"Os diamantes são os melhores amigos das mulheres”, cantava Marilyn Monroe, no filme Os Homens Preferem as Loiras, de 1953. Mas na verdade esta pedra preciosa é cobiçada no mundo por qualquer um, pelo seu valor e raridade, sendo um negócio extremamente lucrativo.
Tanto que as suas ligações ao contrabando já foram retratadas em vários filmes, como em 007 – Os Diamantes São Eternos, de 1971, no qual o famoso personagem James Bond se dedica a investigar o roubo de grandes quantidades de diamantes na África do Sul para contrabando. Ou então em Diamante de Sangue, de 2006, que aborda a temática dos diamantes extraídos em zonas de guerra africanas e vendidos para financiar conflitos.
A ganância por estas pedras preciosas é tanta que um dos maiores roubos da história teve exatamente que ver com diamantes. Em novembro de 2019, foram roubadas joias com diamantes de “valor inestimável” do museu Grünes Gewölbe, na cidade alemã de Dresden.
O museu que é conhecido por ter uma das coleções mais importantes de joias antigas da Europa, na altura disse que era “provavelmente o maior roubo de arte desde a Segunda Guerra Mundial”, superando o roubo no Gardner Museum, em Boston, nos EUA, que resultou num prejuízo de 500 milhões de dólares (454 milhões de euros).
E estas pedras podem atingir preços verdadeiramente exorbitantes. Em 2015, um diamante azul com cerca de 12,03 quilates foi vendido pela leiloeira Sotheby’s, em Genebra, por um preço recorde de 43,2 milhões de francos suíços (cerca de 40 milhões de euros). Foi o “preço mais alto por quilate” alguma vez conseguido em diamantes.
Nesse mesmo ano, foi descoberto na mina de Karowe, no Botsuana, um outro diamante, o ‘Lesedi la Rona’, que foi a leilão em 2016 em Londres pela Sotheby’s. Esperava-se que pudesse atingir um valor superior a 60 milhões de euros. Tem 1.109 quilates (222 gramas) é quase do tamanho de uma bola de ténis e é o maior diamante descoberto em mais de cem anos.
Em setembro de 2016, o diamante mais caro de sempre foi comprado pela empresa De Grisogono, num leilão privado da Sothebys, de Londres por 56 milhões de euros. Com o nome de “The Constellation”, tem 813 quilates, mede 6 centímetros e foi encontrado no Botswana.
O Cullinan, o maior diamante alguma vez encontrado, pesava cerca de 3 106 quilates e foi descoberto em 26 de janeiro de 1905 por Frederick Wells, gerente da mina Premier, em África do Sul.
Apesar de não haver minas de diamantes no continente europeu, a verdade é que a busca pelo diamante perfeito sempre foi associada à cidade de Antuérpia, na Bélgica. Um lugar de extrema importância para o comércio internacional, sendo legitimamente reconhecida como a capital desta pedra preciosa. Mas as incontáveis joalharias, mais o vaivém de judeus ortodoxos nas ruas, fazem jus a essa distinção, por aqui acontecer cerca de 86% do comércio mundial de diamantes.
O comércio de diamantes nesta cidade portuária começou há cerca de 500 anos, quando as primeiras pedras em bruto foram trazidas da Índia. Gradualmente, os comerciantes e lapidadores locais de diamantes ganharam destaque pela sua atenção ao detalhe e pela seleção exuberante que detinham. De tal forma, que no século XVI, até mesmo o Rei Francisco I de França começou a encomendar os seus diamantes dos lapidadores estabelecidos na Antuérpia, em vez de em Paris.
O reconhecido distrito de diamantes da Antuérpia concentra quatro dos mercados de diamantes mais importantes do mundo: o Beurs Voor Dianthandel, o Diamond Club Van Antwerpen, o Vrije Dianthandel e o Antwerpse Diamantkring, cada um especializado em diferentes tipos de diamantes, seja em bruto, polidos ou ásperos. É ainda um pólo de todas as principais empresas de mineração de diamantes, que fornecem diamantes para milhares de revendedores em todo o mundo.
É também no coração da cidade, no Hoveniersstraat, que está localizado o Centro Mundial de Diamantes de Antuérpia (AWDC), uma das empresas que representa oficialmente e coordena o setor de diamantes, estando encarregue de gerir a importação e a exportação de diamantes dentro e fora de Antuérpia. Mas como é que uma cidade como esta se torna o destino internacional mais óbvio para comercializar diamantes?
De acordo com o DIVA, o museu de diamantes, joalharia e pratas de Antuérpia, no final do século XV, o comércio de diamantes estava centralizado na Índia e os judeus sefarditas portugueses dedicavam-se a esta atividade, por ser das poucas da qual não tinham sido banidos, dadas as históricas perseguições. Quando foram expulsos de Portugal, no século XVI, refugiaram-se na Bélgica e transferiram o negócio para Antuérpia, devido ao porto marítimo.
A sua localização estratégica, no rio Scheldt, tem acesso direto ao Mar do Norte. A primeira evidência da existência de comércio de diamantes da cidade remonta a 1447. Foi naquela época que um magistrado da cidade emitiu um decreto para medidas contra o comércio de pedras preciosas falsas, incluindo diamantes.
Mais tarde, após o final da Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica dominou esta indústria, elevando Antuérpia à qualidade de capital dos diamantes. Hoje, cerca de 1500 empresas de diamantes estão sediadas naquela cidade belga, contando com parceiros em minas sul-africanas, australianas, russas e canadianas que enviam diamantes para Antuérpia.
Ainda assim, há outros locais que se começam a destacar no negócio dos diamantes. Um deles é o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em 2019, aquela cidade negociou 21,2 mil milhões de dólares em diamantes, segundo o Dubai Multi Commodities Centre (DMCC).