O tema que preencheu a agenda dos líderes da União Europeia, esta quinta-feira, foi os combustíveis e após o encontro, António Costa afirmou que a Comissão Europeia irá tomar um “conjunto de medidas de curto prazo” para os vários Estados-membros adotarem face à crise energética.
Segundo o primeiro-ministro, os 27 países da comunidade europeia frisaram a "necessidade de acelerar o processo de transição energético” e de valorização das “energias renováveis".
E para tal, a Comissão Europeia vai avançar com estudos que poderão avaliar duas questões: "Se há vantagens em podermos reproduzir, na área dos combustíveis, um mecanismos de compra conjunta que tantos resultados deu na compra das vacinas e se se continua a ser válida a ideia de que o atual processo de fixação dos preço, de natureza marginalista, ou seja, pagando a todos pelo preço mais elevado que é pago a cada fornecedor, ou se se deve alterar estas regras para que o custo das energias renováveis não seja penalizado".
Desta forma, uma das conclusões a que chegaram é que é importante “reforçar a criação de um mercado europeu da energia”, de modo “a reduzirmos os preços do conjunto". "Foi por isso reafirmado a necessidade de aumentarmos as interconexões e as interligações no conjunto da Europa e designadamente entre a Península Ibérica e a Europa", evidenciou Costa.
Por último, o líder do executivo também assinalou a "necessidade de diversificar as fontes de abastecimento de energia da Europa", dado que 41% do gás natural consumido na Europa é fornecido unicamente pela Rússia.
Costa fez questão de realçar a grande independência que o país tem graças às energias renováveis, visto que 60% da eletricidade consumida pela população portuguesa provém de energia eólica e hídrica.
Orçamento de Estado é "um acordo que não se obtém a qualquer preço"
Questionado sobre o atual ponto de situação das negociações do Orçamento do Estado para 2022, o primeiro-ministro disse que “um acordo não se obtém a qualquer preço". "O preço não é pago do meu bolso, é pago pelo bolso do conjunto dos portugueses, da atual geração, das novas gerações e do futuro do país", rematou.
António Costa indicou que não podemos colocar em causa a “credibilidade internacional que o país recuperou, a sustentabilidade da segurança social”, nem esquecer “que temos uma das dívidas mais elevadas da Europa – ainda hoje o Eurostat veio relembrar que temos a terceira divida mais alta da UE".
Para o chefe do Governo, é “preciso garantir de forma responsável o amanhã”, tal como o Governo, segundo Costa, tem agido desde 2016: "Foi assim que virámos a página da austeridade sem que o diabo tivesse aparecido, foi assim que, depois de 17 anos sem convergir com a UE, o país voltou a convergir, foi assim que resistimos a esta pandemia em 2020 e 2021", apontou.
Posto isto, Costa deixa uma questão no ar: "Num quadro destes, que sentido é que faz, depois do drama [da pandemia da covid-19] que andámos a viver, criar agora um novo drama? Depois da crise [económica provocada pela pandemia] que tivemos, criar agora uma crise política? Eu não vejo que haja a menor racionalidade. Acho que ninguém compreende”, afirmou, ao indicar que a resposta de todos os portugueses sobre o desejo de envergar para uma crise politica é negativa.
Quanto às nove propostas do Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro disse que “com a exceção de uma em que não houve nenhuma aproximação, todas as outras houve pelo menos aproximação, se não mesmo, aceitação".
Note-se que está marcado para esta sexta-feira à noite uma reunião da Comissão Política do PS, para avaliar o estado das negociações com o BE, PCP, PEV e PAN.