Ao fim de 318 dias já é possível sair à rua sem usar máscara, no entanto, os portugueses afirmam não ter notado “uma grande diferença” relativamente aos meses que passaram.
O fim da obrigatoriedade do uso da máscara em espaços exteriores é ditado pela data em que caduca o último diploma aprovado pelo Parlamento e promulgado pelo Presidente da República, – a 11 de junho e por um período de 90 dias – não tendo a Assembleia da República proposto a sua renovação. Este diploma foi renovado por três vezes.
Paulo Teixeira afirma ao i que, no primeiro dia em que não é obrigatório o uso de máscara no exterior, não viu “nada de diferente, uma vez que havia muitas pessoas que já andavam sem máscara”. O encarregado de obra de 53 anos e residente no Seixal adianta ainda que vai continuar “a usar máscara na rua, todas as vezes que sinta que o ambiente está desconfortável” ou que está “no meio de um aglomerado de gente”.
Com mais de 85% da população com pelo menos uma dose da vacina e 75% completamente inoculada, Portugal caminha a passos cada vez mais largos para um cenário semelhante ao que se viva no período pré-pandemia.
No entanto, as amigas Ana Ferreira, Teresa Oliveira e Carolina Vital admitem que vão continuar a usar máscara sempre que não conseguirem “garantir uma distância social que nos pareça aceitável”, referiu ao i a última.
Depois de terem ido passar o fim de semana ao Porto e de voltarem para casa – no Barreiro – as jovens de 20 anos garantiram que não viram nada ontem, que não tenham “visto durante o fim de semana: Há pessoas que, quando estão em grandes aglomerados se previnem e usam máscara, outras que não”, refere Teresa, acrescentando que a única diferença é que “agora existe aquela liberdade extra de já não ser obrigatório”.
Ana sublinha que tem reparado em pessoas “que andam com a máscara para baixo mas, quando se cruzam com outras, têm o cuidado de a puxar para cima”, acreditando que o mesmo irá continuar a acontecer daqui para a frente.
Apesar de já não ser obrigatório, a Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que existem situações em que o uso da máscara é recomendado, nomeadamente, “quando é previsível a ocorrência de aglomerados populacionais ou sempre que não seja possível manter o distanciamento físico recomendado”.
Também a utilização por parte de “pessoas mais vulneráveis” é recomendada, especialmente aquelas que têm “doenças crónicas ou estados de imunossupressão com risco acrescido para covid-19 grave”, sempre que “circulem fora do local de residência ou permanência habitual”.
Na orientação da DGS divulgada ontem, a autoridade de saúde reitera que o uso da máscara “é uma medida eficaz na prevenção da transmissão de SARS-CoV-2”, e que, apesar de já não ser obrigatório usá-la no exterior, o porte desta “continua a ser uma importante medida de contenção da infeção, sobretudo em ambientes e populações com maior risco”.
Existem, no entanto locais, em que uso da máscara continuará a ser obrigatório, nomeadamente nos “estabelecimentos de educação, ensino e creches”, em “espaços e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços”, nos “edifícios públicos ou de uso público”, em “salas de espetáculos, cinemas ou similares”, nos “transportes coletivos de passageiros” e “em locais de trabalho, sempre que não seja possível o distanciamento físico”.
Além disso, o uso de máscara vai continuar a ser obrigatório, em “estabelecimentos residenciais para pessoas idosas (ERPI), unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e outras estruturas e respostas residenciais para crianças, jovens e pessoas com deficiência, requerentes e beneficiários de proteção internacional e acolhimento de vítimas de violência doméstica e tráfico de seres humanos”.
Por fim, também as pessoas “com infeção por SARS-CoV-2 ou com sintomas sugestivos” da doença e as pessoas consideradas “contacto de um caso confirmado de covid-19”, exceto quando se encontrarem sozinhas “no seu local de isolamento”, são obrigadas a usar máscara.
A Associação de Médicos de Saúde Pública acredita, contudo, que a máscara deve continuar “a ser um equipamento de proteção individual utilizado por todos ou quase todos de maneira a que nos possamos proteger, não só da covid-19, mas também da gripe”.
Somaram-se ontem mais 458 infeções por covid-19 – uma acentuada descida – cinco óbitos e mais 17 internamentos.