Os corvos também voam


Incomoda-me profundamente a existência de humanos que continuam a sobreviver como corvos. Ter asas  é um dom. Aliás, recordemos que é precisamente nas asas que residem a força e a confiança das aves.


Há contos que nos remetem para a vida dos animais e nos transmitem ideias extraordinárias. A eles temos recorrido ao longo da nossa História no intuito de refletir e ensinar modelos de vida. É verdade que – no que toca a alguns destes contos – não nos atrevemos a perguntar se as ações neles contidas correspondem aos atos da natureza. Essa questão perde importância, torna-se desnecessária.

Iniciei, há 13 anos, uma conversa com um desconhecido. Essa conversa tem sido tão interessante para ambos que até hoje não tivemos nem vontade de, nem coragem para a dar como terminada. Ficámos amigos, irmãos e cúmplices na missão esperançosa de transformar a Humanidade. Não competimos pela verdade, pelas ideias, pelos números e muito menos nos obrigamos a qualquer espécie de cedência religiosa. Um será escravo da sua liberdade e o outro sente-se livre na sua escravidão.

Seja como for, não será a nossa amizade a ficar para a história, mas decerto as histórias da nossa amizade. Assim, porque celebramos este ano mais um aniversário daquele encontro inicial, quero apresentar-vos um dos nossos últimos temas de conversa: a águia e o corvo.

Conta-se que o corvo é a única ave que ousa atacar a águia. O ataque daquele dá-se pelas costas, bicando-lhe o pescoço, ferindo-a a cada investida. A águia não contra-ataca. Limita-se a levantar voo e a subir tão alto quanto as suas asas lho permitem. Deste modo, o corvo, incapaz de aguentar as condições de tamanha altitude, acaba por ser derrotado.

Os medíocres têm medo das alturas ou, se preferirmos recorrer uma linguagem juvenil – “não aguentam a pressão”.

Voar, com ou sem asas, tem sido um dos principais sonhos da humanidade. Durante a infância sonhamos frequentemente com a capacidade de nos deslocarmos pelo ar. Alguns entendidos em psicologia relacionam estes sonhos com o desenvolvimento do indivíduo.

Não me incomodam os que preferem caminhar, nem os que têm medo das alturas. Incomoda-me profundamente a existência de humanos que continuam a sobreviver como corvos.

Ter asas é um dom. Aliás, recordemos que é precisamente nas asas que residem a força e a confiança das aves. Ao pousar num ramo de árvore, estas não receiam que ele se parta, pois a sua confiança não está nos ramos, está isso sim, nas suas próprias asas.

Estudos sobre corvos têm demonstrado tratar-se de aves dotadas de grande inteligência quando comparadas com outros animais: têm uma forte capacidade de resolver problemas e até se considera que sua inteligência é superior à de crianças de quatro anos.

Por mim, abdicaria de toda a minha inteligência no intuito de poder subir bem alto e tocar o céu.

 

Professor e investigador


Os corvos também voam


Incomoda-me profundamente a existência de humanos que continuam a sobreviver como corvos. Ter asas  é um dom. Aliás, recordemos que é precisamente nas asas que residem a força e a confiança das aves.


Há contos que nos remetem para a vida dos animais e nos transmitem ideias extraordinárias. A eles temos recorrido ao longo da nossa História no intuito de refletir e ensinar modelos de vida. É verdade que – no que toca a alguns destes contos – não nos atrevemos a perguntar se as ações neles contidas correspondem aos atos da natureza. Essa questão perde importância, torna-se desnecessária.

Iniciei, há 13 anos, uma conversa com um desconhecido. Essa conversa tem sido tão interessante para ambos que até hoje não tivemos nem vontade de, nem coragem para a dar como terminada. Ficámos amigos, irmãos e cúmplices na missão esperançosa de transformar a Humanidade. Não competimos pela verdade, pelas ideias, pelos números e muito menos nos obrigamos a qualquer espécie de cedência religiosa. Um será escravo da sua liberdade e o outro sente-se livre na sua escravidão.

Seja como for, não será a nossa amizade a ficar para a história, mas decerto as histórias da nossa amizade. Assim, porque celebramos este ano mais um aniversário daquele encontro inicial, quero apresentar-vos um dos nossos últimos temas de conversa: a águia e o corvo.

Conta-se que o corvo é a única ave que ousa atacar a águia. O ataque daquele dá-se pelas costas, bicando-lhe o pescoço, ferindo-a a cada investida. A águia não contra-ataca. Limita-se a levantar voo e a subir tão alto quanto as suas asas lho permitem. Deste modo, o corvo, incapaz de aguentar as condições de tamanha altitude, acaba por ser derrotado.

Os medíocres têm medo das alturas ou, se preferirmos recorrer uma linguagem juvenil – “não aguentam a pressão”.

Voar, com ou sem asas, tem sido um dos principais sonhos da humanidade. Durante a infância sonhamos frequentemente com a capacidade de nos deslocarmos pelo ar. Alguns entendidos em psicologia relacionam estes sonhos com o desenvolvimento do indivíduo.

Não me incomodam os que preferem caminhar, nem os que têm medo das alturas. Incomoda-me profundamente a existência de humanos que continuam a sobreviver como corvos.

Ter asas é um dom. Aliás, recordemos que é precisamente nas asas que residem a força e a confiança das aves. Ao pousar num ramo de árvore, estas não receiam que ele se parta, pois a sua confiança não está nos ramos, está isso sim, nas suas próprias asas.

Estudos sobre corvos têm demonstrado tratar-se de aves dotadas de grande inteligência quando comparadas com outros animais: têm uma forte capacidade de resolver problemas e até se considera que sua inteligência é superior à de crianças de quatro anos.

Por mim, abdicaria de toda a minha inteligência no intuito de poder subir bem alto e tocar o céu.

 

Professor e investigador