Grupo Mota Engil passa de lucro a prejuízo de 20 milhões

Grupo Mota Engil passa de lucro a prejuízo de 20 milhões


A informação enviada à CMVM destaca que para o resultado líquido negativo de 20 milhões “pesou o registo de 30 milhões de euros contabilizados como provisões diretamente relacionadas com o risco de acautelar os efeitos negativos” provocados pela pandemia de covid-19. A este valor acrescem 10 milhões de uma provisão extraordinária. 


 A Mota-Engil fechou 2020 com prejuízos de 20 milhões de euros, o que compara com os lucros de 27 milhões registados no ano anterior. No ano passado, o volume de negócios da construtora caiu 17% para os 2429 milhões de euros, divulgou esta terça-feira ao mercado.

A informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) destaca que para o resultado líquido negativo de 20 milhões “pesou o registo de 30 milhões de euros contabilizados como provisões diretamente relacionadas com o risco de acautelar os efeitos negativos” provocados pela pandemia de covid-19. A este valor acrescem 10 milhões de euros de uma provisão extraordinária. Na mesma nota é ainda referido que o resultado operacional desceu 23% em termos homólogos para 144 milhões de euros em 2020.

A Mota-Engil destaca que a pandemia teve um impacto negativo no EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que se ficou pelos 380 milhões de euros, uma quebra de 9% relativamente a 2019 (417 milhões). Em comunicado enviado às redações, a empresa explica que o impacto da covid-19 foi contabilizado em 360 milhões de euros no volume de negócios e 45 milhões de euros no EBITDA.

Sublinha que a pandemia penalizou os resultados do ano passado, mas diz que, mesmo assim, a carteira de encomendas atingiu um “valor recorde na história do grupo” de 6052 milhões de euros – que não inclui o projeto ganho em janeiro na Nigéria de 1820 milhões de dólares.

Associado ao crescimento da carteira de encomendas “verifica-se o aumento da dimensão média dos contratos celebrados, tendo a Mota-Engil celebrado neste período três dos quatro maiores contratos da sua história de 75 anos como são os casos dos projetos ferroviários de Kano-Maradi (Nigéria) e Tren Maya (México) e a reabilitação da Estrada Accra-Tema (Gana)”, destaca.

A empresa diz ainda que estes contratos conferem “um suporte robusto para a recuperação da atividade e retoma do crescimento a partir de 2021 e nos anos seguintes”.

Relativamente ao desempenho por região, a Mota-Engil sublinha o crescimento de 8% do volume de negócios na Europa (para 1046 milhões de euros), suportado pelo crescimento significativo da atividade na Polónia (+65%), o mercado que teve o maior crescimento em 2020.

Destaca igualmente “o contributo resiliente da operação em Portugal, que manteve a faturação do negócio de construção em linha com 2019, tendo a área de Ambiente sedeada em Portugal apresentado um decréscimo de 4%”.

Em termos consolidados, acrescenta, “a região apresentou uma melhoria do seu EBITDA em 26%, revelando ter sido a região que teve o menor impacto face ao contexto de pandemia vivido durante o ano”.

Em África, região onde se verificaram “constrangimentos logísticos associados à pandemia”, a empresa teve um decréscimo da sua atividade de 24% (para 761 milhões) e uma redução do EBITDA de 11%, “apesar da margem de 25% se encontrar significativamente superior à média histórica da região”, refere a empresa.

A América Latina foi a região onde o grupo teve “o maior impacto na sua atividade motivado pelos lockdowns decretados em diversos mercados, com destaque para o Peru, e por paragens durante o primeiro e segundo semestre no México e Brasil”, o que impactou numa redução do volume de negócios em 37%, penalizando o EBITDA em 28%.

Quanto ao desempenho financeiro, o grupo Mota-Engil registou um nível de investimento (CAPEX) de 197 milhões de euros, a maioria destinada a contratos de médio e longo prazo, “com 93 milhões de euros no segmento de Ambiente (nomeadamente na EGF, com 73 milhões de euros) e mineração em África”.

O investimento alocado para projetos de longo-prazo foi de 31% do total e maioritariamente relacionado com projetos de mineração em África, nomeadamente em Moçambique e na Guiné, adianta.

A informação enviada à CMVM refere que o investimento foi “ajustado em baixa” durante o ano (-25% em termos homólogos) devido à covid-19, que causou alguns atrasos na execução de alguns projetos, e “como medida de mitigação de risco e eficiência na alocação de capital”.

Relativamente à dívida líquida, o valor aumentou 30 milhões de euros para 1243 milhões de euros, “um valor justificado pelo contexto de maior exigência e no qual o grupo foi resiliente, focando a sua atuação na preparação de um novo ciclo de crescimento e de geração de cash-flow operacional”, explica a empresa.