Obrigado… Por nada


Da COP26 já sabemos qual vai ser o resultado – um rotundo fracasso.


Um dos meus primeiros artigos escritos aqui mesmo há dois anos questionava no título sobre a o compromisso, firmado em Paris na Cimeira do Clima em limitar o aquecimento global em 1,5 graus centígrados.

Desde então o mundo atravessou uma Pandemia sem precedentes, que ainda continua a matar, e a ação humana dos povos e das nações pouco ou nada fez para combater as alterações climáticas, excecionando aqueles momentos de incerteza que pararam o mundo, deixando aviões em terra e ruas desertas de trânsito.

Dois anos volvidos, a história mantêm-se idêntica. Em dezembro de 2019 escrevia o seguinte:

“É um facto que a humanidade está neste momento a gastar mais recursos naturais que aqueles que deveria. Seja derivado do aumento da população, do consumo excessivo e desmesurado por parte dos países mais desenvolvidos, seja porque os cidadãos daqueles países, que antes apelidávamos de terceiro mundo, estejam também eles a consumir mais recursos que há décadas atrás, a verdade é que o caminho que se tem percorrido por parte dos decisores políticos é claramente insatisfatório, ora porque cedem aos grandes interesses económicos mundiais não adotando regras exigentes para estes agentes económicos, ora porque o esforço para redução do consumo é claramente inexistente, pois os modelos de desenvolvimento económico continuam assentes no crescimento do consumo.

Outro facto tem a ver com a correlação entre o aumento dos gases de efeitos estufa, mormente o carbono, e o aquecimento global. Independentemente de ainda haver céticos à escala global quanto a esta evidência científica, a realidade é que os Estados continuam a não fazer mais que declarações proclamatórias em prol da descarbonização em vez de adaptarem os seus quadros legais a uma efetiva descarbonização.

Após o falhanço de Quioto e o possível com o acordo de Paris, em que se assume um objetivo comum com a ambição de ter um dos países mais poluidor do mundo – EUA – comprometido com esta agenda de luta contra as alterações climáticas, sem, contudo, nada de concreto e palpável, não podemos deixar de mostrar o nosso ceticismo em relação ao papel que os Estados-Nação podem desempenhar neste combate pela existência humana na Terra. Importa, no entanto, realçar o papel que a, muitas vezes disfuncional, União Europeia tem tido na liderança nesta matéria. Daí as baixas expectativas quando ao resultado da COP25.

As políticas de ambiente sempre se viram confrontadas ao longo do tempo com a eterna dicotomia entre o antropocentrismo e o ecocentrismo. Estamos num momento, em que independentemente da perspetiva que se adote, tudo está em jogo e a nossa existência e dos nossos filhos se encontra em risco. O tempo é de urgência. Ações concretas precisam-se.”

Em novembro de 2021, duas voltas ao Sol depois, a urgência é ainda mais urgente, e caminha-se a passos largos para a destruição do mundo como o conhecemos.

Da COP26 já sabemos qual vai ser o resultado – um rotundo fracasso.

Obrigado… Por nada


Da COP26 já sabemos qual vai ser o resultado – um rotundo fracasso.


Um dos meus primeiros artigos escritos aqui mesmo há dois anos questionava no título sobre a o compromisso, firmado em Paris na Cimeira do Clima em limitar o aquecimento global em 1,5 graus centígrados.

Desde então o mundo atravessou uma Pandemia sem precedentes, que ainda continua a matar, e a ação humana dos povos e das nações pouco ou nada fez para combater as alterações climáticas, excecionando aqueles momentos de incerteza que pararam o mundo, deixando aviões em terra e ruas desertas de trânsito.

Dois anos volvidos, a história mantêm-se idêntica. Em dezembro de 2019 escrevia o seguinte:

“É um facto que a humanidade está neste momento a gastar mais recursos naturais que aqueles que deveria. Seja derivado do aumento da população, do consumo excessivo e desmesurado por parte dos países mais desenvolvidos, seja porque os cidadãos daqueles países, que antes apelidávamos de terceiro mundo, estejam também eles a consumir mais recursos que há décadas atrás, a verdade é que o caminho que se tem percorrido por parte dos decisores políticos é claramente insatisfatório, ora porque cedem aos grandes interesses económicos mundiais não adotando regras exigentes para estes agentes económicos, ora porque o esforço para redução do consumo é claramente inexistente, pois os modelos de desenvolvimento económico continuam assentes no crescimento do consumo.

Outro facto tem a ver com a correlação entre o aumento dos gases de efeitos estufa, mormente o carbono, e o aquecimento global. Independentemente de ainda haver céticos à escala global quanto a esta evidência científica, a realidade é que os Estados continuam a não fazer mais que declarações proclamatórias em prol da descarbonização em vez de adaptarem os seus quadros legais a uma efetiva descarbonização.

Após o falhanço de Quioto e o possível com o acordo de Paris, em que se assume um objetivo comum com a ambição de ter um dos países mais poluidor do mundo – EUA – comprometido com esta agenda de luta contra as alterações climáticas, sem, contudo, nada de concreto e palpável, não podemos deixar de mostrar o nosso ceticismo em relação ao papel que os Estados-Nação podem desempenhar neste combate pela existência humana na Terra. Importa, no entanto, realçar o papel que a, muitas vezes disfuncional, União Europeia tem tido na liderança nesta matéria. Daí as baixas expectativas quando ao resultado da COP25.

As políticas de ambiente sempre se viram confrontadas ao longo do tempo com a eterna dicotomia entre o antropocentrismo e o ecocentrismo. Estamos num momento, em que independentemente da perspetiva que se adote, tudo está em jogo e a nossa existência e dos nossos filhos se encontra em risco. O tempo é de urgência. Ações concretas precisam-se.”

Em novembro de 2021, duas voltas ao Sol depois, a urgência é ainda mais urgente, e caminha-se a passos largos para a destruição do mundo como o conhecemos.

Da COP26 já sabemos qual vai ser o resultado – um rotundo fracasso.