Grande Lisboa é o foco mas Algarve também se aproxima das linhas de alerta

Grande Lisboa é o foco mas Algarve também se aproxima das linhas de alerta


Situação não está controlada na AML e especialistas ouvidos pelo i admitem que pode estar já a haver atraso nos diagnósticos e rastreios. Governo proíbe circulação ao fim de semana e assume que o objetivo é evitar alastrar ao resto do país mas casos já aumentaram significativamente no Algarve e estão a subir em todo…


Uma medida que não estava nos planos e que visa tentar evitar que o aumento de casos que se verifica na área metropolitana de Lisboa alastre ao resto do país. Foi assim que Mariana Vieira da Silva justificou ontem o regresso a tempos de maior aperto no controlo da pandemia. Numa semana marcada pela troca de galhardetes entre Presidente e primeiro-ministro sobre hipotéticos recuos no desconfinamento, este foi uma decisão de controlo de danos tomada em Conselho de Ministros, que começou a desenhar-se de véspera. Segundo os especialistas ouvidos pelo i, não terá um efeito muito imediato em Lisboa, onde já há indícios de estar a haver atrasos nos diagnósticos e rastreios, mas entre o apertar de regras e a mensagem que isso transmite, a expectativa é que haja um abrandamento e maior cautela nos contactos, depois de o país ter atingido um pico no desconfinamento nas últimas semanas e que agora já dá sinais de algum recuo.

À espera de dados Mariana Vieira da Silva não descartou mais medidas em Lisboa, mas remeteu-as para quando houver mais dados sobre a prevalência da variante indiana, que como o i avançou, os especialistas que fazem a avaliação técnica para o Executivo e o Governo já têm indicação de que é dominante em Lisboa com base nas estimativas de prevalência feitas a partir de testes PCR, aguardando-se os resultados dos testes feitos pelo INSA.

Lisboa, Braga e Odemira mantêm horários de fecho às 22h30 e seis concelhos recuam nesta semana de horários de fecho à meia-noite para o arrumar de esplanadas e restaurantes às horas ‘antigas’. Sesimbra, que na semana passada pediu para não avançar no desconfinamento, dá o passo maior atrás e é o primeiro concelho a voltar a ter restrições ao fim de semana (restauração fecha às 15h30), situação em que na próxima semana deverá passar a estar a capital e outros concelhos da AML, aqueles que se mantiverem pela segunda semana consecutiva acima do patamar dos 240 casos por 100 mil habitantes (480 no caso de concelhos mais pequenos).

Para já, na grande Lisboa, a principal mudança é mesmo que a partir desta sexta-feira às 15h, fica proibido entrar e sair da área metropolitana, uma decisão que quando foi tomada no ano passado sem estar decretado o estado de emergência também gerou um episódio de fricção entre Governo e PR (ver ao lado).

Considerando que 15 meses volvidos em pandemia “não faz sentido questionar sistematicamente” as medidas, que admitiu ser cedo para dizer quanto tempo irão durar, Mariana Vieira da Silva adiantou que haverá fiscalização às movimentações, proibidas até às 6h de segunda-feira. E exceções, que serão as mesmas de outras alturas em que a regra foi implementada.

Para quem tem férias marcadas, não haverá uma exceção específica, mas o Governo recomenda prudência nos contactos. No caso de viagens internacionais, não há restrições. Cá dentro, a resposta de Vieira da Silva foi que durante a semana não há interdições. “O que está impedido são as saídas ao fim de semana. À segunda, terça, quarta e quinta continua a ser permitido entrar e sair. Não é uma cerca sanitária, é uma restrição ao fim de semana”, disse a ministra, já depois de admitir que as medidas terão pouco efeito no controlo da epidemia na área metropolitana, onde reconheceu que o aumento de casos já alastrou.

Não foram facultados dados muito detalhados sobre a situação epidemiológica durante a conferência de imprensa. Segundo os dados disponibilizados diariamente pela DGS, a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo continua a destacar-se do resto do país, mas o aumento de casos nos últimos sete dias voltou a ser transversal ao resto do país e o Algarve regista uma subida significativa na incidência (nos últimos sete dias houve um aumento de 85% nos novos casos).

O RT a nível nacional é de 1,13, indicou Mariana Vieira de Silva. Segundo o i apurou, o último cálculo do RT para a região de Lisboa, que será divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Ricardo Jorge, é de 1,20, o que retrata ainda a situação na semana passada. Nos últimos sete dias, os casos aumentaram 52% na região. A região de Lisboa está com uma incidência cumulativa de casos a 14 dias, o indicador usado para monitorizar a epidemia, na casa dos 170 casos por 100 mil habitantes, duas a três vezes superior ao que se passa no Norte (na região Centro e no Alentejo. Mas o Algarve já se aproxima de novo da linha dos 120 casos por 100 mil habitantes, à conta sobretudo da subida de infeções em Albufeira, um dos concelhos que já estava sinalizado desde a semana passada e recua agora para horários de fecho na restauração às 22h30.

Também na região Norte voltou a registar-se nos últimos dias um aumento de casos, depois de um período de estabilização. Ficam em alerta, por estarem pela primeira vez acima dos limiares definidos pelo Governo (120 casos por 100 mil habitantes ou 240 nos municípios com menor densidade) os concelhos de Alcochete, Águeda, Almada, Amadora, Barreiro, Grândola, Lagos, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sardoal, Seixal, Setúbal, Sines, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira. A incidência em cada um só é divulgada à sexta-feira pela DGS.