Evie processou o médico da mãe por alegar que nunca deveria ter nascido e ganhou caso em tribunal

Evie processou o médico da mãe por alegar que nunca deveria ter nascido e ganhou caso em tribunal


O caso regressará a tribunal para que o valor total da indemnização de Evie seja decidido. Tal somente não acontecerá se as partes chegarem a um acordo fora das instâncias judiciais.


A jovem Evie Toombes, que processou o médico da sua mãe alegando que nunca deveria ter nascido, ganhou o direito a receber milhões de libras em danos. Por sofrer de espinha bífida, malformação congénita em que há alteração no processo de formação da medula espinhal e estruturas que a protegem, levou o médico Phillip Mitchell a tribunal por não ter aconselhado a mãe a tomar suplementos – que considera vitais – antes de engravidar.

Evie explicou que, na sua ótica, se o profissional de saúde tivesse dito a Caroline que precisava de tomar ácido fólico para minimizar o risco de o seu bebé vir a ter espinha bífida, ela teria adiado a gravidez. Isso, por sua vez, significaria que Evie nunca teria nascido. Assim, numa decisão única na Suprema Corte de Londres, a juíza Rosalind Coe apoiou o caso de Evie e concedeu-lhe o direito a receber, segundo a imprensa britânica, "uma enorme indemnização".

Os advogados de defesa da rapariga disseram anteriormente que a quantia que Evie está a reivindicar ainda não havia sido calculada, mas confirmaram que seria "grande", uma vez que cobriria o custo das suas extensas necessidades de cuidados de saúde até ao final da vida. A inglesa, que compete contra cavaleiros deficientes e não portadores de deficiência, processou o médico "por ter nascido danificada", disse a sua advogada Susan Rodway em tribunal.

A magistrada concluiu que Mitchell não tinha informado Caroline, de Skegness, Lincolnshire, acerca da importância de tomar suplementos de ácido fólico antes de engravidar. E, se ela tivesse sido informada, teria adiado a conceção e, em vez disso, teria um bebé diferente, totalmente saudável, acrescentou a juíza. Durante o julgamento, no mês passado, o tribunal ouviu que Caroline, de 50 anos, consultou Mitchell, no seu consultório em Hawthorn, para discutir os seus planos de ter um primeiro filho em fevereiro de 2001. “Esta foi uma decisão muito preciosa para começar uma família, porque ela mesma havia perdido os pais quando era jovem”, disse Rodway a Coe. “Eles abstiveram-se de relações sexuais até terem recebido conselhos nesta consulta".

À sua vez, Michael De Navarro, advogado do médico, negou a responsabilidade deste, sugerindo que Caroline já poderia estar grávida quando foi à consulta. O profissional adiantou à juíza que Mitchell alegou ter dado “conselhos razoáveis” sobre a conveniência de tomar suplementos de ácido fólico, pois costumava dizer aos futuros pais que 400 microgramas deveriam ser tomados pelas mulheres que se preparavam para a gravidez e também durante todo o primeiro trimestre desta.

O caso regressará a tribunal para que o valor total da indemnização de Evie seja decidido. Tal somente não acontecerá se as partes chegarem a um acordo fora das instâncias judiciais.