Já foi inaugurado o Centro de Cancro do Pâncreas Botton-Champalimaud

Já foi inaugurado o Centro de Cancro do Pâncreas Botton-Champalimaud


O projeto resultou da união da Fundação Champalimaud e do casal espanhol Maurizio e Charlotte Botton – família proprietária da marca Danone – que contribuiu com 50 milhões de euros.


A Fundação Champalimaud inaugurou ontem um centro de investigação e intervenção clínica dedicado ao cancro do pâncreas, três blocos operatórios com capacidade para 10 doentes por dia, 200 investigadores e parcerias internacionais na área da imunoterapia.

O projeto resultou da união da Fundação Champalimaud e do casal espanhol Maurizio e Charlotte Botton – família proprietária da marca Danone – que contribuiu com 50 milhões de euros.

“O cancro do pâncreas é um dos cancros mais ascendentes (…) cada vez há maior número de casos, é dos mais letais e, portanto, dos mais difíceis e aquele onde ainda é preciso descobrir muito para podermos ter resultados satisfatórios na cura e na sobrevida”, explicou à agência Lusa o vice-presidente da Fundação Champalimaud, João Silveira Botelho, notando que o progresso no tratamento desta doença nos últimos 50 anos “foi marginal”.

Em novembro de 2019, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) revelou que as mortes por cancro do pâncreas mais do que duplicaram em Portugal nos últimos 25 anos, correspondendo a um aumento médio anual de 3%.

Divulgado no Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, o estudo “25 anos de aumento da mortalidade por cancro do pâncreas em Portugal” concluiu que o número absoluto de mortes por este tumor aumentou de 701 em 1991, para 1415 em 2015.

Assim, o Centro de Cancro do Pâncreas Botton-Champalimaud vem responder ao desafio de prevenir esta patologia. “Nós temos a esperança e temos o propósito de podermos contribuir de uma forma decisiva para inverter este estado de coisas”, afirmou o vice-presidente da fundação, acrescentando que o Centro terá a preocupação de “fazer um triângulo entre a investigação, a [prática] clínica e o doente”. “O doente é uma peça essencial neste centro, queremos que seja um parceiro nisto. Por isso, tivemos também aqui uma preocupação, quer do ponto de vista da arquitetura, quer do ponto de vista da comodidade”, realçou o dirigente. “Queremos que ele tenha a resistência, até do ponto de vista psicológico, para lidar com uma doença destas”, frisou.

Naquilo que diz respeito à área da investigação, o Centro terá cerca de 200 investigadores e dois laboratórios, um de ciência básica e outro de manipulação celular. “Vamos ter neste novo centro cerca de 120 investigadores básicos e 80 investigadores clínicos e dois tipos de laboratórios: um de ciência básica e um laboratório clínico de manipulação celular, mais avançado, tendo em vista a retirada de células dos pacientes, a sua transformação e reinserção no próprio paciente [imunoterapia]”, explicou João Silveira Botelho.

A Fundação já trata por ano cerca de 15 a 20 doentes que são enviados diretamente pelo Serviço Nacional de Saúde. Os restantes têm outros subsistemas de saúde ou seguros de saúde.