Recentemente muitos lisboetas (e não só) viveram a euforia de verem um dos principais clubes desta cidade, conquistar o campeonato nacional de futebol.
Foi um extravasar de emoções, primeiro porque o Sporting já continha esta vontade há anos, depois porque estamos a sair de um período ímpar da nossa história, confinados às nossas casas e ao teletrabalho há praticamente um ano.
No dia 7 de maio (5 dias antes das celebrações), Fernando Medina informava que já estava a trabalhar em conjunto com DGS, PSP, Polícia Municipal, Proteção Civil e Bombeiros para que as comemorações do título ocorressem “em condições de segurança física e sanitária”.
O resultado todos o conhecemos.
Já depois do desaire, Fernando Medina disse que só esteve responsável pelo Marquês. Porque carga de água? Lisboa é só o Marquês?
Será que só fala do Marquês porque a sua organização é tudo menos organizada, ao ponto de “perder” emails?
O seu mau planeamento pôs em perigo toda a cidade, pondo em causa a segurança de todos quantos queriam, justamente, extravasar a sua alegria. Exemplos como o que se passou no Saldanha foram realidade em muitos pontos da cidade.
E no Marquês as coisas correram melhor? Não. Um desastre.
E depois de tudo isto chegámos ao ridículo de ver a mesma pessoa que havia dito estar a articular tudo com DGS, PSP, Polícia Municipal, Proteção Civil e Bombeiros para que as comemorações do título ocorressem “em condições de segurança física e sanitária”, dizer que, afinal, a responsabilidade não era sua.
O Sporting, os sportinguistas, mas sobretudo a cidade de Lisboa, não mereciam este grau de irresponsabilidade.
Porém, agora Fernando Medina diz que vai assumir total responsabilidade por outro evento, que só vai depender dele, e aí vai mostrar a sua organização.
A cidade de Lisboa tem uma antiga tradição, que é a de receber os seus campeões desportivos nos Paços do Concelho.
Esse evento teve sempre como objetivo a oportunidade de proximidade nas celebrações de uma vitória desportiva de um clube da cidade.
Este detalhe, o da proximidade nas celebrações, é mais do que um detalhe. É a essência dessa cerimónia. O objetivo não é celebrar o atleta ou o dirigente, muito menos o autarca ou o funcionário municipal. O objetivo é permitir a celebração dos lisboetas junto dos seus heróis.
O evento nos Paços do Concelho, é por essa razão, uma celebração destinada aos lisboetas.
Então como é que Medina vai organizar esta celebração de proximidade em segurança?
Afastando os lisboetas.
Com isto Fernando Medina acabou de enviar uma mensagem muito importante: para ele o ato de governação é um ato de exclusão dos destinatários dessa governação.
Isto de se gerir uma cidade onde vivem pessoas, deve ser muito desconfortável para o Presidente da Câmara.
Dirão alguns que vivemos em pandemia. Que temos de impedir ajuntamentos. Mas então os partidos políticos foram impedidos de realizar manifestações ou congressos? Não estamos a assistir a eventos controlados com milhares de pessoas em salas fechadas?
Então porque é que não podemos organizar um evento ao ar livre, na Praça do Município, permitindo o acesso de um número controlado de lisboetas para assistir à receção dos seus heróis?
Não podemos porque a CML não sabe, ou não quer. Não vamos ter proximidade, vamos ter de ver pela televisão, porque têm medo, porque não sabem organizar em segurança. Mas esse é o papel de um autarca. Antecipar problemas, encontrar soluções.
E o mais triste é que o Sporting ganhou um campeonato nacional sob o lema “Onde vai um vão todos”, e é na sua cidade onde não vão todos.
Presidente da concelhia do PSD/Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela