importante que lhes sejam dadas todas as condições necessárias para que o ensino à distância seja o melhor possível, sempre dentro das limitações óbvias”, defende. “Digo isto porque durante o confinamento os professores não tiveram qualquer apoio por parte das instituições relativo aos materiais necessários. É preciso combater a pandemia dando aos alunos e aos professores o melhor possível para que a relação aluno-docente seja mantida” apesar das contrariedades, sublinha.
Naquilo que diz respeito à saúde mental, declara que já há “vários estudos feitos que demonstram que os alunos precisavam de apoio psicológico”, mas o essencial é mesmo haver uma maior concentração na aprendizagem dos estudantes, “ganhar competências nas particularidades que cada cadeira demonstra e haver o melhor ensino possível” e, para que tal aconteça, salienta que “os professores também precisam de ser apoiados”.
“Comecei a trabalhar nos estudos sem orientação” Ana Teixeira, de 40 anos, juntou-se a Norberto quando ele já era pai de José, um menino que sofre de autismo. “Tínhamos receio de como iria reagir à máscara, especialmente na escola, por não estarmos lá com ele”, recorda, deixando claro que, para aquele que encara como filho biológico, a adaptação às medidas de contenção foi tudo menos fácil por “adorar carinhos e mimos”. “Na altura, estava no 5.º ano e tinha poucas disciplinas, uma vez que esteve institucionalizado e há 8 anos que eu e o meu marido, que é o pai biológico, lutamos em tribunal pela custódia dele. Nessa altura, já tínhamos a custódia provisória e conseguimos gerir o confinamento e as aulas em casa”, afirma a funcionária pública que ficou em casa e teve “todo o tempo” para acompanhar o pré-adolescente.
“Tive de adaptar imensas coisas da escola, já que ao abrigo da legislação ele tem algumas medidas específicas nos testes, trabalhos de casa, etc. e os professores de educação especial. Na altura, o diretor de turma não sabia muito bem como fazer. Enviei-lhe logo um e-mail e comecei a trabalhar em casa sem orientação”, aponta, indicando que, naquilo que concerne a saúde mental, a mesma não se deteriorou completamente porque tentaram sair de casa e aproveitar as atividades ao ar livre. “Fomos à tapada de Mafra porque ele tinha de fazer um trabalho e juntámos as duas coisas já que não tínhamos lá ido ainda. No segundo confinamento, no 6.º ano… As coisas pioraram”, elucida, considerando que o facto de o menino ter “aulas todo o dia online” conduziu a que agisse de forma agressiva. A terapia da fala à distância “também não resultou”. Mas Ana decidiu reduzir o tempo de assistência às aulas para cinco minutos e deu o melhor para transmitir conhecimentos a José. “Sem interferência de colegas e professores, começou a recuperar a nível escolar e também deixou de ser agressivo, uma vez que estar muito tempo no computador tem este problema, que o diretor de turma não entendia” e, por esta razão, marcava-lhe falta.
O foco, enquanto adultos, pais, ou qualquer outra figura de liderança na sociedade, é “oferecer às crianças um modelo de autorregulação das crises” e que integrem respostas que sejam “emocionalmente inteligentes”, começa por abordar a psicóloga Danielle Capella, em declarações ao i, sugerindo que se faça uma introspeção de como cada pessoa reage à pandemia, e a qualquer outra crise e perceber o poder de influência que tem nos mais jovens.
“O que é que eu estou a passar para o meu filho? Qual é a mensagem que quero passar? A criança sente que os adultos que a rodeiam são bons decisores?”, desafia a Licenciada em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Mestre em Estudos sobre as Mulheres pela Universidade Nova de Lisboa e Pós-Graduada em Educação Emocional pelo Instituto Politécnico de Bragança. “Se há um foco importante em termos de saúde mental é lidar com a incerteza e com o inesperado”, defende.
Mas não só: também realça “a atenção que se deve dar às fake news e à informação que as crianças e jovens têm acesso e por onde se informam”. Um ambiente de incerteza – como a pandemia – pode afetar as pessoas e pode “aumentar o nível de ansiedade, assim como a capacidade de concentração” – que muitas das vezes se traduz em contexto escolar. Mas há que perceber que o ser humano “tem a capacidade de intervir na crise” e a postura de como lida com ela incentiva as outras pessoas. Isto acontece porque “as emoções são contagiantes”.
A ideia de que “tudo é preto e branco” ou de que “tudo é inevitável” acaba por “tirar uma construção de resposta ao problema”. Sobre o sucesso escolar das crianças e dos jovens, a psicóloga diz ser preciso ir mais longe e não pensar apenas nas notas: é necessário pensar no processo de aprendizagem. “Não se pode falar em notas das crianças retirando-as do seu contexto. É necessário perceber e pensar na comunidade escolar. O adulto também precisa de cuidado e de apoio para que possa estar bem. É importante olhar, com cuidado, para a comunidade escolar e não apenas para as notas. É preciso um olhar focado no futuro e que dê respostas aos problemas”.
“O que noto é que aparecem mais jovens hoje em dia nas consultas” Mas engana-se quem pensar que estas dificuldades assolaram apenas os mais pequenos. Catarina (nome fictício) tem um filho de 18 anos que reprovou nos dois últimos anos letivos. “Ele não tem dificuldades de aprendizagem, só que não gosta de escola, nunca gostou. Acha que não serve para nada. Era pequenino quando aprendeu a ler e escrever e queria sair da escola quando começou o primeiro confinamento” e, deste modo, marcava presença nas aulas virtuais “mas depois não estava lá. Ficava a jogar”.
“Eu sempre me apercebi disso porque estava em casa também, estive em layoff. Inclusive, fui trocando e-mails e telefonemas com a diretora de turma, mas, mesmo com conversas entre todos, o resultado foi sempre o mesmo. Como já estava com 17 anos no 9.º ano, conversei com ela para vermos outras hipóteses porque ia ser muito mais velho do que os colegas. E já achava, no ano passado, que os colegas eram muito infantis”. Refletindo acerca do seu futuro com a mãe, o jovem chegou à conclusão de que o rumo a seguir passaria pela frequência de um curso de Cozinha e Pastelaria. “Preocupa-me profundamente se houver um novo confinamento, porque é possível que ele se desinteresse novamente. Por exemplo, às quintas, tem aulas práticas de cozinha e, às sextas, de pastelaria. Ele prefere a vertente prática” e, tendo em conta o cenário hipotético do regresso às aulas virtuais, Catarina acha que o mesmo pode ser concretizado de uma forma mais fluida e frutífera agora. “Vou sempre incentivá-lo a estudar porque a escola pode adaptar o curso: passar os módulos teóricos para um período de confinamento e os práticos para um período de desconfinamento. Ou então ficam em casa para as aulas teóricas e vão à escola para ter as aulas práticas”.
“Qualquer situação que obrigue a uma mudança nas rotinas habituais de uma pessoa vai afetar, naturalmente, aqueles que são mais frágeis: os mais velhos, mas também as crianças e os jovens. Porquê? Porque ainda não têm maturidade suficiente para lidar com as mudanças a que a pandemia de covid-19 obrigou”, explica ao i o médico psiquiatra Fernando Medeiros Paiva. “Os jovens ficam em casa mais tempo, não fazem tanta atividade física, levantam-se mais tarde, têm maior intensidade de luz quando deviam ter escuridão e tudo isto afeta os mais frágeis”. Como resultado de todo este bolo, o aumento de ansiedade e de crises de pânico “estão a ser muito mais frequentes exatamente por isso, mudaram rotinas de forma muito acentuada”.
Antigo chefe de serviço hospitalar no Hospital de São João e membro do Conselho de Administração e da Direção Clínica da Casa de Saúde Santa Catarina, Medeiros Paiva considera essencial os professores perceberem como agir no momento em que um aluno tenha um ataque de pânico ou de ansiedade. Isso começa, em primeiro lugar, pelos docentes perceberem de facto em que consistem. “Não basta só a palavra. Claro que a palavra é importante, assim como o tom a que se coloca. Mas também é muito importante a respiração”, salienta, porque numa crise de ansiedade as pessoas começam a respirar muito depressa. “Duvido que os professores estejam preparados para lidar com este tipo de situação. Existem alguns que têm interesse e que leem sobre o assunto. Mas, infelizmente, não são a maior parte”.
Existem alunos que depois de terem sofrido uma crise de pânico “já não vão à escola porque têm medo de ter uma outra crise na instituição e, evidentemente, o percurso escolar vai por água abaixo”. Todo o ser humano precisa de um “bocadinho de ansiedade”, caso contrário não consegue produzir. O problema aparece quando essa ansiedade vem em demasia e acaba por ter o efeito contrário: o indivíduo “bloqueia e não consegue produzir”. E se os alunos têm perturbações de ansiedade “têm de ser tratados” e “têm de procurar ajuda”. A maior parte dos casos tem uma crise e depois a sua confiança “fica cada vez mais minada”.
“A pandemia veio agravar muito a situação. O que noto é que aparecem muito mais jovens hoje em dia, nas consultas, do que apareciam antes da pandemia de covid-19 e aparecem muitas das vezes com ansiedade, até mais do que depressão – que costuma aparecer já numa idade mais avançada”. A melhor maneira de lutar contra a pandemia e manter a saúde mental saudável é havendo “regras de higiene, boa alimentação, bom horário de sono e ter rotinas saudáveis”, remata.