5 de Outubro de 1966. Ti-nó-ni!!! Um pandemónio tomou conta das ruas de Lisboa!

5 de Outubro de 1966. Ti-nó-ni!!! Um pandemónio tomou conta das ruas de Lisboa!


Se a polícia lisboeta não tinha mãos a medir no preenchimento dos autos, o Hospital de Santa Maria e o Hospital de São José tinham as urgências a abarrotar de vítimas de acidentes de viação no dia 5 de Outubro mais caótico de toda a história do trânsito da capital.


Vá lá saber-se porque é que os portugueses escolheram o feriado para desatarem a bater com os carros uns nos outros. Foi um pandemónio! Portugueses e não só, acrescente-se. Na estrada de Benfica, Isidro Blanco Lorenzo, espanhol, 36 anos de idade, não segurou devidamente a direção do seu automóvel no piso escorregadio e foi bater de frente, à bruta, contra um muro, atirando com os passageiros da viatura, Venceslau Serra, que viajava no lugar do morto (embora não tenha morrido), Francelina Tierras Bugarim, sua esposa, o pequeno Constantino, de apenas 4 anos, filho de ambos, e outro Constantino, este de apelido Serra, 34 anos, irmão de Venceslau. Nenhum dos referidos ficou imune ao acidente. Ferimentos de várias espécies obrigaram-nos a dar entrada no Hospital de Santa Maria onde Isidro e Constantino (o mais velho) deram sinais claro de confusão devida ao excesso de consumo de álcool.

Mais ou menos pela mesma altura, no cruzamento da Manuel Bombarda com a Conde Valbom, Manuel de Almeida, de Massamá, e Maria Salete, residente na Rua do Alegrete, trataram de se enfaixar com alguma violência, destruindo praticamente os automóveis que conduziam. O Hospital de Santa Maria não tardou em recebê-los. Emília Rosa da Silva e sua filha, igualmente Emília, que viajavam no veículo de Maria Salete sofreram abalos graves, e os dois pequenitos, filhos da mais jovem das Emílias, Elvira de 8 anos e Florinda de 6, sofreram ferimentos graves e tiveram de ficar internadas.

Entretanto, o Hospital de São José também não tinha sossego. Nelson Dias Mendes, eletricista, 37 anos, e José Alves, 25 anos, inspetor da Automática Eléctrica Portuguesa, andavam a fazer piruetas de motoreta junto à Doca do Poço do Bispo e a brincadeira correu muito mal, tendo sido os dois cuspidos e sofrido uma série de fraturas.

Na Estrada do Alvito, junto ao Bairro Salazar, o soldado da Base Aérea da Ota, António Manuel Coelho Martins Cabrita, não soube explicar os motivos que levaram o seu automóvel a bater de frente com um poste de iluminação que se encontrava sossegadamente a cumprir o seu serviço. O militar não ficou bem tratado, mas piores ficaram Maria Augusta Esteves Guerreiro e Luís Alberto Coelho, conduzidos diretamente para as urgências se São_José onde se cruzaram com um desconhecido encontrado na Praça João do Rio que não conseguia identificar-se nem indicar uma morada. Tiveram de esperar: a sala abarrotava de gente acidentada.