GC32 Racing Tour. Voar baixinho e de vento em popa!

GC32 Racing Tour. Voar baixinho e de vento em popa!


Onde antes se ensinava a arte da navegação, estiveram agora os espetaculares e velozes catamarans “voadores” da GC32 Racing Tour. Lagos voltou a estar no centro do mundo náutico.


A principal competição de catamarans tem passagem por Portugal, Espanha e Itália e compreende quatro eventos. Desenrola-se em locais que tenham condições ideais para a navegação à vela, como seja vento forte e mar flat, e um enquadramento que permita às pessoas assistirem em terra às regatas. Lagos recebeu duas provas este ano e começa a ganhar importância na rota dos grandes eventos náuticos internacionais: “É um local fantástico para navegar com o GC32”, referiu um dos elementos da Black Star Sailing Team.

A segunda passagem da GC32 Racing Tour pelo Algarve contou com seis equipas: Alinghi, Team Rockwool Racing, Red Bull Sailing Team, Zoulu, Black Star Sailing Team e Swiss Foiling Academy. Cada tripulação é composta por cinco elementos e todas elas têm skippers profissionais e vencedores de grandes competições de vela. Verdadeiros lobos do mar em barcos que também voam… o que constitui uma forma de navegar mais rápida e intensa. Embora seja espetacular, os puristas da vela não gostam de ver os barcos a fazer voos rasantes, pois é a própria relação com o mar que se transforma.

Após quatro dias de batalhas navais disputadas a alta velocidade, com o vento a desempenhar papel determinante e a exigir muita mão-de-obra dos velejadores, a Alinghi ganhou à justa a Lagos Cup 2, justificando o título mundial que ostenta, na frente da Rock Star Sailing Team, que revelou uma curva de aprendizagem ao longo da prova. “Lutámos muito para vencer e tentámos sempre navegar o mais rápido possível. Algumas vezes não fizemos boas partidas, mas escolhemos uma boa layline que nos permitiu ultrapassar os adversários”, disse Arnaud Psarofaghis, timoneiro da Alinghi.

O primeiro dia de regatas constitui um verdadeiro quebra-cabeças para os participantes devido às constantes mudanças do vento, a experiente Alinghi – vencedora da America´s Cup por duas vezes – foi a mais regular e acabou o dia na frente. O segundo dia resumiu-se a uma única regata. O vento forte (superior a 20 nós) e irregular obrigou à interrupção da competição por questões de segurança. O terceiro dia começou com grande dinâmica, mas, após quatro regatas e com o vento a atingir 40 nós!, os barcos passavam mais tempo no ar do que na água, a prova voltou a ser interrompida. “Em cinco anos de provas na GC32 foi o dia em que apanhei mais vento”, referiu um elemento da Alinghi. O quarto e último dia foi passado a velejar. As cinco regatas foram intensamente disputadas para agrado dos espetadores presentes na Meia Praia.

Em relação ao futuro da competição em Portugal, Christian Scherrer, responsável pelo GC32 Racing Tour, espera “voltar com mais barcos. Gostava de ver outro grande campeonato em Lagos com dez ou mais barcos. Seria excelente”.

BARCO OU AVIÃO? O GC32 é dos barcos de competição mais rápidos do Mundo. É construído pela Premier Composite Technologies em fibra de carbono, tem 12 metros de comprimento, seis metros de largura e pesa 975 quilos. Os dois cascos com 10 metros de comprimento integram dois ailerons em forma de L (foils), similares a asas de avião, que em contacto com a água geram sustentação e fazem com que o barco se eleve com vento de oito nós (15 km/h). O mastro giratório (16,5 metros de altura) em conjunto com a vela principal (60 m2) – considerada o “motor do barco” – melhoram a aerodinâmica; existem outras duas velas mais pequenas e fáceis de manusear que ajudam a ganhar velocidade; o GC32 pode atingir os 40 nós (74 km/h) com condições de vento e mar favoráveis. A pá do leme é usada para direcionar o barco e manter o equilíbrio. A rede de fibra leve e robusta, designada por trampolim, permite aos velejadores passarem de um casco para o outro.

O controlo do barco exige muita prática e perícia da tripulação, que joga com a inclinação dos ailerons (foils) para otimizar o comportamento do GC32 e realizar manobras mais delicadas. A comunicação e a coordenação entre tripulantes são fundamentais para manter o barco equilibrado a velocidade elevada – é assim que se ganha segundos aos rivais.

O formato das regatas difere ligeiramente das outras provas do circuito Mundial, mas, uma coisa é certa, são sempre disputadas em condições extremas como se viu em Lagos. O tipo de percurso é o mesmo, a distância entre boias é que é maior, em consequência disso as corridas são mais longas e permitem muitas vezes estabelecer recordes de velocidade. A competição desenrola-se durante quatro dias, e se as condições meteorológicas forem favoráveis disputam-se seis regatas por dia, com 20 minutos de duração.