O Sindicato dos Enfermeiros (SE) decidiu desmarcar a greve convocada para 3 e 4 de novembro, justificando posição com atual conjuntura política do país devido ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
"Considerando as circunstâncias criadas no dia 27 de outubro pelo chumbo do Orçamento do Estado e a eminência de dissolução da Assembleia da República, já anunciada pelo Presidente da República Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, com implicações inevitáveis nos poderes negociais do Governo, os sindicatos decidiram em reunião conjunta desconvocar a Greve Nacional anunciada publicamente para 3 e 4 de novembro", lê-se no comunicado, publicado na página Sindepor da plataforma Facebook.
"Esta é uma forma de luta que, neste momento, perde relevância", afirma o presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Pedro Costa, em comunicado, citado pela agência Lusa.
Porém, esta decisão não invalida "um milímetro" as principais reivindicações do SE: "o reconhecimento e valorização dos enfermeiros", frisou Pedro Costa. Recorde-se que na quinta-feira, mais de 200 enfermeiros estiveram em frente à Assembleia da República a reivindicar por aquilo que continuam a lutar há várias décadas: valorização do trabalho, o descongelamento das carreiras, melhores salários e contratação de mais trabalhadores para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Também com o chumbo da proposta de OE2022, "é previsível que o primeiro trimestre de 2022 seja governado com recurso a duodécimos", afirmou o dirigente, explicando que isto poderá significar que não será "gasto nem mais um cêntimo do que a verba gasta em igual período" deste ano, "o que inviabiliza, até aprovação de novo orçamento, a satisfação das nossas reivindicações".
"Queremos ouvir o que os partidos têm para nos dizer, de que forma pretendem valorizar a nossa profissão se forem empossados como Governo", assinalou, ao dizer que "não bastam as finais da Liga dos Campeões, as palmas à janela ou os votos de louvor em eventos públicos".
De acordo com Pedro Sousa, "os enfermeiros estão cansados de promessas, desmotivados e exaustos após dois anos de uma exigência e dedicação brutais" devido à propagação da covid-19 em Portugal, notando que a "taxa de absentismo entre os enfermeiros está a crescer de forma significativa porque muitos estão em risco de 'burnout'.
Estando à vista o tempo frio do inverno, o dirigente da SE teme que a procura do SNS leve os enfermeiros à exaustão total e acabem por entrar de baixa", agravando os serviços que "já de si estão deficitários de recursos humanos".
O presidente do SE acentou não entender como o Governo de António Costa foi incapaz de resolver todos estes problemas, "quando até o vice-almirante Gouveia e Melo reconheceu que os enfermeiros foram o pilar do Serviço Nacional de Saúde nos últimos dois anos", esperando que "haja maior disponibilidade do próximo Executivo".
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