Na próxima quarta-feira, 22 de Setembro, Paulo Rangel e Miguel Pinto Luz estarão, pela primeira vez, lado a lado, no mesmo palco. A juntá-los – publicamente – está o jantar-comício de apoio a Marco Pina, candidato da coligação PSD-CDS-Aliança-PDR-PPM-RiR a Odivelas.
Numa altura em que se discute o futuro do PSD – e que se empurra para depois das eleições qualquer eventual anúncio de candidatura –, o facto de Rangel e Pinto Luz aparecerem lado a lado num evento do PSD parece ser um presságio do que acontecerá nas diretas de fevereiro: ao que tudo indica, aliar-se-ão, contra Rui Rio, na corrida à direção dos sociais-democratas. Rangel em primeiro, Pinto Luz em segundo.
Tal como noticiou o Nascer do Sol, dúvidas não restam acerca das suas candidaturas ao partido: Rangel mexia nos bastidores e nos média, Pinto Luz apenas nos bastidores. Noticiavam-se as duas candidaturas separadas. Todavia, caso Rangel se efetive como único adversário a Rio (na calha ainda está Luís Montenegro e Moreira da Silva, dois passistas), Pinto Luz deverá juntar a voz à do eurodeputado e integrar a sua candidatura como número dois. Não sendo este cenário, naturalmente, estático, considera-se ainda a possibilidade de Pinto Luz avançar sozinho caso se verifiquem outras candidaturas além da de Rangel (ou seja, caso Montenegro e/ou Moreira da Silva avancem). Confirmando-se este panorama – de uma mão cheia de candidaturas –, Rui Rio sairá, indubitavelmente, beneficiado da velha máxima “dividir para reinar”.
Devido a toda a poeira que se tem levantado, Rio enviou há uma semana um comunicado interno aos militantes do PSD que salientava não ser este o momento adequado para orquestrar ou debater o futuro do partido: “Esta não é a altura para conjeturas, nem para debates internos sobre o futuro do PSD. O futuro do partido está, isso sim, nos resultados das próximas eleições autárquicas. Saibamos todos entender e respeitar solidariamente esse desafio”.
O Rio que não corre pela minha aldeia
Rio, Pinto Luz e Rangel estão em campanha autárquica pelo país. Os últimos dois, por norma, vão aos sítios onde Rui Rio não vai: o primeiro, em teoria, desloca-se às concelhias mais importantes para as eleições, já os segundos vão às ‘sobras’. Repete-se: em teoria. Apesar de, efetivamente, haver preferência pelas câmaras mais importantes, este não é o único fator que influencia ou não para onde se deslocam os altos quadros sociais-democratas: o peso e afinidade que os protocandidatos têm com as diversas concelhias também conta. A título de exemplo, Ovar é uma concelhia próxima da direção de Rio, enquanto Santarém é próxima de Pinto Luz. Já o Porto é misto entre Rangel e Rio.
Por estas razões – e, naturalmente, por não possuir o dom da ubiquidade –, Rio não correrá as ‘aldeias’ todas de Portugal. É o caso de Odivelas, que, órfã de Rio, terá Rangel e Pinto Luz como padrinhos de candidatura (sendo que Marques Mendes e Rodrigues dos Santos também já por lá andaram).
Considerando que, em política, o que parece, é, o facto de Rangel e Pinto Luz aparecerem, lado a lado, a apoiar Marco Pina, significa exatamente aquilo que parece – os dois candidatos estão, certamente, juntos contra Rio. Juntos contra Rio com um álibi: o de unidos por Marco Pina.
Marco Pina conta com socialistas para acabar com o socialismo
Marco Pina, antigo árbitro de futebol, vereador em Odivelas e comentador desportivo na CMTV, quer, “de uma vez por todas, colocar um ponto final no socialismo que nos últimos 20 anos condenou Odivelas a ser um mero dormitório de Lisboa”. A ajudá-lo nessa missão, terá como mandatário um histórico socialista: Henrique Neto. Já à Assembleia Municipal, levará Sandra Pereira, atual deputada social–democrata.
Quanto à presença de Rangel e Pinto Luz, que “usarão da palavra”, Marco Pina nota esta ser uma “prova clara de que o centro-direita está mobilizado em torno da [sua] vitória”. Sobre o clima que se vive na campanha, destaca ser “óbvio que existe uma dinâmica de mudança em Odivelas” sendo que sentem isso “nas ruas, nas empresas, nos bairros e no comércio”. Ao que acrescenta: “O PS está desgastado, desmobilizado e acima de tudo desunido, não consegue mobilizar as ruas e tão-pouco os seus apoiantes de sempre. A prova disso mesmo é o facto da ex-presidente da autarquia, a socialista Susana Amador, não ter aparecido na campanha e ter optado por fazer campanha pelo candidato a Loures do PS, Ricardo Leão”.
Numa nota a que o i teve acesso, Pina considera ainda ser “caricato que um concelho com a importância e a densidade populacional de Odivelas não tenha tido um único debate, nem uma única sondagem”, daí retirando que o PS está a tentar “a todo o custo passar a imagem de que isto são favas contadas”. Um cenário que contesta: “Se assim fosse António Costa não teria sido chamado, à última da hora, em desespero total, para fazer esta sexta-feira o almoço de encerramento da campanha nacional em Odivelas. Esta é a melhor sondagem que poderíamos ter. É a prova de que eles já sabem que iremos ganhar” – conclui.