Sobre a figura do General Loureiro dos Santos é fundamental revelar o seguinte: escolhido e nomeado por Ramalho Eanes, em 1977, Vice-Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (Eanes para além de CEMGFA era presidente do Conselho da Revolução e da República), graduado em general de 4 Estrelas, Loureiro dos Santos preparou a pedido do mesmo Eanes, uma Diretiva para a Reforma das Forças Armadas, extensa (tem 17 páginas), completa, objetiva e clara como o devem ser todas as Diretivas.
Eanes assinou e promulgou a mesma em abril de 1977.
Passados uns meses e, perante o impossibilidade de a concretizar, Loureiro dos Santos resignou, passando para a sua patente de tenente-coronel e regressou ao seu quartel de Cascais.
A Diretiva tinha então lá tudo daquilo que demorou quase cinquenta anos a conseguir.
Eanes, confessou há pouco, num dos intervalos das suas manifestações de apoio a candidatos a diversos cargos políticos (a sua especialidade nos últimos anos, para além de alguns apoios aos reformados almirantes e generais), que não teve então condições políticas para a executar e teve que “imolar” o seu Camarada e Amigo, então seu direto subordinado, e a quem tinha encomendado a tarefa.
Eanes, o então poderoso DDT, não teve a coragem de enfrentar nessa altura os “velhos do Restelo’’, do Terreiro do Paço, de Santa Apolónia e de Alfragide, e o urgente e necessário foi adiado e só mais tarde iniciado progressiva e dificilmente em 1982, progredindo em 1990, 2004, 2014 e 2021.
Quando proximamente se vai realizar no Instituto Universitário Militar (ium) um Dia de Reflexão sobre o pensamento militar de Loureiro dos Santos torna-se imprescindível tornar pública esta Diretiva pois ela está para lá de tudo o que ali, os ilustres intervenientes, possam afirmar.
A memória de Loureiro dos Santos a todos convoca para a Verdade, o rigor, a competência, a lealdade, a ética e o patriotismo por ele sempre demonstrados e praticados.
Por uma vez devemos ir até às últimas consequências e tudo apurar.
O que teria acontecido se a Diretiva tivesse sido cumprida?
Procure-se a resposta.
Após o 5 de Outubro, que seja feito em 7 no IUM o que demorou quase 50 anos a fazer, iniciando assim , com Verdade e Transparência as Comemorações do 25 de Abril de 1974.
Viva a República!
Por Portugal!
Carlos Chaves
Major-general na reforma