Agência Europeia do Medicamento reafirma confiança de que benefícios da vacina AstraZeneca superam os riscos

Agência Europeia do Medicamento reafirma confiança de que benefícios da vacina AstraZeneca superam os riscos


Investigação a casos de trombose e embolias entre vacinados prossegue e resultados serão apresentados na quinta-feira. Diretora da EMA afirmou no entanto estar “fortemente convencida” de que benefícios da vacina superam os riscos


A Agência Europeia do Medicamento (EMA na sigla inglesa) reafirmou esta terça-feira que não há evidências de que a vacina da AstraZeneca seja a causa de maior incidência de coágulos sanguíneos e eventos tromboembólicos. Numa conferência de imprensa ao início desta tarde, a diretora da autoridade europeia do medicamento remeteu para quinta-feira uma posição do comité da EMA que investiga a segurança dos medicamentos mas disse estar "fortemente convicta" de que os benefícios da vacina compensam os riscos e que esta posição se mantém. 

Questionada diretamente sobre se os países devem retomar a vacinação, Emer Cooke reiterou que a ideia de que os benefícios da vacina compensam do risco foi a comunicada na semana passada e que agora se mantém, não fazendo nenhuma recomendação em concreto. A questão foi colocada várias vezes e de diferentes formas. Sem tecer críticas aos países, Emer Cooke respondeu que o trabalho do organismo é avaliar se os benefícios dos medicamentos compensam os riscos, dizendo que a leitura que faz das decisões dos estados membros é que estão a aguardar a posição do organismo.  

A Agência Europeia do Medicamento não descarta que, em caso de necessidade, possam ser incluídos na bula da vacina novas alertas sobre um possível efeito adverso associado à vacinação. Emer Cooke sublinhou que não parece haver uma ligação a lotes em específico, não excluindo no entanto que haja algum problema no fabrico. 

 "A confiança é fundamental", disse Emer Cooke, sublinhando que por esse motivo está a haver uma avaliação de todos os casos reportados. Uma avaliação que é por um lado "estatística", no sentido de perceber se casos de tromboembolismo estão a ser mais ou menos frequentes entre os vacinados do que é expectável na população e, por outro, específica, atendendo às características particulares desses eventos tromboembólicos. Questionada sobre se a EMA foi informada pelos estados membros antes de optarem por suspenderem a vacina, a responsável disse que este foi um "processo dinâmico" e que foi sendo partilhada informação com os diferentes países.

Por agora, a EMA insiste que os casos reportados de tromboembolismo entre os europeus vacinados são inferiores ao que seria expectável  na população em geral, especificando que a investigação se está a focar em embolias graves e raras que foram reportadas e que visa perceber se é plausível que sejam causadas pela vacina e se existe algum perfil de risco.

Questionada pelos jornalistas sobre quantos casos são ao todo, Emer Cooke não forneceu dados atualizados sobre quantos eventos tromboembólicos foram reportados até ao momento à EMA, dando nota que até 10 de março tinham sido reportados 30 casos entre os 5 milhões de europeus vacinados na UE. "É muito difícil dar-vos números porque evoluem à medida que falamos", disse, salientando que quando se chama a atenção para um tema é expectável que aumentem as notificações. "Se houver uma relação causal ou algum perfil associado, poderemos ter uma oportunidade de reduzir esse risco, mas são ainda muitos 'ses' e teremos de esperar pela reunião de quinta-feira", disse Peter Arlett, responsável pelo departamento de farmacovigilância da EMA.

A conferência terminou com Emer Cooker a rejeitar quaisquer pressões na avaliação da vacina. "Quero fique claro que a nossa investigação é guiada por ciência e independência e nada mais".