Nos últimos dias, ainda que sem o destaque adequado, vários têm sido os meios de comunicação social que a espaços têm falado no horrendo cenário que por estes dias se vive em Moçambique, concretamente na província moçambicana de Cabo Delgado onde crianças estão a ser brutalmente assassinadas e decapitadas por grupos terroristas pertencentes ao Estado Islâmico.
Os relatos vindos do terreno sucedem-se e num que seria verdadeiramente assustador em qualquer momento e em qualquer lugar do Mundo, mas sobretudo ainda mais assustador para a época em que vivemos, Chance Briggs, diretor da organização Save The Children, revelou sobre um caso concreto que e cita-se: “Infelizmente ele foi decapitado pelos insurgentes. Depois disso a família teve de fugir. Não tinham nada, só tinham a camisa nas costas e nada mais."
Triste, dura e inaceitável realidade que só vem agudizando uma escalada de miséria e violência atroz na região em causa, que a par de uma grave crise humanitária nos seus vários domínios conta já com mais de 670 mil pessoas deslocadas e dois mil mortos.
Aqui chegado devo considerar, com total honestidade, que entendo que ninguém deve retirar proveitos próprios e7ou dividendos políticos de uma realidade tão hedionda como a até aqui descrita. Portanto, no que me diz respeito, sinceramente, não é de todo a minha intenção.
Ainda assim ao assistir aos desenvolvimentos relatados dei comigo a questionar-me que tipo de sociedade é a nossa onde alguns patetas tanto se agigantam face a situações pontuais que nada representam, mas que em contrapartida nada dizem sobre o que realmente importaria que dissessem.
Onde andam as Joacine’s e os Mamadou’s desta vida que tanto enchem a boca quando morre um preto nos Estados Unidos da América, mas nada dizem quando estão a morrer milhares de pessoas e crianças pretas em Moçambique? (Sim eu escrevi pretas. Para mi há pessoas pretas e brancas. Não negras e albinas).
– Será que para todos eles a vida de um preto só tem valor quando é ceifada por um branco?
– Se for um branco a matar outro branco ou um preto a matar outro preto já não é grave?
– Por que motivo as Joacine’s e os Mamadou’s desta vida tanto criticam Portugal por pseudo fantasias que só existem nas suas torpes mentes, mas já não se preocupam com questões como esta, realmente importantes?
– Entenderão, para este efeito, que não é racismo?
– Será que para si racismo é apenas aquilo que não sendo, lhes pode ainda assim dar palco mediático?
– Quanto ao racismo, o verdadeiro, estruturalmente inexistente em Portugal, já não lhes – interessa falar?
Todas estas questões são legítimas e pertinentes, demonstrando claramente que os sujeitos a que me dirijo bem como todos os demais que consigo acompanham são na verdade meros surfistas da espuma dos dias. Falam no racismo, o estruturalmente inexistente, porque dele precisam para viver.
É, em minha opinião, o seu nicho de mercado, metaforicamente falando, e como tal não lhes interessa combatê-lo, mas antes empolá-lo. Face ao que realmente interessa não lhes sinto, ouço ou vejo nenhuma preocupação.
Rodrigo Alves Taxa