Banca: níveis de burnout elevados

Banca: níveis de burnout elevados


Estudo feito por sindicados do setor alerta para riscos mais elevados face a outras atividades. ‘Sobrecarga de tarefas, redução de efetivos, instabilidade e incerteza quanto ao futuro’ ditam resultados.


Os níveis de burnout na banca portuguesa são mais elevados do que em outros setores de atividade. Esta é uma das conclusões de um estudo levado a cabo pela UGT e os seus três sindicatos do setor –– Mais Sindicato, SBC e SBN – para avaliar os riscos psicossociais no sistema financeiro. «Os trabalhadores do setor bancário encontram-se sujeitos a pressões intensas e particulares, resultantes da natureza da atividade profissional, nomeadamente sobrecarga e pulverização de tarefas, redução de efetivos, instabilidade e incerteza quanto ao futuro profissional, entre outras», revelou o Mais Sindicato.

O estudo realizado pela Think People através de um questionário aos trabalhadores da banca chegou à conclusão que estes profissionais apresentam níveis de burnout (burnout dos participantes = 3,29) superiores à média da população portuguesa (2,69). Ao mesmo tempo, «apresentaram níveis de exaustão física, cognitiva e emocional elevados (3,4), claramente superiores à média da população portuguesa (2,8), que se traduzem em distanciamento (3,18), isto é, desligamento relativamente ao trabalho e comportamentos e atitudes negativas e cínicas face ao trabalho, valores claramente superiores à média nacional (2,56)».

No entanto, quando comparadas as categorias profissionais são os que não têm funções de chefia que apresentam níveis mais elevados de burnout (não chefias: 3,32; chefias: 3,25; função diretiva: 3,92). E são as mulheres as mais afetadas (mulheres: 3,35; homens: 3,24).

De acordo com o mesmo estudo, os resultados da avaliação dos riscos psicossociais «evidenciam a existência de risco elevado ao nível das de exigências laborais (48,3% de risco elevado na subescala exigências quantitativas; 66,4% de risco elevado na subescala ritmo de trabalho; 71,7% de risco elevado na subescala exigências cognitivas e 70,1% de risco elevado na subescala exigências emocionais)».

A ausência de equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar é outro dos riscos psicossociais apontado por estes profissionais (50,9% de risco elevado na subescala conflito trabalho/família). «São significativos os resultados da subescala insegurança laboral (43,5% de risco elevado), apontando para a existência de insegurança e incerteza quanto ao futuro profissional destes profissionais», acrescentando que «a maioria dos participantes, percecionou a qualidade da liderança como um fator de risco moderado (45,7%) ou elevado (28%)».

Os dados obtidos relativamente à saúde e bem-estar destes profissionais «revelam resultados preocupantes ao nível do stresse (43,3% de risco elevado na subescala stresse), ao nível de sono (36,1% de risco elevado na subescala problemas em dormir), dos sintomas depressivos (34,3% de risco elevado na subescala sintomas depressivos) e dos níveis de burnout (47,3% de risco elevado na subescala burnout)».

Recorde-se que os cinco maiores bancos a operar em Portugal perderam 240 agências e 1.474 trabalhadores entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período deste ano, segundo os dados divulgados pelas instituições. No final de junho do ano passado, os bancos contavam em conjunto com 2.343 agências, vendo esse número reduzido num ano para 2.103. A meio deste ano, o BPI contava com 386 agências, a CGD com 543, o Santander Totta com 368, o Novo Banco com 348 e o BCP com 458. Já em relação ao número de trabalhadores, a redução foi de 1.474 pessoas. No final do semestre, em Portugal, a CGD contava com 6.515 trabalhadores, o Santander Totta com 5.765, o BCP com 6.937, o BPI com 4.562 e o Novo Banco com 4.448.