Diamantes. Como se determina o valor desta pedra preciosa?

Diamantes. Como se determina o valor desta pedra preciosa?


Raros, belos e indestrutíveis: as variáveis que afetam a qualidade de um diamante e que fazem desta a pedra preciosa mais valiosa do mundo.


É o mineral mais duro que existe na natureza, não fosse o seu nome originário da palavra grega ‘adamas’, cujo significado remete para a sua qualidade indestrutível. E a sua raridade faz com que seja a pedra preciosa mais valiosa do mundo. Mas o que determina o valor de um diamante?

De acordo com o Museu do Diamante, em Amesterdão, Holanda, para se chegar ao seu preço, é preciso ter em atenção quatro fatores de qualidade. Estes foram estabelecidos naquela cidade holandesa em 1975, durante o congresso da Federação Mundial de Bolsas de Diamantes (WFDB) e da Associação Internacional de Fabricantes de Diamantes (IDMA). Este sistema, denominado como os 4 Cs, foi convencionado internacionalmente a partir das palavras quilate (carat em inglês), cor, claridade e corte.

Em termos práticos isto significa que quanto maior o diamante e mais fina a cor, maior é o seu valor. E quanto maior clareza apresentar e melhor for o seu corte, mais perfeito ele será.

No que se refere ao peso, esta pedra preciosa é medida em quilates, sendo que um quilate equivale a 0,2 gramas e pode ser ainda subdividido em 100 pontos. Quanto à cor, a maioria varia entre tons muito claros de amarelo e castanho. Mas para entendermos como surge a cor, temos de perceber como os diamantes se formaram na natureza. Os diamantes surgem da cristalização de átomos de carbono. Estes cristais surgiram há milhões de anos, a uma profundidade de 140 a 200 quilómetros no manto terrestre, quando o carbono foi exposto a uma pressão muito alta (até 70 mil kg por cm2) e a uma temperatura muito alta (até 2 mil graus Celsius).

Assim, a cor pode surgir como resultado da infiltração de elementos químicos na estrutura atómica, nos quais se incluem o nitrogénio (que origina o amarelo), magnésio (rosa), rádio (verde) e boro (azul), entre outros. O vermelho é a cor mais rara e, portanto, das mais caras. Contudo o branco, ou incolor, é o que melhor reflete a luz. A cor pode ainda ser alterada artificialmente por irradiação com elétrons. Quando isso acontece deve ser mencionado no certificado destes diamantes ‘Cor artificial por tratamento’.

A cor de um diamante pode ser segmentada em nove gradações. A River é a mais brilhante e apresenta-se como um branco excecional. Segue-se a Top Wesselton (branco raro), Wesselton (branco), Top Crystal e Crystal (ligeiramente branco), Top Cape (branco matizado), Cape (ligeiramente amarelado), Light Yellow (amarelado) e Yellow (amarelo).

A maioria dos diamantes sofre falhas durante o processo de cristalização que diminuem o valor do diamante. Estas falhas apenas podem ser observadas com o auxílio de uma lupa, e consoante a quantidade determinam a clareza.

A clareza também pode ser estabelecida em sete níveis. Os níveis indicam o grau de imperfeição da pedra. Quanto menos imperfeições tiver, mais belo e valioso será. O mais perfeito é o Flawless (sem falhas, limpo à lupa), depois vem o V.V.S.I. (contém falhas pouco percetíveis), segue-se o V.S.I. (tem falhas muito pequenas), o S.I. (com falhas pequenas), o Piqué 1 (tem algumas falhas), o Piqué 2 (com falhas distintas) e o Piqué 3 (tem falhas grosseiras).

Segundo o Museu do Diamante, ao longo dos séculos, surgiram diferentes tipos de cortes, em parte como consequência do progresso tecnológico. Antes de 1400, a forma de cristal mais usada era o octaedro – duas pirâmides com as bases juntas. Mais tarde, também o corte em forma de mesa entrou em moda. Mas foi no final do século XV, que o polidor Lodewijk van Berken, natural da Antuérpia, inventou uma ferramenta revolucionária de polimento. Em resultado disso, foi possível o corte em faces simétricas. Assim, no século XVI, surgiu o corte rosa, muito procurado na Europa, e a partir do século XVII, os diamantes foram pela primeira vez cortados na forma de um brilhante com múltiplas faces. Dependendo de suas proporções, o brilhante redondo com 57 faces é o corte ideal, frequentemente utilizado em anéis de noivado e noutras joias.

Mas nem todos podem ser cortados neste formato. “Para atingir a máxima reflexão de luz o diamante tem de ter as medidas ideais. Nem pode ser demasiado plano, nem demasiado grosso para o corte”, explica o museu. Outros cortes são o Pear, Heart, Emerald, Oval, Princess, Marquese, entre outros.

Antes de o diamante obter a aparência com que chega às lojas, esta pedra tem de passar por um longo processo desde a sua extração à refinação.

Acredita-se que os primeiros diamantes foram encontrados na Índia, já em 800 aC. E este país continuou a ser um dos principais fornecedores mais importantes até o século XVIII. Em 1725, os diamantes foram descobertos no Brasil, depois na Rússia em 1829, na Austrália em 1851, na África do Sul em 1866 e na Sibéria Oriental em 1948.

Atualmente, os diamantes podem ser encontrados em mais de 20 países em todo o mundo, embora não no continente europeu.

Depois de extraídos da natureza, através de escavações, para fazer de um diamante em bruto uma pedra preciosa, todo o processo de refinamento deve ser feito com vários cuidados, pois em caso de erro, o mineral pode desintegrar-se em pequenos fragmentos. “Os processos devem ser meticulosos e suaves para que a pedra, uma vez áspera e irregular, se torne uma gema mágica que mostra brilho e delicadeza”, descreve o museu holandês.

Em primeiro lugar, é marcada com tinta a posição onde a pedra deve ser fendida ou serrada. Posteriormente, com outro diamante, faz-se uma ranhura no local onde a pedra deve ser clivada. Depois segue-se um golpe com um cotelo e um martelo. É então que o diamante se divide em dois. Esta técnica já não é muito usual, tendo sido amplamente substituída pela serragem ou, em diamantes maiores, pelo corte a laser.

Outra técnica usada para arredondar a forma passa por afiar um diamante contra outro diamante. Isto porque, dada a sua dureza, apenas um diamante pode riscar outro diamante. As moagens que advêm deste processo são depois recuperadas e utilizadas para fins industriais.

Para que o diamante brilhe tem de ser polido. No passado, era costume fixar a pedra a uma tampa de chumbo, que era preso a uma espiga de madeira pinça com um cabo de cobre. Hoje em dia, o polidor coloca a pedra diretamente numa espiga de polimento. Assim, as facetas são lapidados com uma lâmina giratória na horizontal. Essa lâmina é revestida com óleo e pó de diamante. Neste processo, o diamante pode chegar a perder até 70% de seu peso.

Os principais centros de polimento são em Amesterdão (Holanda), Antuérpia (Bélgica), Banjarmasin (Indonésia), Joanesburgo (África do Sul), Bombaim (Índia), Nova Iorque (EUA) e Tel Aviv (Israel).

Do total da produção mundial, apenas 5% é destinado à joalharia. O resto é para aplicações industriais, uma vez que os diamantes de joalharia são lapidados num número limitado de locais no mundo.

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