Aung San Suu Kyi pede mais tempo de julgamento por razões de saúde

Aung San Suu Kyi pede mais tempo de julgamento por razões de saúde


A Prémio Nobel da Paz de 1991 está a ser julgada desde junho, sob a acusação de violação de restrições da pandemia de covid-19, importação ilegal de ‘walkie-talkies’, incitamento à desordem pública, corrupção e sedição.


A ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi, que foi afastada do poder pelos militares em fevereiro, pediu ao tribunal mais tempo entre as sessões do seu julgamento "por razões médicas", disse hoje o seu advogado.

Suu Kyi, 76 anos, pediu ao tribunal que realizasse o seu julgamento de duas em duas semanas porque a sua presença quase todos os dias "cansa-a muito" e afeta a sua saúde, disse Khin Maung Zaw à agência de notícias France-Presse (AFP).

O tribunal decidirá sobre o pedido na próxima semana.

A Prémio Nobel da Paz de 1991 está a ser julgada desde junho, sob a acusação de violação de restrições da pandemia de covid-19, importação ilegal de 'walkie-talkies', incitamento à desordem pública, corrupção e sedição.

Suu Kyi enfrenta longos anos de prisão se for condenada, com muitos observadores a denunciar um julgamento político destinado a neutralizar o antigo ícone da democracia em Myanmar (antiga Birmânia), que venceu as eleições de 2015 e 2020 à frente da Liga Nacional para a Democracia.

O golpe militar de 01 de fevereiro deste ano pôs fim a um breve período democrático de um decénio no país do Sudeste Asiático, que já tinha estado sob ditadura militar entre o final da década de 1950 e 2011.

Desde então, o exército levou a cabo uma sangrenta repressão, com mais de 1.100 civis mortos e cerca de 7.000 detidos, segundo a organização não-governamental (ONG) local Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), que tem denunciado casos de tortura, violação e execuções extrajudiciais.

Os confrontos entre a junta militar liderada pelo general Min Aung Hlaing e milícias civis espalhadas por todo o país têm-se intensificado e a ONG Asian Network for Free Elections (ANFREL) reportou hoje a ocorrência de "60 ataques bombistas na última semana".

Segundo a agência de notícia espanhola EFE, nesses ataques bombistas morreram 32 pessoas e 12 ficaram feridas.

Os esforços diplomáticos sob os auspícios da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) não conseguiram resolver o conflito.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brunei, Erywan Yusof, que foi nomeado enviado especial da ASEAN após duras negociações, pediu para visitar Myanmar e encontrar-se com todas as partes.

As autoridades birmanesas não deram qualquer data para a visita e muito provavelmente não lhe será permitido ver Aung San Suu Kyi, que está em prisão domiciliária há oito meses, disse um porta-voz da junta militar à AFP.