Portugal exportou, nos sete primeiros meses do ano, bens têxteis e de vestuário num valor total de 3191 milhões de euros, registando um pequeno aumento de 0,2% face ao mesmo período em 2019, e uma recuperação significativa face ao período homólogo do ano passado, com um acréscimo de 17,7%, de acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Só a indústria do vestuário exportou mais 1824 milhões de euros em bens, o que representa um crescimento de 22,6%, comparando com os valores verificados entre janeiro e julho de 2020 (1488 milhões de euros)
Apesar de a indústria têxtil e de vestuário apresentar, no acumulado, um valor de exportações em linha com o período pré-pandemia, estes números não refletem “as enormes diferenças que ainda subsistem em termos de atividades e de produtos”, como explica a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
Pela positiva, destacaram-se as exportações das roupas de cama, mesa, toucador e cozinha, que cresceram 24% comparativamente a 2019, com mais 67 milhões de euros; das camisolas, cardigãs, coletes e artigos semelhantes de malha, que aumentaram 19% (mais 47 milhões de euros); dos artefactos têxteis confecionados, nos quais se incluem os moldes para vestuário e as máscaras têxteis, cujas vendas quase triplicaram, ascendendo aos 28 milhões de euros.
Distinguiram-se também as exportações de fatos, conjuntos, casacos, calças, jardineiras, bermudas e calções de uso masculino com um aumento de 45% (mais 22 milhões de euros), tecidos de algodão, que cresceram 32% (mais 12 milhões de euros), camisas de malha de uso masculino, com um acréscimo de 20% (mais 12 milhões de euros), e vestuário de malha para bebés, que aumentou 28% (mais 11 milhões de euros).
Em sentido inverso, o vestuário clássico de senhora, incluindo fatos, casacos, vestidos, saias, calças, jardineiras, bermudas e calções perderam 62 milhões de euros entre janeiro e julho, correspondente a uma quebra de 32%. Também as exportações de artigos de malha, incluindo t-shirts, camisolas interiores e artigos semelhantes caíram 5%, o que representa uma perda de 27 milhões de euros.
Em termos de principais mercados, a ATP evidencia a França e os EUA, com um acréscimo de 57 milhões e de 46 milhões de euros, respetivamente, correspondente a mais 14% e a mais 23%, também nessa ordem, comparando com os primeiros sete meses de 2019.
Os produtos que estiveram mais dinâmicos nestes dois mercados foram as roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, e camisolas, cardigãs, coletes e artigos semelhantes, de malha.
Espanha, que continua a ser o principal país de destino das exportações nacionais neste setor com um peso de 25%, destacou-se pela negativa, tendo registado neste período, uma quebra de 172 milhões de euros (-18%).
Já as importações de têxteis e vestuário ascenderam a 2219 milhões de euros nos primeiros sete meses do ano, com uma quebra de 13% face a 2019. Em julho, Portugal importou menos 13% face a julho de 2019.
Isto proporcionou uma balança comercial, neste setor e no período em análise, com um saldo positivo de 972 milhões de euros, correspondente a uma taxa de cobertura de 144%.
Apenas ao nível do vestuário, Portugal importou um total de 980 milhões de euros em bens, entre janeiro e julho deste ano, mais 52 milhões de euros comparativamente ao período homólogo de 2020. Destes, 796 milhões de euros foram destinados a compra de vestuário na União Europeia.
Nos primeiros sete meses do ano, a grande fatia das importações do setor eram provenientes de Espanha, com mais de 479 milhões de euros em bens de vestuário importados, seguindo-se Itália (com perto de 100 milhões de euros), França ( com cerca de 87 milhões de euros), Alemanha e China (com 54 milhões de euros, respetivamente).
O perfil da indústria Em 2019, havia 8747 empresas da indústria do vestuário em Portugal e, pelo menos, 89 mil pessoas a trabalhar ao serviço das mesmas, de acordo com os últimos dados divulgados pelo INE sobre esta matéria. Comparativamente com 2018, tanto o número de empresas como o número de pessoal ao serviço diminuiu. Na altura havia 8754 empresas, com 91 mil trabalhadores. Também o volume de negócios desta indústria verificou uma ligeira quebra, tendo caído de 3998 milhões de euros, em 2018, para 3984 milhões de euros no ano seguinte.
Segundo o gabinete de estatística, 78,98% das empresas em 2018 concentravam-se na região Norte do país. As restantes estavam distribuídas pela Área Metropolitana de Lisboa (9,13%), pela região Centro (8,78%), Alentejo (1,22%), Algarve (0,83%), Região Autónoma dos Açores (0,55%) e Região Autónoma da Madeira (0,50%).
Relativamente ao escalão de pessoal ao serviço, 77,61% das empresas tinha menos de 10 trabalhadores, 9,68% tinha 10 a 19, 8,18% tinha 20 a 49 e 4,30% tinha 50 a 249 funcionários. Apenas 0,24% das empresas do setor eram de grande dimensão, ou seja, contavam com 250 ou mais pessoas ao serviço.
* Editado por Sónia Peres Pinto