As audições da comissão de inquérito ao Novo Banco já arrancaram e o tiro de partida foi dado pelo antigo presidente do conselho de auditoria do Banco de Portugal (BdP), João Costa Pinto, que também foi autor do polémico relatório secreto sobre a atuação do regulador na queda do BES. No Parlamento não poupou críticas à atuação dos reguladores – BdP e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – ao Governo de Pedro Passos Coelho e de António Costa por causa do BES e ao Novo Banco por entender que as vendas foram «desastrosas».
Costa Pinto criticou a solução de misturar coisas «boas e más», considerando que «há perdas que poderiam ter sido evitadas». «Quando se avança para um fire sale, vendas apressadas, tudo muda. As perdas de valor são imediatas. Quando se decide agregar em pacote créditos em que se misturam alhos e bugalhos, coisas boas e más, é receita para o desastre. Quando se recorre a fundos que querem ganhar por ano 15 a 20%, o que implica desvalorizações dos ativos que não podem ser inferiores a 50%. Quando tudo isso acontece não podia haver senão perdas substanciais», referiu.
Um fórmula usada por todos os bancos
A verdade é que esta fórmula tem sido seguida nos últimos anos por vários bancos não só em Portugal como no estrangeiro. O Nascer do SOL sabe que, em 2018 e 2019, foram realizadas em Portugal 33 operações de venda de ativos em pacote entre NPL e imóveis a fundos internacionais, em que o valor nominal destas operações atingiu 14 mil milhões de euros.