Após audiências com Marcelo, quase todos os partidos escolhem 16 de janeiro para dia de eleições

Após audiências com Marcelo, quase todos os partidos escolhem 16 de janeiro para dia de eleições


Feitas as contas, a maioria dos partidos preferem as eleições a 16 de janeiro: PS, BE, PSD, CDS, Chega, PEV e PCP estão a favor que Portugal vá a votos na segunda semana do ano, enquanto PAN e IL optam por datas mais tardias. Ainda assim, a decisão está nas mãos do Presidente da República. 


O Partido Socialista (PS) foi o último partido com assento parlamentar a ser ouvido pelo Presidente da República e que se junta ao grupo de de partidos que quer que as eleições legislativas sejam "tão breves quanto possível", portanto no dia 16 de janeiro. Apenas PAN e Iniciativa Liberal se mostraram contra as eleições nas duas primeiras semanas de janeiro.

Para garantir "as condições de governabilidade adequadas às necessidade do país”, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, indicou a data de 16 janeiro como ideal para um momento em que este considerou como “o ponto crucial para o PS”.

Questionado sobre a dissolução da Assembleia da República a meio de novembro e se poderá inviabilizar a conclusão de certos diplomas, José Luís Carneiro não adiantou informações para não "condicionar" o poder do Presidente. "O momento de dissolução é do Presidente e só o Presidente pode determinar qual é esse momento e o que significa do ponto de vista das decisões que o Parlamento terá de tomar”, respondeu o secretário-geral adjunto aos jornalistas.

As duas líderes dos partidos Bloco de Esquerda (BO) e PAN foram as que realçaram com firmeza a questão dos diplomas que ainda estão por concluir no Parlamento.

Para Catarina Martins, o Parlamento pode continuar a executar as suas funções, tais como avançar com "as atualizações que estavam anunciadas, nomeadamente do salário mínimo nacional bem como das pensões, de algumas prestações sociais e dos salários da função pública", sustentando que "a folga orçamental deste ano dá perfeitamente para acomodar tudo isso". Relativamente às eleições, o BO disse que seriam "impossíveis" antes de 16 de janeiro.

Já Inês Sousa Real, que defendeu que as eleições antecipadas devem ser realizadas entre final de janeiro e início de fevereiro, disse que a Assembleia da República deve ter tempo para fechar alguns diplomas, como a lei de bases do clima, os projetos ligados à petição sobre o luto parental, o alargamento da criminalização dos maus-tratos a animais que não os de companhia ou o combate à corrupção.

Contudo, Rui Rio quer romper com o Parlamento "o mais rápido possível", mesmo que haja "uma situação ou outra excecional" por aprovar, para não "andar aqui a arrastar uma Assembleia da República que sabe que vai ser dissolvida e que não tem força política”.

Quem considerou as eleições para a data mais cedo possível foi Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, que apontou o dia 9 de janeiro para as legislativas. A crise política instalada obriga a "colocar o país à frente" de tudo e todos os partidos, ao sublinhar que a "vida interna dos partidos não deve condicionar todo o interesse nacional", disse o presidente do CDS, que hoje perdeu vários militantes do seu partido depois de um controverso Conselho Nacional.

André Ventura, que escolheu a data eleitoral para 16 de janeiro, também se revê nesta visão do CDS, tendo pedido ao chefe de Estado para não se "envolver numa luta interna de um partido", referindo-se às eleições diretas do PSD entre o atual Presidente Rui Rio e o eurodeputado Paulo Rangel. O líder do Chega considerou que caso venha a "remeter eleições para depois de 30 de janeiro pode passar a perceção pública que o Presidente se está a envolver num jogo interno de um partido e a apoiar um candidato em detrimento de outro".

Já sobre a iminência do PCP e do PS chegarem a um novo acordo, o líder comunista, Jerónimo de Sousa, frisou que "o objetivo não declarado do PS é alcançar a maioria absoluta para ficar com as mãos livres para o fazer o que muito bem entender”, no entanto admitiu que existem matérias "em que se justifica a convergência incluindo com o PS”. Os comunistas também preferem o dia 16 de janeiro para Portugal ir às urnas.

O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) também deu luz verde a dia 16, mas José Luís Ferreira, deputado do PEV, defendeu, tendo sido o único, a desnecessidade da "dissolução do Parlamento e a convocação de eleições”. Para PEV, o Governo não tenha nada que lhe impeça de gerir o país em duodécimos. "A lei prevê expressamente a faculdade de o Governo apresentar um novo Orçamento”, observou.

João Cotrim Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal (IL), foi o primeiro a falar com Marcelo e o único a querer as eleições para depois do final de janeiro. "Não só porque é uma eleição importante e difícil para boa parte das opções que os portugueses têm de tomar e isso não é compatível com uma campanha eleitoral demasiado curta e em cima da época natalícia", justificou João Cotrim Figueiredo, acrescentando que deve existir "um campo de jogo equilibrado entre todas as forças políticas que se venham a apresentar a sufrágio".

O líder da IL sublinhou que não é apenas o PSD ou o CDS-PP que precisam de arrumar as suas casas, mas também o PS. “Se o PS não conseguir a maioria absoluta não será António Costa o primeiro-ministro capaz de fazer pontes à esquerda", apontou Cotrim Figueiredo, notando que também “cortou as que tinha à direita”.

Feitas as contas, a maioria dos partidos preferem as eleições a 16 de janeiro: PS, BE, PSD, CDS, Chega, PEV e PCP estão a favor que Portugal vá a votos na segunda semana do ano, enquanto PAN e IL optam por datas mais tardias.