Chelsea-Manchester City. Recordações de uma taça desaparecida

Chelsea-Manchester City. Recordações de uma taça desaparecida


Os dois finalistas da Liga dos Campeões defrontam-se desde Dezembro de 1907. Encontram-se numa meia-final europeia em 1971


Este sábado, pelas 20h00, no Estádio das Antas, que para mim é sempre das Antas – não só porque não conheço nenhum Bairro do Dragão mas também porque esse é o nome histórico do estádio do FC Porto –, Chelsea e Manchester City fazem com que o “association” inglês dê mais uma chapada no futebol continental, repetindo o feito de há duas épocas, quando tivemos outras duas equipas inglesas na final da Liga dos Campeões, nessa altura Liverpool e Tottenham.

Temos, portanto, a certeza absoluta de que a Taça dos Campeões Europeus, que assim se chama o troféu das abas largas, viajará pela 14ª vez para terras de sua majestade, Rainha Isabel, segunda do nome, ou estreando o Machester City na lista dos vencedores (tornando-se dessa forma a sexta equipa da Grã-Bretanha a ser campeã da Europa, algo de verdadeiramente extraordinário e fora do alcance de qualquer outro país), ou repetindo o êxito do Chelsea em 2012 e elevando os londrinos ao nível daqueles que não passam na prova por mero acaso.

Manchester City e Chelsea são tão velhos conhecidos que se defrontam desde 1907. Mais precisamente, 7 de Dezembro de 1907, num encontro a contar para a I Divisão da Liga Inglesa, que chegou ao fim com um empate a dois golos. A partir daí foram surgindo um no caminho do outro para todas as competições internas e mesmo para uma competição da UEFA, a Taça dos Vencedores de Taças de 1970-71, troféu entretanto extinto assim à trouxe-mouxe e que, pelos vistos, deixou um buraco para preencher tal a forma como, também à trouxe-mouxe, o organismo que regula o futebol na Europa resolveu inventar uma nova competição, a Europa Conference League que, estando um nível abaixo da Liga Europa, a Taça dos Campeões dos meia-leca, vai ser, tudo leva a crer e com perdão da expressão pouco burocrática, a Taça dos Campeões dos mija-na-escada. Enfim, dessa malta espera-se tudo e mais um par de botas.

Vantagem Chelsea Ao consultarmos a lista da totalidade dos confrontos entre Chelse e Manchester City deparamos com vantagem para os londrinos: 70 vitórias contra 59, com 39 empates metidos à mistura. Números que pouco contarão, obviamente, no momento em que entrarem em campo para discutir a final da Liga dos Campeões desta época, finalmente com público nas bancadas, seis mil adeptos por clube, nada de muito entusiasmante mas já um começo de regresso à velha realidade que tanta falta nos faz.

Curioso será, neste caso, dar uma vista de olhos ao momento em que Manchester City e Chelsea lutaram pela presença na final da Taça das Taças. O City vencera o torneio da época anterior, derrotando na final o Gornik Zabrze da Polónia, e garantindo o único título europeu que ganhou até hoje. Por esse motivo, a Inglaterra levou para a competição do ano seguinte dois representantes, o Manchester City defendendo a sua posição de vencedor, o Chelsea como conquistador da Taça de Inglaterra.

Até às meias-finais, o City passou o Linfield (1-0 e 1-2), o Honved (1-0 e 2-0) e o mesmíssimo Gornik Zabrze (2-0 e 0-2, com 3-1 no jogo de desempate). O Chelsea, por seu lado, livrou-se do Aris de Salónica (1-1 e 5-1), do CSKA de Sófia (1-0 e 1-0), e do Brugge (0-2 e 4-0). Não quis a sorte que houvesse uma final inglesa. E, desta forma, no dia 14 de Abril de 1971, em Stamford Bridge, com um golo de Smethurst, aos 46 minutos, o Chelsea arrancava uma curta mas preciosa vantagem de 1-0 para a segunda mão. Chegou. Em Maine Road, o City não teve arte nem engenho para contrariar o resultado e voltou a perder, outra vez por 0-1, agora com um golo de Healey, aos 43 minutos, na própria baliza.

Na final, contra o Real Madrid, foram precisos dois jogos, no Estádio Karaiskakis, no Pireu. O primeiro não saiu da cepa torta – 1-1. No segundo, a vitória dos londrinos por 2-1 fê-los tornarem-se os herdeiros do City na conquista da saudosa Taça das Taças. Agora, entendam-se na final do Porto. Afinal falam a mesma língua…