Moedas tenta aproveitar polémicas

Moedas tenta aproveitar polémicas


Carlos Moedas já pediu a demissão de Medina e não vai largar polémicas – e em particular ao caso que fica conhecido como Russiagate, daentrega de dados pessoais de ativistas russos a Moscovo – que envolvem o autarca socialista. Quanto ao presidente da Câmara de Lisboa, não tem pressa de arrancar com a campanha.


O resultado em Lisboa tem quase sempre uma leitura nacional e este ano não vai ser diferente. Fernando Medina, que está á frente da Câmara desde 2015, recandidata-se pelo Partido Socialista. O_PSD aposta forte em Carlos Moedas, que, ao contrário do que aconteceu nas últimas eleições, concorre juntamente com o CDS e outros partidos de direita com menor dimensão como o PPM, MPT e Aliança.

O ex-comissário europeu aposta tudo no desgaste de Fernando Medina para retirar a câmara aos socialistas. Distribuiu cartazes pela cidade com a garantia de que Medina não cumpriu as promessas que fez aos lisboetas e ganhou mais energia com o caso dos ativistas russos. Já pediu a demissão do atual presidente da câmara e acredita que esta polémica fragiliza o PS nas eleições que vão realizar-se em setembro ou outubro.

O autarca socialista apostava em começar a campanha mais tarde e apostar tudo no combate à pandemia e nos apoios sociais aos lisboetas, mas viu-se obrigado assumir um maior protagonismo devido às polémicas com a festa do Sporting e dos dados pessoais entregues à embaixada russa e ao ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

Os socialistas têm consciência de que estas polémicas podem ter custos eleitorais e a estratégia é minimizá-los. Durante este processo figuras como Pedro Nuno Santos saíram em defesa do recandidato à câmara de Lisboa. «Fernando Medina não pactua com o desrespeito pelos mais elementares direitos humanos, entre eles o direito à manifestação. Todos sabem isto, mas, no universo político partidário, a maioria não deixou de ignorar o que sabe para tentar obter ganhos políticos», afirmou o ministro das Infraestruturas e dirigente do PS, na sua página do facebook.  Fernando Medina também já prometeu responder à «campanha de insultos».

A verdade é que quem esperava uma campanha cordial enganou-se. Carlos Moedas não tem poupado o autarca socialista, mas há quem pense que não chega criticar e é preciso começar a apresentar propostas para a cidade.

Moedas apresentou a candidatura no início de Maio no Jardim da Estrela com a garantia de que  «Fernando Medina não tem visão para a cidade. Tem uma visão para parecer bem aos seus amigos e para agradar sobretudo ao Governo. É essa a agenda de Fernando Medina. É agradar ao Governo. Não é uma agenda ao serviço dos lisboetas».

 

PS ganha Câmara desde 2007

A Câmara de Lisboa está nas mãos do PS desde 2007. António Costa conquistou a autarquia nas eleições intercalares reforço a votação em 2009 e 2013. Deixou a presidência da autarquia para se dedicar a tempo inteiro à liderança do PS e Fernando Medina, número dois até esse momento, assumiu o cargo. O atual presidente disputou as eleições pela primeira vez em 2017 e venceu, mas sem conseguir manter a maioria absoluta. A solução foi um acordo com o Bloco de Esquerda depois de o PCP recusar uma espécie de geringonça na autarquia da capital.

BE e PCP também não alinharam numa coligação pré-eleitoral com os socialistas e decidiram avançar sozinhos para o combate na capital do país .

 

Esquerda não fecha a porta a acordos

Os bloquistas apostam na deputada Beatriz Gomes Dias que foi deputada municipal e é apresentada pelo partido como ativista antirracista. A candidata do BE já admitiu que repetir o acordo com Fernando Medina no próximo mandato.

Os bloquistas conseguiram, nas últimas eleições mais de 7% dos votos numa lista liderada por Ricardo Robles que se afastou do partido depois da polémica com a venda de um prédio em Alfama.

João Ferreira volta a candidatar-se pelo PCP. Já assumiu duas candidaturas e nas últimas autárquicas conseguiu quase 10% dos votos. O ex-eurodeputado voltou a defender esta semana, em declarações á agência Lusa,  que «precisamos de fazer prevalecer sobre interesses particulares o interesse coletivo mais geral. Isto implica um combate decidido a fenómenos como a especulação imobiliária».

Os transportes públicos «tendencialmente gratuitos» é outra das prioridades do candidato que é também apontado como futuro secretário-geral do PCP.

 

As estreias nas autárquicas

A Iniciativa Liberal ainda se sentou à mesa com Carlos Moedas, mas preferiu não entrar numa coligação de direita. Depois de ter apresentado Miguel Quintas, que desistiu três dias depois, lançou o nome de Bruno Horta Soares. PSD e CDS fizeram, esta semana, duras críticas aos liberais por terem promovido um arraial durante a pandemia.

O Chega também concorre pela primeira vez às autárquicas. O partido aposta numa cara conhecida da televisão. Nuno Graciano garante que está na corrida porque a cidade tem problemas «muito graves» e tenciona fazer uma campanha de proximidade.

Tiago Matos Gomes, do Volt Portugal, também se estreia nestas eleições. Uma cidade que aposta nos transportes públicos e que tem em conta as diferentes formas de mobilidade é uma das bandeiras do novo partido.

 

PAN aposta na escritora Manuel Gonzaga

O PAN foi o último partido a apresentar o candidato à câmara de Lisboa e escolheu Manuela Gonzaga que já tinha dado a cara pelas causas do partido nas presidenciais, em 2015, mas acabou por desistir.

Na apresentação da candidatura, na Alameda, a escritora defendeu que «Lisboa tem sido descaracterizada», porque «não há visão» para a cidade. «Medina falha. O PS falha. O Bloco de Esquerda falha. Faz falta o PAN”, disse.

Inês Sousa Real, que se candidatou nas últimas autárquicas à câmara de Lisboa, deixou claro que o objectivo do PAN é reforçar a votação, depois de ter conseguido cerca de 3% nas últimas eleições.