Sala de artesanato de prisão usada para produção de falsificação de obras de arte. PJ desmantela rede

Sala de artesanato de prisão usada para produção de falsificação de obras de arte. PJ desmantela rede


O esquema era comandado por um comerciante de arte, de 50 anos, que orquestrava o negócio desde a produção das obras de grandes nomes da arte até à comercialização das mesmas. As obras saíam da prisão, no Grande Porto, através das visitas autorizadas. 


Foi desmantelada uma rede de falsificação de obras de arte no Grande Porto, tendo sido detido um comerciante de arte a quem a Polícia Judiciária (PJ) apreendeu 26 pinturas contrafeitas. As obras falsificadas eram pintadas numa sala de artesanato de um estabelecimento prisional. 

De acordo com um comunicado, divulgado esta quinta-feira, o principal responsável pela rede de arte era "referenciado por introduzir no comércio de arte nacional, leiloeiras e galerias, obras pictóricas falsas, elaboradas 'ao estilo' ou reproduções de grandes mestres nacionais e estrangeiros". Até ao momento, a PJ já identificou falsificações de obras de Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Noronha da Costa, José Malhoa, Cutileiro, Domingos Alvarez, Malangatana e Almada Negreiros.

"O esquema urdido compreendia ainda um falsário, que produzia e assinava a pintura, e um conjunto de indivíduos responsáveis pela colocação no mercado, e em particulares de boa-fé, das peças produzidas", indica a autoridade policial, explicando que "a produção da pintura falsa decorria na sala de artesanato de um estabelecimento prisional, sendo o falsário, previamente municiado dos materiais necessários, tais como telas, pincéis, folhas de papel de desenho, tubos de tinta e óleo, frascos de óleo de linhaça, lápis de carvão, papel vegetal, papel químico e outros".

Quando estavam terminadas, as pinturas saíam do estabelecimento prisional a partir de visitas autorizadas e depois colocadas no mercado gerido pelo detido, que coordenava o esquema. 

Numa operação, a PJ realizou "diversas buscas domiciliárias e em estabelecimentos, no Grande Porto", culminando na apreensão de 26 pinturas que a autoridade presume serem falsas. Estas cópias resultam num total de 40 pinturas falsas, associadas aos mesmos autores, que a PJ já apreendeu até ao momento, através de outras buscas que ocorreram na sequência da mesma investigação.

A investigação contou com a colaboração da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e continuará para detetar a totalidade das peças contrafeitas produzidas, bem como a sua atual localização, refere ainda a PJ.

O comerciante de arte de 50 anos está detido e foi presente a primeiro interrogatório judicial, tendo-lhe sido aplicada a medida de obrigação de permanência na habitação.