Há quem se recorde dele com a camisola azul do Chelsea, onde se estreou a marcar na Liga Inglesa logo no seu primeiro jogo, quando ainda era um adolescente, outros podem lembrar-se da sua desilusão por falhar a final do mundial de 1966. Os adeptos do Tottenham certamente o recordarão como um dos (se não mesmo o) melhores finalizadores da história do clube ou pelo triste final de carreira marcado pelo alcoolismo.
Uma coisa é certa, enquanto ninguém conseguir superar o seu recorde de 357 golos na principal liga de futebol inglesa, os livros da história do futebol tratarão de recordar para sempre o nome de Jimmy Greaves, que morreu este domingo, aos 81 anos, como um dos futebolistas mais letais a alguma vez pisar os relvados.
“Existem alguns heróis que esperamos, ilogicamente, que nunca morram”, escreveu Kevin Mitchell no obituário do futebolista inglês, publicado no Guardian. “O Muhammad Ali era um, o George Best era outro, assim como o Jimmy Greaves”, confessa, acrescentando ainda o importante legado que o atleta deixou no Tottenham.
“Até os fãs do Tottenham que nunca o viram a jogar em carne e osso admiravam e defendiam as suas proezas como se este pertencesse exclusivamente ao seu clube. Só atletas como o Glenn Hoddle ou o Harry Kane foram aclamados no White Hart lane com tanta intensidade inquestionável”.
Jimmy Greaves, recordista de golos pelo Tottenham, 266 em 379 jogos pelo clube, e da história da Liga Inglesa, no total – fez 382 golos num total de 579 jogos –, nasceu a 20 de fevereiro de 1940, em Manor Park, uma zona residencial de Londres.
Os talentos do ponta de lança foram descobertos quando Greaves jogava futebol na sua escola pelo antigo avançado e olheiro do Chelsea, James Thompson. Em 1955, Greaves assinou pelo clube londrino.
O goleador impressionou rapidamente a equipa técnica do clube que, dois anos depois, quando este tinha apenas 17 anos, fez questão que ele se estreasse pela equipa principal. Greaves mostrou estar à altura do desafio, tendo apontado o único tento dos “blues” no empate 1-1 contra o Tottenham.
Permaneceu no Chelsea durante quatro temporadas, onde marcou um total de 124 golos em 157 partidas, na última época com a camisola dos londrinos, em 1960/61, fez 41 golos em 40 jogos (um número que nenhum outro jogador do Chelsea conseguiu, até ao momento, superar). Acabaria por ser vendido ao AC Milan por 80 mil libras.
Quando abandonou o clube, era o segundo melhor marcador de sempre e, atualmente, encontra-se na sétima posição.
Apesar de ter continuado a ser um goleador prolífico, 9 golos em 12 jogos, Greaves estava insatisfeito e pretendia regressar à sua terra natal.
Depois de uma autêntica “guerra” de negociações entre o Chelsea e o Tottenham, optou por se juntar aos últimos e tornou-se uma autêntica estrela do clube.
Cumpriu nove temporadas ao serviço do Tottenham, abandonando o clube em 1969 para se juntar ao West Ham, mas continuou a ser um ídolo para os spurs até ao dia da sua morte. “Notícias terrivelmente tristes. Morreu o maior artilheiro de todos os tempos”, publicou o clube nas suas redes sociais. Em nome de todos os nossos membros, as mais sinceras condolências à família de Jimmy, amigos e antigos companheiros. Descansa em paz”, pode ler-se.
A morte do ex-ponta de lança coincidiu com um jogo entre as duas equipas que representou, que assinalaram o triste acontecimento com um minuto de silêncio.
Jimmy Greaves foi também campeão do mundo em 1966, apesar de ter falhado a final devido a uma lesão. Fez 44 golos em 57 internacionalizações pela Seleção Inglesa.
A reta final da carreira do lendário avançado acabou de forma dececionante, com os seus problemas com o álcool a obrigarem-no a pendurar as botas aos 31 anos, em 1971, para conseguir lidar com este problema.
Acabou por conseguir superar este problema de saúde e gozou de uma notável carreira como comentador desportivo na televisão inglesa entre os anos 1980 e 1990, continuando a encantar os corações dos ingleses.
“Pode demorar uma vida inteira até heróis conseguirem roubar o coração de uma nação; a maravilha de Greaves foi ter conseguido esta proeza quase sem tentar, desde que se estreou a marcar pelo Chelsea (…) até aos 266 golos que apontou com o Tottenham e que ajudou a levantar os espíritos de todos entre 1961 e 1970”, escreveu Mitchell. “Na hora da sua morte, aos 81 anos, depois de vários problemas de saúde desde que teve um ataque cardíaco em 2015, este amor não desapareceu de nenhum batimento cardíaco”.