Rogério Sousa
71 anos, vendedor de peixe no mercado
Crise política à vista? “Não se compreende”, diz Rogério Sousa, de 71 anos de idade, vendedor de peixe. Por um lado, o PCP e o BE querem “pressionar” o PS e o Governo, mas este também se vê “muito agarrado” ao poder. Mas a esperança é a última a morrer e tal como o Presidente da República, Rogério tem fé que o Orçamento de Estado (OE) ainda seja aprovado, nem que seja “ao último minuto”. É preciso que haja mais “união” dos partidos no atual panorama social e económico – onde a “última coisa que se quer é uma crise política”. Rogério costuma votar e entende a sua importância, mas às vezes, quando vê que “a coisa não agrada” e quando não se sente representado, prefere não ir às urnas. “Já há uns bons anos que isto em vez de melhorar, só piora”, afirma.
Maria Adélia Sousa
69 anos, comerciante
Maria Sousa ouviu Jerónimo de Sousa, líder do PCP, a anunciar que o partido votará contra o Orçamento. Também está ciente de que se o OE não for aprovado, Marcelo já deixou claro que haverá eleições. Mas sente alguma desconfiança: se o BE e o PCP não querem aprovar o OE, “é porque se calhar há ali qualquer coisa que não beneficia em nada” as pessoas. “Andamos aqui a pagar tudo”, afirma. “Os combustíveis estão ao preço que estão. Se há um atraso de pagamento de apenas uns dias somos logo avisados e penalizados”. Vem-lhe à memória um nome: João Rendeiro. “As pessoas pagam e ele foge com o dinheirinho todo”. As coisas não estão famosas, mas uma crise política agora era indesejável, defende: “O país foi muito abaixo com a pandemia e ir agora a eleições não era a melhor altura”, diz. “Portugal ia ainda mais ao fundo”.
Luís Carvalho
41 anos, consultor imobiliário
A covid-19 não foi misericordiosa com as pessoas nem com as empresas. E uma crise política a cair em cima do país, “não era nada bom”, defende Luís Carvalho, consultor imobiliário, de 41 anos de idade. Existe uma tensão por parte dos partidos, e as eleições antecipadas “até poderiam ser necessárias”, mas no atual estado em que o país se encontra “o tempo não é o melhor nem o mais adequado”. O que é certo é preciso melhorar o atual estado das coisas, defende.
Margarida Brás
53 anos, esteticista
Eleições antecipadas? “Era o caos, mas é necessário”, defende Margarida Brás, de 53 anos de idade, esteticista. Tendo em conta a pandemia, não é um bom período, “mas tem que haver”. E o jogo não é complicado. As medidas que o Bloco de Esquerda e o PCP estão contra, também Margarida está, assim como “o mais comum dos mortais”, afirma. “Se tem que se fazer alguma coisa, que se faça. E agora. Isto porque o PS está, sem dúvida alguma, mais aliado à direita e não quer descer do pedestal onde se encontra”. Sobre o futuro, Margarida quer mudança. PS? “Não”. PSD? “Não”. “O que é preciso é que as pessoas acordem para a vida. Não podem ser sempre os mesmos a estar no topo, porque já se percebeu que não está a resultar”.
Florbela Batalha
54 anos, funcionária pública
“Os tempos são de verdadeira mudança. E ao contrário daquilo que Salazar dizia – de que é preciso mudar tudo para que tudo fique na mesma – eu acho que é preciso mudar tudo para que as coisas mudem.” São as palavras de Florbela Batalha, funcionária pública, sobre o estado da política em Portugal. Se para que os problemas das pessoas sejam resolvidos é necessário dissolver o parlamento, então “está certo”. Sobre a ‘guerra’ entre o Governo e o BE e PCP, Florbela considera que o que o que se está a passar não é uma questão de “teimosia”. O que acontece, diz, é que os partidos estão “muito centrados sobre aquilo que defendem e pouco flexíveis”. E se realmente estamos em tempos de mudança, “as inflexibilidades também fazem parte”, refere. O que é preciso é que os “verdadeiros problemas das pessoas sejam resolvidos”.
Paulo Romão
43 anos, mediador de seguros
“Nunca é um bom momento para haver eleições antecipadas e uma crise política nunca é algo positivo”, defende Paulo Romão, 43 anos de idade, mediador de seguros. Claro que, não havendo acordo entre o Governo e os partidos, “é a solução lógica”. O país está ainda a sair de uma crise pandémica e agora uma outra, de raiz política, “não é o melhor momento”. Paulo Romão está confiante no chumbo do Orçamento do Estado, sendo “quase inevitável” que não haja eleições antecipadas. Haverá mais acordos à direita – mesmo que digam que não – e a esquerda “vai ser muito castigada”.