Depois de um inquérito interno da BBC concluir que o jornalista Martin Bashir teve um “comportamento desonesto” para garantir uma entrevista com a princesa Diana em 1995, numa “violação grave” das normas da estação pública britânica, o príncipe William considerou que a entrevista não deveria voltar a ser exibida e disse que a mesma contribuiu "significativamente para o medo, paranóia e isolamento" que a mãe viveu nos seus últimos anos.
A posição de William foi transmitida através do Twitter, em reação à investigação que em novembro foi entregue ao juiz aposentado John Dyson, depois das acusações feitas por Charles Spenecer. O irmão da princesa Diana acusou Martin Bashir, de 58 anos, de utilizar documentos falsos para persuadir Diana a aceitar dar a entrevista, na qual disse “éramos três neste casamento”, referindo-se ao relacionamento do príncipe Carlos com Camilla Parker-Bowles.
Para o príncipe William, a forma como a entrevista foi obtida acabou por influenciar o que foi dito por Diana. Além disso, o príncipe considera que a mesma contribuiu para piorar a relação dos pais e “desde então magoou inúmeras outras pessoas”.
O filho mais velho de Diana critica a BBC por não ter feito a investigação em causa mais cedo e acusa a emissora que contribuir na criação de “uma falsa narrativa” sobre Diana, que durante 25 anos “foi comercializada pela BBC e por outros meios”.
Note-te que a entrevista em questão abalou a monarquia.
“Os erros da BBC não só prejudicaram a minha mãe e a minha família, como prejudicaram o público", concluiu William.
Também o príncipe Harry reagiu às conclusões do inquérito através de um comunicado. “A nossa mãe era uma mulher incrível. Ela era resistente, corajosa e inquestionavelmente honesta. O efeito cascata de uma cultura de exploração e práticas antiéticas acabou por custar-lhe vida”, considerou Harry, agradecendo a todos “aqueles que assumiram alguma forma de responsabilidade” sobre esta entrevista.
“Esse é o primeiro passo em direção à justiça e à verdade. No entanto, o que me preocupa profundamente é que práticas como essas – e ainda pior – ainda são comuns hoje”, criticou.
“A nossa mãe perdeu a vida por causa disto, e nada mudou. Ao proteger o seu legado, protegemos a todos e defendemos a dignidade com que ela viveu a sua vida. Vamos sempre lembrar quem ela era e o que representava", rematou.
Martin Bashir era o editor de religião da BBC News e deixou a emissora na semana passada por motivos de saúde, devido a complicações associadas à covid-19.
A statement on today’s report of The Dyson Investigation pic.twitter.com/uS62CNwiI8
— The Duke and Duchess of Cambridge (@KensingtonRoyal) May 20, 2021