Arménia e Azerbaijão voltam a acusar-se mutuamente de ataques

Arménia e Azerbaijão voltam a acusar-se mutuamente de ataques


Estes incidentes fronteiriços não são os primeiros, mas os mais graves desde o término, em novembro de 2020, da guerra de 44 dias entre arménios e azeris em torno do enclave do Nagorno-Karabakh, que terminou com a vitória do Azerbaijão.


A Arménia e o Azerbaijão voltaram a acusar-se hoje de ataques na fronteira em violação do cessar-fogo firmado na terça-feira, sob mediação da Rússia, e após vários dias de confrontos armados.

"Na noite passada, as tropas azeris abriram fogo indiscriminadamente contra várias áreas do distrito Tavush, na fronteira arménia-azeri", denunciou em comunicado o Ministério da Defesa da Arménia.

O ministério sublinhou que "o fogo azeri foi silenciado" devido à resposta das forças armadas arménias.

Por sua vez, o Azerbaijão acusou a Arménia de atacar na noite de quarta-feira, com "armas de diversos calibres", as posições das suas tropas "em cinco aldeias fronteiriças".

Baku e Erevan não se referiram hoje a eventuais baixas entre as suas forças, como sucedeu nos confrontos fronteiriços dos últimos dias em que foram mortos sete soldados azeris e um arménio.

O Kremlin (Presidência russa) referiu que a mediação do Presidente russo, Vladimir Putin, foi decisiva para o restabelecimento na terça-feira do cessar-fogo na fronteira entre os dois países do Cáucaso do sul, que proclamaram a independência em 1991 na sequência da desagregação da União Soviética.

Estes incidentes fronteiriços não são os primeiros, mas os mais graves desde o término, em novembro de 2020, da guerra de 44 dias entre arménios e azeris em torno do enclave do Nagorno-Karabakh, que terminou com a vitória do Azerbaijão.

Com um decisivo apoio da Turquia, o Azerbaijão recuperou o controlo de sete distritos ocupados há quase 30 anos pelos arménios e parte da região do Nagorno-Karabakh.

Este enclave, com maioria de população arménia (cristãos ortodoxos) e que se encontra em território do Azerbaijão muçulmano, proclamou a sua independência também em 1991 e solicitou a sua integração na Arménia.

Seguiu-se um violento conflito entre estas duas ex-repúblicas soviéticas (1992-1994) que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, na ocasião com predomínio militar arménio, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram frequentes, em particular durante a guerra de quatro dias em 2016.

A declaração de independência do enclave Nagorno-Karabakh foi legitimada por três referendos organizados pelas autoridades arménias locais (1991, 2006 e 2017), mas nunca foi reconhecida internacionalmente, incluindo pela Arménia.