Uma vitória para a história


As eleições em Cascais, e no país, voltam a sublinhar lições intemporais: (1) o povo é sereno e sábio, julga sempre bem, e distingue o trigo do joio; (2) as pessoas não validam campanhas negras, não embarcam em radicalismos bacocos e cheiram o oportunismo a léguas; (3) uma política feita para as pessoas, com as pessoas no centro,…


Volto ao contacto com os leitores do i quase três meses após ter suspendido esta crónica que durava, até aqui ininterruptamente, há mais de dez anos.

Fi-lo em virtude do ambiente de enorme controlo de linguagem e de opinião que se abateu recentemente sobre os autarcas. Mas adiante.

Um regresso revigorado pela tremenda honra que os cascalenses me concederam. Os eleitores falaram. E falaram alto e claro. A equipa que tenho o privilégio de liderar foi eleita para um terceiro mandato à frente da Câmara Municipal de Cascais. Conquistámos uma tripla maioria absoluta: na Câmara, na Assembleia Municipal e vitórias em todas as quatro juntas de freguesia do concelho. A vitória foi tão ampla, tão capilar, tão profunda, que a coligação Viva Cascais que eu encabecei venceu em mais de 98% das mesas de voto e obtivemos mais de 50% de votos em todas as freguesias. Uma legitimidade sem precedentes que nos dá força para prosseguir o nosso projeto de afirmação de Cascais como o melhor concelho do país para viver, trabalhar, estudar ou descansar.

Esta é a terceira maioria absoluta que me é confiada desde 2013, a mais robusta de todas, representando tão só um dos melhores resultados de sempre da coligação PSD/CDS no quarto maior município do país: 52,55% dos votos. Uma expressão esmagadora da vontade dos cascalenses e do seu reconhecimento pelo trabalho que a grande aliança de vontades – federando cidadãos, coletividades, clubes, universidades, poderes públicos e privados – desenvolveu ao longo de quatro anos.

Estes 52,55% traduzem mais 7% de votos face a 2017, um número muito significativo num ambiente político novo em autárquicas, em que pela primeira vez concorreram partidos à direita do PSD e do CDS. A dimensão única deste resultado é acrescida pela conquista histórica da freguesia de São Domingos de Rana, um bastião comunista e socialista durante mais de 45 anos. Aquela que é uma das maiores freguesias do país, anos a fio condenada a um projeto de empobrecimento socialista que só não motivou maiores atrasos estruturais porque a Câmara Municipal procurou sempre uma rota de convergência com os outros pontos do concelho, votou solidamente na coligação PSD/CDS e no candidato Fernando Ferreira Marques, revelando a ambição e o sonho que movem as pessoas de São Domingos de Rana em direção a um novo horizonte de esperança. Uma palavra também para o Pedro Morais Soares (Cascais-Estoril), para o José Ribeiro (Alcabideche) e Nuno Alves (Carcavelos e Parede), três presidentes de junta incumbentes que viram os seus scores eleitorais aumentarem, numa clara validação do nosso projeto político de proximidade, de personalismo e humanismo. Como não podia deixar de ser, uma palavra também para o nosso candidato à Assembleia Municipal, o Pedro Mota Soares, que viu o seu mandato reforçado como reflexo da sua serena, racional e equilibrada condução dos destinos da Assembleia Municipal.

As eleições autárquicas são, por tradição, as eleições em que todos ganham alguma coisa.

Em Cascais essa leitura não é possível.

O Partido Socialista coligou-se com o PAN e com o Livre numa frente pouco coerente, onde militantes socialistas, radicais de esquerda e independentes conviveram com pouca ou nenhuma consistência. Esta coligação, que tinha como objetivo vencer, acabou com o pior resultado de sempre. Com 21,62% dos votos, o grupo do PS na vereação emagreceu para os 3 vereadores.

A CDU, por seu turno, cometeu o erro de repetir uma candidatura errática o que, somado à erosão do seu eleitorado tradicional, levou à perda do seu único vereador para o Chega. O Bloco de Esquerda não tinha expressão e continuou a não ter.

A Iniciativa Liberal cumpriu as expectativas e não elegeu ninguém para a Câmara, mostrando que há um mundo de diferença entre ter likes nas redes sociais e ter votos nas urnas, entre achar-se marketeiro e querer ser político.

A candidatura encabeçada por um ex-militante expulso do CDS e apoiado pelo Nós Cidadãos, pelo PPM e por grupos inorgânicos que têm muita dificuldade em aceitar as regras do jogo democrático, viu plasmados nos resultados eleitorais (1,82%) a representatividade do seu grito de radicalismo e medo.

Houve muitos que se esforçaram a sério para enlamear a campanha eleitoral em Cascais, indo muito para além das saudáveis regras de confronto democrático e de cortesia republicana, orquestrando campanhas negras de todas as formas e feitios, com apoios mais ou menos explícitos dos partidos ditos do arco democrático. Esses são os grandes derrotados da noite eleitoral em Cascais. A sua (pequena) votação é um ato de censura não apenas pela insuficiência das suas proposta políticas, mas também de um comportamento que desafia as boas tradições e os bons costumes da nossa terra.

As eleições em Cascais, e no país, voltam a sublinhar lições intemporais: (1) o povo é sereno e sábio, julga sempre bem, e distingue o trigo do joio; (2) as pessoas não validam campanhas negras, não embarcam em radicalismos bacocos e cheiram o oportunismo a léguas; (3) uma política feita para as pessoas, com as pessoas no centro, ao nível local é sempre recompensada pelos eleitores.

Por falar em país, felicito todos os meus colegas autarcas eleitos, particularmente os do meu partido. O PSD teve um resultado digno, recuperando câmaras importantes por todo o país como Coimbra, Funchal e, sobretudo, Lisboa. O PSD é, sempre foi, um grande partido autárquico. Inverteu a tendência de queda e isso é uma nota relevante. Que seja essa inversão de tendência traduzida diretamente numa leitura nacional que anuncia um novo ciclo político, é talvez um salto lógico que carecerá de raciocínio aprofundado.

 

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Escreve à quarta-feira


Uma vitória para a história


As eleições em Cascais, e no país, voltam a sublinhar lições intemporais: (1) o povo é sereno e sábio, julga sempre bem, e distingue o trigo do joio; (2) as pessoas não validam campanhas negras, não embarcam em radicalismos bacocos e cheiram o oportunismo a léguas; (3) uma política feita para as pessoas, com as pessoas no centro,…


Volto ao contacto com os leitores do i quase três meses após ter suspendido esta crónica que durava, até aqui ininterruptamente, há mais de dez anos.

Fi-lo em virtude do ambiente de enorme controlo de linguagem e de opinião que se abateu recentemente sobre os autarcas. Mas adiante.

Um regresso revigorado pela tremenda honra que os cascalenses me concederam. Os eleitores falaram. E falaram alto e claro. A equipa que tenho o privilégio de liderar foi eleita para um terceiro mandato à frente da Câmara Municipal de Cascais. Conquistámos uma tripla maioria absoluta: na Câmara, na Assembleia Municipal e vitórias em todas as quatro juntas de freguesia do concelho. A vitória foi tão ampla, tão capilar, tão profunda, que a coligação Viva Cascais que eu encabecei venceu em mais de 98% das mesas de voto e obtivemos mais de 50% de votos em todas as freguesias. Uma legitimidade sem precedentes que nos dá força para prosseguir o nosso projeto de afirmação de Cascais como o melhor concelho do país para viver, trabalhar, estudar ou descansar.

Esta é a terceira maioria absoluta que me é confiada desde 2013, a mais robusta de todas, representando tão só um dos melhores resultados de sempre da coligação PSD/CDS no quarto maior município do país: 52,55% dos votos. Uma expressão esmagadora da vontade dos cascalenses e do seu reconhecimento pelo trabalho que a grande aliança de vontades – federando cidadãos, coletividades, clubes, universidades, poderes públicos e privados – desenvolveu ao longo de quatro anos.

Estes 52,55% traduzem mais 7% de votos face a 2017, um número muito significativo num ambiente político novo em autárquicas, em que pela primeira vez concorreram partidos à direita do PSD e do CDS. A dimensão única deste resultado é acrescida pela conquista histórica da freguesia de São Domingos de Rana, um bastião comunista e socialista durante mais de 45 anos. Aquela que é uma das maiores freguesias do país, anos a fio condenada a um projeto de empobrecimento socialista que só não motivou maiores atrasos estruturais porque a Câmara Municipal procurou sempre uma rota de convergência com os outros pontos do concelho, votou solidamente na coligação PSD/CDS e no candidato Fernando Ferreira Marques, revelando a ambição e o sonho que movem as pessoas de São Domingos de Rana em direção a um novo horizonte de esperança. Uma palavra também para o Pedro Morais Soares (Cascais-Estoril), para o José Ribeiro (Alcabideche) e Nuno Alves (Carcavelos e Parede), três presidentes de junta incumbentes que viram os seus scores eleitorais aumentarem, numa clara validação do nosso projeto político de proximidade, de personalismo e humanismo. Como não podia deixar de ser, uma palavra também para o nosso candidato à Assembleia Municipal, o Pedro Mota Soares, que viu o seu mandato reforçado como reflexo da sua serena, racional e equilibrada condução dos destinos da Assembleia Municipal.

As eleições autárquicas são, por tradição, as eleições em que todos ganham alguma coisa.

Em Cascais essa leitura não é possível.

O Partido Socialista coligou-se com o PAN e com o Livre numa frente pouco coerente, onde militantes socialistas, radicais de esquerda e independentes conviveram com pouca ou nenhuma consistência. Esta coligação, que tinha como objetivo vencer, acabou com o pior resultado de sempre. Com 21,62% dos votos, o grupo do PS na vereação emagreceu para os 3 vereadores.

A CDU, por seu turno, cometeu o erro de repetir uma candidatura errática o que, somado à erosão do seu eleitorado tradicional, levou à perda do seu único vereador para o Chega. O Bloco de Esquerda não tinha expressão e continuou a não ter.

A Iniciativa Liberal cumpriu as expectativas e não elegeu ninguém para a Câmara, mostrando que há um mundo de diferença entre ter likes nas redes sociais e ter votos nas urnas, entre achar-se marketeiro e querer ser político.

A candidatura encabeçada por um ex-militante expulso do CDS e apoiado pelo Nós Cidadãos, pelo PPM e por grupos inorgânicos que têm muita dificuldade em aceitar as regras do jogo democrático, viu plasmados nos resultados eleitorais (1,82%) a representatividade do seu grito de radicalismo e medo.

Houve muitos que se esforçaram a sério para enlamear a campanha eleitoral em Cascais, indo muito para além das saudáveis regras de confronto democrático e de cortesia republicana, orquestrando campanhas negras de todas as formas e feitios, com apoios mais ou menos explícitos dos partidos ditos do arco democrático. Esses são os grandes derrotados da noite eleitoral em Cascais. A sua (pequena) votação é um ato de censura não apenas pela insuficiência das suas proposta políticas, mas também de um comportamento que desafia as boas tradições e os bons costumes da nossa terra.

As eleições em Cascais, e no país, voltam a sublinhar lições intemporais: (1) o povo é sereno e sábio, julga sempre bem, e distingue o trigo do joio; (2) as pessoas não validam campanhas negras, não embarcam em radicalismos bacocos e cheiram o oportunismo a léguas; (3) uma política feita para as pessoas, com as pessoas no centro, ao nível local é sempre recompensada pelos eleitores.

Por falar em país, felicito todos os meus colegas autarcas eleitos, particularmente os do meu partido. O PSD teve um resultado digno, recuperando câmaras importantes por todo o país como Coimbra, Funchal e, sobretudo, Lisboa. O PSD é, sempre foi, um grande partido autárquico. Inverteu a tendência de queda e isso é uma nota relevante. Que seja essa inversão de tendência traduzida diretamente numa leitura nacional que anuncia um novo ciclo político, é talvez um salto lógico que carecerá de raciocínio aprofundado.

 

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Escreve à quarta-feira