Tomei posse para o meu terceiro e último mandato no passado domingo, perante várias centenas de pessoas que me honraram com a sua presença e amizade. Aproveito as páginas do i para felicitar todos os eleitos nas autárquicas de setembro. E, quanto a Cascais, posso dizer que trabalharei com cada autarca eleito, do meu partido ou de qualquer outro, para levar mais longe a visão de um Cascais próspero, solidário e que funcione para todos. A partir do momento em que os votos estão contados, os resultados apurados e os candidatos investidos, as nossas divisões são secundárias. Estamos de acordo no essencial: a única coisa que verdadeiramente importa é Cascais. A convocatória é simples: voltemos a arregaçar as mangas, temos de continuar a ser todos por todos. E agora mais do que nunca.
A coligação Viva Cascais, que lidero, teve uma esmagadora maioria dos votos. Num dos maiores resultados de sempre, venceu em 98% das mesas de voto. Conquistámos todas as Juntas de Freguesia.
Começamos agora a terceira parte de uma história com mais dois mandatos.
No primeiro mandato trabalhámos para corrigir e resolver problemas estruturais e debelar insuficiências crónicas do nosso território. Resolvemos em anos problemas que outros empurraram com a barriga durante décadas. Começava aí, nesse primeiro ciclo, a jornada de redução de assimetrias, de convergência de coesão e de incremento da reputação da nossa marca territorial.
No segundo mandato, concretizámos parte dos projetos que mudaram para sempre o perfil de atividade de Cascais. Implementámos políticas públicas que alteraram radicalmente o posicionamento económico e social do concelho. Com o programa de mobilidade rodoviária gratuita; com as teleconsultas, gratuitas, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano; com o mais sólido projeto de democracia participativa que o país já conheceu; com o alargamento das zonas verdes, mais de 25 hectares em apenas quatro anos; com o mais moderno campus universitário do país e um dos mais apetecíveis lugares do mundo para estudar: a Nova SBE em Carcavelos; com as residências para pessoas com deficiência, da CERCICA e do CRID, e o Centro para as pessoas sem-abrigo; com avanços substanciais do nosso Sistema Local de Saúde e Solidariedade Social, o SL3S, que fez o que o Estado não queria, não sabia ou não podia fazer. Repensámos o Estado Social ao nível local e colocámo-lo ao serviço das pessoas.
Chegamos ao terceiro e último mandado. Recupero os nossos compromissos eleitorais. A nossa visão para Cascais. Seremos fiéis aos nossos quatro eixos de desenvolvimento para os próximos quatro anos.
Primeiro eixo: relançar a economia, uma nova economia, num tempo pós-covid. Vamos acelerar a recuperação do tecido económico para criarmos mais empregos e mais oportunidades para todos. A educação é o mais potente motor da igualdade. Criaremos um fundo até 2,5 milhões de euros para serem aplicados em programas de e-learning. Programas de formação avançada à distância, resultantes de parcerias com universidades de topo, que requalifiquem competências e preparem as pessoas, sobretudo as desempregadas, para os desafios da Economia Digital e para a captação de novas oportunidades de negócio.
Iremos concluir um processo iniciado há três anos e lançar a Moeda Digital Local, que servirá de base às transações de serviços e bens municipais sobretudo no setor ambiental e social. A criação de centenas de empregos verdes é um dos objetivos neste esforço de reconstrução da nossa economia e de um capitalismo mais sustentável, mais responsável e menos predatório.
O segundo eixo aponta para a nossa visão de um Futuro mais verde. Mas somos mais ambiciosos e começamos com um objetivo: reduzir as emissões globais de Cascais em 55% até 2030. Isso será feito com a aceleração do roteiro para a descarbonização, com a democratização dos projetos de circularidade, com a utilização do hidrogénio na rede de transportes públicos e nas frotas municipais e com as “fábricas de energia” espalhadas pelo território.
Terminaremos o trabalho de recuperação de todas as ribeiras, dando origem a corredores ecológicos que abrirão um novo tempo de simbiose entre o urbano e o natural.
O terceiro eixo remeto-nos para um problema de grandes dimensões, do qual as autarquias não se podem excluir: o inverno demográfico. A nossa visão é a de um Cascais que cuida dos mais novos e protege os mais velhos. Isso faz-se com uma nova e ampliada rede de creches públicas. Com pacotes atrativos de relocalização do talento. Com aumento da oferta da rede local de cuidados para idosos e com uma fiscalidade que discrimine positivamente quem mais contribuiu para atenuar a escassez do recurso mais precioso da sociedade: o talento e engenho humano.
Quarto eixo: o aperfeiçoamento do nosso Estado Social Local. Apostas fortíssimas na Educação, na Saúde e na Habitação. Na Educação, o nosso objetivo é que as escolas públicas de Cascais alcancem os lugares cimeiros dos rankings nacionais até 2025. Aceleremos a transição digital e estaremos ao lado das famílias na garantia de acesso às variáveis basilares de uma educação de excelência: alimentação, livros, transporte e equipamento tendencialmente gratuito. Quanto ao universitário, solidificaremos o eixo Carcavelos-Parede como um dos mais vibrantes polos de ensino do país. Á Nova SBE juntam-se a Faculdade de Direito da Nova e a Nova Medical School.
Na Saúde, concluiremos a reforma da rede de cuidados primários com três novos centros de saúde. De forma subsidiária ao SNS, apoiaremos ao máximo o corte nas listas de espera para cirurgias e consultas. Porque nenhum português, nenhum cascalense, merece estar meses ou anos à espera de uma cirurgia.
Para terminar, na Habitação, executaremos um pacote de 162 milhões de euros para cerca de 800 fogos para famílias de classe média e jovens – assim o governo acelere o disparo dos fundos da bazuca embora, mesmo sem disparo, a Câmara o pretenda concretizar de qualquer forma.
Em resumo, para os próximos quatro anos os cascalenses e os portugueses podem esperar de nós aquilo a que se têm habituado: uma Câmara que trabalha para gerações e não para eleições.
Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Escreve à quarta-feira