Costa Alentejana. 100 espetáculos de teatro nos próximos dois anos

Costa Alentejana. 100 espetáculos de teatro nos próximos dois anos


Os concelhos de Santiago do Cacém e de Sines, na Costa Alentejana, vão ter uma programação mensal de teatro de companhias nacionais e estrangeiras, no âmbito do projeto Litoral EmCena, que prevê cerca de 100 espetáculos em dois anos.


100 espetáculos, inúmeras exposições, workshops e ainda masterclasses ressuscitarão a cultura adiada aquando da pandemia no Litoral Alentejano.

Através do projeto intermunicipal promovido pela Associação Juvenil Amigos do Gato (AJAGATO) em parceria estratégica com as Câmaras de Santiago do Cacém e de Sines a promessa é a de levar companhias de teatro profissionais de todo o mundo às três cidades do triângulo urbano Sines, Santiago do Cacém e Santo André.

Segundo Mário Primo, diretor da associação e diretor artístico do GATO SA (Grupo Amador de Teatro de Santo André), esta é a primeira vez que a associação recebe “um financiamento digno para fazer um programa de teatro”. A iniciativa avança após ter sido aprovada a candidatura a fundos comunitários no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), que visa promover a valorização dos ativos naturais e histórico-culturais para consolidar a região como destino turístico associado a uma oferta qualificada e ajustada às características ambientais, naturais e patrimoniais, reforçando a sua identidade de território de qualidade.

 O projeto EmCena integra o Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (EEC PROVERE), “Entre a Serra e o Mar”, liderado pela Associação Rota Vicentina e apoiado pelo Programa Operacional Alentejo 2020.

 

A Programação

“A programação foi feita com os mesmos critérios de um festival. Respeitando a experiência adquirida com os 18 anos da Mostra Internacional de Teatro de Santo André, o maior projeto desenvolvido pela AJAGATO”, afirma o diretor artístico.

Os espetáculos incluídos no programa contarão com companhias teatrais de referência em Portugal e além fronteiras e a programação possuirá uma grande variedade de linguagens artísticas e estéticas que têm como principal objetivo o desenvolvimento de fluxos de público para o teatro, bem como a projeção desta região alargada como centro de criação, pesquisa e divulgação teatral: “Não pretendemos fazer uma programação com espetáculos dirigidos a franjas da população. Interessa-nos, pelo menos nesta fase, procurar recuperar os índices de público que tínhamos antes da pandemia e eventualmente, agora que temos alguns meios, procurar alargar os fluxos de público às outras cidades da região”, declara o encenador.

Uma dinâmica recorrente em Santo André que foi afetada pela pandemia da covid-19. “No ano passado ainda fizemos alguns espetáculos em setembro e outubro e as coisas correram muito bem, inclusivamente em outubro tivemos duas salas esgotadas em Santo André em dias seguidos com o mesmo espetáculo, mas depois em novembro com um espetáculo dos Artistas Unidos, de grande qualidade não apareceu quase ninguém, fruto dos resultados que a pandemia ia trazendo e do medo que se apoderou das pessoas”, lembra o diretor da associação.

Para 2021, já estão previstos 50 espetáculos apresentados por 13 companhias de teatro que, a partir do mês de maio, vão passar por Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém e Sines e, algumas, por localidades rurais do interior dos concelhos.

Além dos locais, GATO SA e Teatro do Mar, estão programadas companhias profissionais como A Comuna, A Barraca, Este – Estação Teatral e Artistas Unidos, entre outras. Os palcos da região vão acolher também companhias que se estreiam em Portugal, vindas de França, COLLECTIF 2222; Alemanha, Bodecker & Neander Ca e da Estónia, Giraffe Royal Theatre. “Nas companhias portuguesas procurámos as de referência, sobretudo aquelas com quem já temos relações de longa data, mas quisemos também envolver algumas  companhias da região que, por certo, estão a passar dificuldades”, declara.

Além do teatro em sala e na rua, o projeto contará com exposições, workshops e masterclasses que fazem parte da programação geralmente reservada a grandes salas de espetáculo das maiores cidades do país, com o intuito de não só contribuir para uma descentralização da cultura, mas também combatendo as desigualdades territoriais de acesso a esta.

A aprovação da candidatura representa uma importante alavanca para o desenvolvimento de um projeto cultural com escala, mobilizador de recursos culturais e institucionais endógenos e gerador de atratividade do território do Litoral Alentejo.

 

Sobre a AJAGATO

Legalmente constituída a 11 de março de 1999, a AJAGATO permitiu aprofundar e diversificar a dinâmica teatral desenvolvida desde 1988 pelo GATO SA, com projetos de maior envergadura suportados por uma rede de parceiros e patrocinadores das quais fazem parte o Município de Santiago do Cacém, a Junta de Freguesia de Santo André, a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Fundação INATEL e o tecido empresarial da região.

Além de apoiar e produzir as criações teatrais da companhia, a associação realiza projetos destinados à comunidade em geral, com evidentes reflexos na criação de fluxos de público “genuinamente interessado” pelo teatro que fazem desta região uma referência cultural no sul do país.

Dos vários projetos desenvolvidos pela AJAGATO, a Mostra Internacional de Teatro de Santo André (MITSA) é o mais conhecido e possivelmente o que maior impacto e visibilidade teve, tanto pelo grande sucesso artístico e de público, como também pelo prestígio alcançado junto das companhias portuguesas e projeção internacional. Em 2017, após 18 edições que contaram com a colaboração de 86 companhias e 231 peças de teatro vistas por 62.282 espetadores, a Mostra Internacional de Teatro de Santo André chegou ao fim.