A Avenida dos Campos Elísios, em Paris, foi novamente o palco do momento mais icónico da Volta a França: a última etapa da competição, onde Tadej Pogacar (UAE Emirates) se sagrou campeão pelo segundo ano consecutivo, aos 22 anos. Numa etapa deveras cerimonial, que começou em Chatou, bem perto da Château de Saint-Germain-en-Laye, onde nasceu Luís XIV de França, e acabou com as icónicas voltas à Avenue des Champs-Élysées e ao Arco do Triunfo, os ciclistas deram por concluída mais uma edição da mítica competição mundial desta modalidade.
Pogacar cedo se perfilou como o principal candidato ao título, procurando revalidar a conquista de 2020. Com três vitórias em etapas a seu nome, e vestindo a camisola amarela desde a oitava etapa do Tour, o esloveno foi desbravando, aos 22 anos de idade, pelas diferentes fases da competição, com Jonas Vingegaard (Jumbo – Visma) e Richard Carapaz (INEOS Grenadiers) nas suas costas. No fim, Pogacar venceu quase tudo o que havia para vencer. Camisolas de todas as cores – amarela (classificação geral), branca com ‘bolinhas’ vermelhas (classificação de montanha) e branca (classificação de jovem ciclista) – pintaram o desempenho do esloveno ao longo de toda a competição.
Diga-se de passagem que da Eslovénia, o país com uma população de cerca de dois milhões de habitantes, nasceram mais ciclistas de ‘topo’, como Primoz Roglic e Matej Mohoric. Um detalhe que custará a digerir aos franceses, nação de 67 milhões de habitantes e palco desta competição, que não vê um ciclista ‘da casa’ vencer o Tour desde 1985, ano em que Bernard Hinault conquistou o título.
Portugal no top-20 Ruben Guerreiro foi o principal representante português na Volta a França, junto da EF Education-Nippo, fechando a competição no lugar 18. da classificação geral.
O ciclista, de 27 anos, brilhou na 15.ª etapa, onde cruzou a meta em quinto lugar. De resto, no entanto, os resultados na sexta e sétima etapas (100.º e 121.º, respetivamente) tinham já dificultado tremendamente ao português o caminho para vencer a competição.
Ainda assim, Guerreiro manteve uma passada estável e ficou à frente de figuras como o esloveno Matej Mohoric (Bahrain Victorious), que venceu a 7.ª e a 19.ª etapa da competição.
Edição de recorde Um nome sobressaiu na edição de 2021 do Tour de France, e não só por ter conquistado a camisola verde (classificação por pontos). O britânico Mark Cavendish, que concluiu o Tour no fundo da classificação geral, saiu da competição, ainda assim, de cabeça erguida, e tem razões para isso: o ciclista da Deceuninck Quick-Step igualou um recorde mundial, ao contar a sua 34.ª vitória em etapas do Tour de France, após vencer a 13.ª tirada da competição. Aos 36 anos de idade, Cavendish venceu quatro etapas nesta 108.ª edição do Tour, e, assim, chegou ao recorde do belga Eddy Merckx, que tinha atingido esta marca em 1975. O britânico, no entanto, falhou o novo recorde, ao ficar em terceiro lugar na última etapa do Tour. Cavendish, recorde-se, apesar das 34 vitórias na competição, nunca venceu o Tour.
A queda fatal A edição de 2021 do Tour de France encontrou um obstáculo logo na primeira etapa, que ficará para sempre nas memórias dos amantes desta competição. Uma mulher cruzou-se na linha de fogo dos ciclistas que percorriam os quase 200 quilómetros entre Brest e Landerneau, e provocou a queda de dezenas de competidores. O objetivo? Tirar uma fotografia com um cartaz que dizia ‘Força avô e avó!’. A mulher acabou detida, e durante vários dias pensou-se o pior: que fosse processada pelos diferentes ciclistas que perderam preciosos minutos na classificação geral devido à queda, ou que fosse condenada judicialmente.
Uma queda, aliás, que se tornou fatal para o britânico Chris Froome, que venceu quatro vezes o Tour de France, mas que teve, na edição de 2021, uma das suas piores exibições de sempre. Froome completou o Tour para lá do centésimo lugar da classificação geral, a mais de quatro horas de distância de Tadej Pogacar. Ainda assim, o britânico venceu o título simbólico do “ciclista mais educado e gentil do Tour de France”, dado pela equipa técnica de televisão da competição.
Também Rui Costa, o português da UAE Emirates, sofreu fortemente com a queda, acabando por cair para o 96.º lugar na primeira etapa. Costa fechou a competição a meio da tabela da classificação geral.