Fim das moratórias, fim de vida, fim das histórias


Que os governantes portugueses tenham nos últimos anos enveredado por um caminho de total incompetência no que às suas funções diga respeito, não é surpresa. Por outro lado, aquilo que me continua a surpreender, é a sua cada vez mais refinada capacidade em conseguir passar pelos pingos da chuva enquanto essa incompetência se vai tornando…


Que os governantes portugueses tenham nos últimos anos enveredado por um caminho de total incompetência no que às suas funções diga respeito, não é surpresa. Por outro lado, aquilo que me continua a surpreender, é a sua cada vez mais refinada capacidade em conseguir passar pelos pingos da chuva enquanto essa incompetência se vai tornando mais notória e se foge ao debate das questões que realmente interessam.

O fim das moratórias que a grande velocidade se aproxima é um dos casos mais flagrantes do que acabo de referir. Sobretudo porque depois do fim da denominada moratória privada em março passado, vislumbra-se cada vez mais próximo, o momento em que terminarão também as moratórias públicas. (próximo mês de setembro)

Se sobre o que acabo de escrever não parecem restar dúvidas, sobretudo no que diga respeito ao que consigo o avançar do tempo trará, a incerteza reinante é perceber se há alguma solução ou resposta prevista para todos os problemas que com este acontecimento jamais poderão continuar a ser mascarados pelo Executivo.

Haverá vida e história para lá do fim das moratórias? Se sim, qual? Como? Em que moldes? Por quanto tempo? Todas estas são questões importantes, todas estas são questões sem resposta. 

Em primeiro lugar porque aquilo que na sua essência as moratórias representam, não é nenhuma solução mas apenas uma dilação temporal da liquidação de diversas responsabilidades. No entanto, uma vez terminadas, o problema mantém-se, ou seja, não vai haver dinheiro.

Em segundo lugar porque importa não esquecer que os créditos em moratórias no nosso país são de uma dimensão muitíssimo superior face aos de outros países bem mais ricos que nós. Poder-se-á dizer que tal realidade se deve às circunstâncias de cada país. É um facto. No entanto, tudo medido, ficamos todos na mesma. Dinheiro nem vê-lo.

Em terceiro lugar porque como vai sendo luso-apanágio, fazer política em Portugal parece resumir-se a empurrar os problemas com a barriga, comportamento em que, diga-se de passagem, os socialistas são os maiores. Quando há dinheiro para gastar, tapam com ele os problemas que existem. Quando há problemas mas não há dinheiro, apostam no jogo do empurra para a frente.

Só assim se compreende que o governo pareça estar a equacionar novamente outro prolongamento das moratórias para lá da data de setembro em que terminam, o que acontecendo, apenas servirá, uma vez mais, para estender os prazos normais de pagamentos, mas ficando todos nós sem perceber, como habitual, o essencial: e quando acabarem? Porque nalgum dia terão de acabar, disso não tenhamos dúvidas.

Todo este artigo é um círculo vicioso de claras constatações, é circularmente viciosa a ausência de respostas governamentais e começam a faltar palavras para caracterizar o estado a que chegou o nosso país. 

A bomba relógio das moratórias está prestes a explodir e da sua explosão resultarão incontáveis feridos diretos e muitos outros atingidos por estilhaços. 

Para uns e para outros, a reposta do Governo é a mesma: silêncio.

Escreve à sexta-feira